Parece
incrível, mas tudo indica que a ex-presidente da República afastada do Palácio
do Planalto por crime de responsabilidade, à vista das “pedaladas” fiscais, ou
mais popularmente rombos nas contas públicas, está de volta às lides
eleitorais, na tentativa de testar a capacidade e a paciência não somente dos mineiros,
mas também dos brasileiros, por ter decidido se candidatar a uma vaga ao Senado
Federal, pelo seu estado natal, as Minas Gerais.
É
inacreditável que o seu repentino e surpreendente reaparecimento no cenário
político já indique que ela desponta como candidata ao Senado com reais
potencialidades e chances de ser escolhida pelos eleitores mineiros, posto que
as pesquisas de intenção de voto revelam que ela está, pasmem, na dianteira dos
demais pré-candidatos ao cargo senatorial, sob o slogan, batizada que fora, de novamente,
como “mãe dos pobres”.
Diante
da inusitada preferência manifestada pelos conterrâneos, é até bem provável que
ela se lance candidata ao governo do Estado, porquanto ainda não foi batido o
martelo sobre a melhor estratégia eleitoral que ela teria condições de se
sagrar vencedora, se ao cargo de senadora ou de governadora, a depender dos
caciques do partido.
De
qualquer forma, as lideranças petistas enxergam que a candidatura da
ex-presidente é um “ás” na manga muito forte, que poderá ser usado para
alavancar a posição do partido naquele Estado.
Não
há a menor dúvida de que é muito difícil compreender a incrível patologia dos
brasileiros, de ignorar por completo, sabe-se lá por qual motivo, as lições e
os erros do passado recente, a exemplo do legado da ex-presidente que foi
defenestrada da Presidência da República justamente não somente por ter
descumprido regra essencial da administração orçamentária e financeira, mas
especialmente por ter seu governo atingido nível inusitado de descrédito e
desconfiança da população, diante das terríveis mazelas consistentes em má
administração que resultaram em forte recessão econômica, desemprego, taxas de
juros altíssimas, inflação acima da meta, desindustrialização, baixa arrecadação,
falta de investimentos em obras públicas, péssima prestação dos serviços
públicos, entre tantas outras precariedades incompatíveis com a razoável gestão
dos recursos públicos.
Agora,
o fato pior e lastimável é que os mineiros demonstram menosprezo histórico
visivelmente terrível e impróprio para o político, ao insistirem na recolocação
na ativa, em cargo público eletivo da mais relevante posição da República, como
que passando esponja em passado tenebroso e de desastrosa contribuição para o
Brasil, na vã esperança de que essa cidadã possa ter algo em defesa dos
brasileiros, quando as experiências recentes não garantem senão estrondosa
decepção.
No
passado não muito distante, o país Brasil foi obrigado a experimentar situações
de aprendizagem que deixaram como legado verdadeiras bagunça e esculhambação na
administração do país, tendo, como consequência, altíssimo ônus a pagar, a
exemplo do que foi cognominado como o célebre poste do maior líder petista, que
é também lembrada pelas anedotas e por lições nada modelares, como as
“célebres” frases em referência à estocagem
de vento, saudação à mandioca, respeito ao ET de Varginha, entre outros
tropeços linguísticos do tipo “mulheres sapiens”, além de ter sido a presidente
que conseguiu, literalmente, conduzir o país ao píncaro da bancarrota,
principalmente com relação aos princípios econômicos, posto que todos os
indicadores fugiram do seu controle e os resultados foram os piores possíveis e
imagináveis.
Diante
do resultado da avaliação de desempenho como gestora de recursos públicos, sua
pretensão de retornar à vida pública não passa de verdadeira aberração
política, visto que seus predicativos não encontram o menor respaldo, à luz do
bom senso e da razoabilidade, tendo em vista, em especial, a premência sobre a
necessidade de melhora na qualidade dos representantes do povo, como forma de
oferecer algo em benefício da defesa da população e isso certamente a
ex-presidente já demonstrou sobejamente que não pode oferecer, ante o seu
histórico como sofrível administradora da nação, tanto que o seu afastamento do
Palácio do Planalto apenas confirma essa lastimável e indiscutível assertiva.
O
certo é que o variado e gigantesco leque de motivos sinalizam que não passa de
grosseira aberração o retorno da petista à atividade política, visto que o país,
há pouco tempo, já teve a péssima experiência administrativa, por ter colocado a
economia exatamente no abismo e sem a menor perspectiva, por ter sido
responsável, no seu governo, pela devastadora recessão de todos os tempos, além
de que foi na sua gestão que os saqueadores dos cofres públicos protagonizaram a
farra por meio da roubalheira na Petrobras, tendo conseguido quebrar a estatal
de ouro, com a ladroagem monstruosa e impiedosa, fatos que se recomendam que
essa cidadã jamais sequer cogitasse, em hipótese alguma, retornar à cena
política, porque isso é apenas verdadeiro retrocesso das atividades
político-administrativas e contribuição ao penoso deslustre do poder, que já
perdeu o brilho há muito tempo.
Ademais,
vista a questão ainda sob o prisma da legalidade, a candidatura da petista
ainda precisa atravessar e até superar o ranço que não pode ser esquecido, por
que remanescido do seu impeachment, quando o texto constitucional enfatiza o atrelamento
desse ato à perda dos direitos políticos, por oito ano, que não poderia ter
sido menosprezado por simples declaração da comissão especial incumbida desse
mister, senão por emenda constitucional, daí a ilegitimidade do ato questionado.
É
consabido que consta na Carta Magna, letra seguida por letra, a descrição do
crime e da respectiva pena decorrente da cassação, mas o presidente da comissão
de impeachment, de forma mais absurda e estapafúrdia, houve por bem construir
inusitada gambiarra jurídica, no sentido de a aprovação da perda do cargo presidencial
sem a devida inabilitação política, contrariando visceralmente a prescrição
constitucional, o que não passa de cristalina aberração jurídica, permitindo
que a presidente deposta ficasse, mesmo de forma ilegítima, apta a participar normalmente
de disputas eleitorais, em que pese o clamor de diversos juristas denunciando a
necessidade da impugnação dessa monstruosidade jurídica.
Não
há a menor dúvida de que, nas circunstâncias, o ressurgimento da ex-presidente
petista, como candidata ao Senado, demonstra, na prática, equívoco e deformação
política, além de forçação de barra, enormes dificuldades e desânimos por parte
do eleitor para encontrar e direcionar para seus lídimos representantes
políticos as lideranças naturais, porque elas realmente são inexistentes, na
atualidade, por não ter havido a necessária renovação da classe política, ficando
preso a essa cruel realidade de se voltar para pessoas indiscutivelmente sem as
melhores condições e qualidades exigidas para o desempenho de funções políticas,
em especial os cargos da maior relevância.
À
toda evidência, os mineiros sabem melhor do que ninguém que as experiências têm
o condão de contribuir não somente para não repetir os mesmos ou piores erros
como para as imprescindíveis mudanças de rumo, como forma de se buscar melhores
resultados em benefício da população.
Diante
do exposto, não há a menor dúvida de que existem vastíssimos motivos e
justificativas, à vista do histórico político e principalmente do legado
administrativo, de que a candidatura da presidente do país afastada do cargo
por crime de responsabilidade, com base em procedimento legitimado pelo Poder
Judiciário, por não ter acolhido nenhum recurso por parte dela, contrário ao
impeachment, representa a síntese da excrescência política, que exige dos
eleitores mineiros o indispensável repúdio nas urnas, não permitindo que essa
monstruosidade político-eleitoral se torne mais um transtorno para os
brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 14 de julho de 2018
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