sábado, 11 de julho de 2020

Em defesa da terra natal


A minha crônica intitulada “O festejamento da irracionalidade” versa sobre o lamento à participação em festejos protagonizados por apoiadores de político de Uiraúna, Paraíba, que se envolveu em caso de corrupção com dinheiro público, cuja comemoração foi realizada em face da notícia sobre a soltura dele, mediante o pagamento de fiança e não por ter provado a sua inocência.
Diante disso, o ilustre vereador daquela cidade, o senhor Ciro Figueiredo escreveu mensagem em apoio ao meu texto, dizendo o seguinte: “suas palavras nos emociona, bem colocadas, com boas lembranças, muito obrigado meu amigo, ler tudo isso nos dá coragem de continuar lutando por dias melhores em nossa terrinha”.
Em resposta à mensagem de estímulo ao meu trabalho literário, eu digo ao nobre vereador Ciro Figueiredo que agradeço o seu apoio ao meu texto, que certamente teve a inspiração das pessoas de bem e honradas, que desejam o melhor para a nossa querida e amada Uiraúna, que não mereceu o duro golpe de ter ficado conhecida por insensato ato que desabonou a dignidade do principal representante do povo da cidade, que sempre o elege na esperança de que ele seja fiel aos princípios da ética e da moralidade, na aplicação do dinheiro público e na gestão pública, de modo geral.
Na verdade, o comportamento desses defensores de político que ofende grosseiramente os princípios da dignidade e da moralidade públicas somente merece piedade, tendo em conta que eles simplesmente exprimiram o sentimento inverso que as pessoas sensatas e normais fariam de não aceitação do que é visível e indiscutivelmente errado e o que é incorreto apenas merece rejeição, censura e desaprovação, em harmonia com a formação moral própria de civilização cônscia da sua responsabilidade de cidadania que valoriza a sua dignidade e a defende como princípio.  
De igual modo, entendo que Uiraúna também não merece essa geração de pessoas visivelmente irresponsáveis, que não se envergonharam de comemorar, a todo vapor da expressão, ao fazerem uso de carro de som, foguetório e gritaria, a mera soltura de pessoa que se meteu na lama pútrida do submundo da corrupção, como se o homenageado fosse o herói da cidade, mas sim o contrário disso, o que bem demonstra o sentimento muito ínfimo sobre os comezinhos conceitos de honorabilidade que precisam prevalecer na gestão da coisa pública.
No caso, parece que seria importante que o líder-mor, no alto da sua inteligência política, se dignasse a esclarecer seus fanáticos seguidores, em especial aqueles que participaram dos ruidosos, ridículos e incômodos festejos, em ofensa aos cidadãos honrados de Uiraúna, porque certamente eles ainda não tenham entendimento sobre a exata gravidade de se ofender os cofres públicos e o real sentido de que ele foi preso por causa merecida e justa, à luz da legislação penal, à vista dos fatos investigados
A compreensão que se tem sobre o ocorrido é que o fato em si é motivo mais do que suficiente para a população que o apoia ou não se sentir extremamente sensibilizada, no sentido de ter havido ferimento profundo na sua consciência cívica, por se tratar de ato absolutamente abominável, inaceitável e ainda somente servir de objeto de repúdio, rejeição, e jamais de veneração, acolhimento e muito menos de aplausos, como se isso pudesse ser enaltecido como algo meritório e modelar à sociedade.
Agindo exatamente assim, o líder político, na verdade, não chegaria a se redimir da sua atitude impensada e inadmissível, no âmbito do gestor público de verdade, mas ele já mostraria a verdade sobre os fatos aos seus seguidores e o reconhecimento de que se arrepende do que fez de errado e ainda indicaria às pessoas a verdadeira postura de homem público.
A verdade é que o homem público precisa ter consciência sobre o devido respeito à causa pública, ao sentimento de probidade e à correção dos atos administrativos, em harmonia, principalmente, com a seriedade que a sociedade precisa ter em relação aos líderes políticos, no sentido de somente os apoiar quando eles realmente merecerem, em face da sua postura sempre retilínea na preservação dos valores republicanos, procurando, de igual modo, os condenar, como é o caso em comento, quando eles se desviarem dos princípios da boa conduta de moralidade.
Finalmente, preciso esclarecer que não sou o dono da verdade nem tenciono querer mudar o pensamento de ninguém sobre o que entende sobre a vida, porque todos são livres, autônomos e responsáveis por seus atos, mas penso que tenho direito, como todo cidadão político e público por natureza, de me expressar livremente sobre os fatos da vida e também de dizer, em alto e bom som, que gostaria muito que meus conterrâneos tenham, no coração, o desejo de que somente prosperem coisas boas em Uiraúna, que imagino não merecer nada diferente disso e ninguém melhor do que seus filhos para lutarem bravamente pela grandeza da sua terra natal.
          Brasília, em 11 de julho de 2020

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