quarta-feira, 8 de julho de 2020

Por que não o amor?



Vem circulando nas redes sociais a imagem de uma pessoa com a indicativa de ser médica, que teve a infelicidade de produzir texto atribuído a ela, desejando a morte do presidente da República, com esse teor, verbis: “Estou torcendo pro covid, vamos lá, mostre seu potencial Sars cov 2! Não me decepcione!!! Mostre sua gripezinha pra ele, vou amar ver esse cara intubado, vai ser a minha glória, tantos colegas se foram honrando seu trabalho, quero ver o covid honrando sua gripezinha maldita. Bozo não se preocupe, é uma doença de comunista. Homem mostre para o macho que vc é, todo mundo vai morrer um dia, né??? Força covid19!!! (sic)”, Rozeli De Medeiros Poloni
Muito dificilmente a pessoa com formação superior escreveria com tantos erros como constam do texto acima, salvo no anonimato, para não ser identificada, e também não parece que a sua autoria tenha sido de ser humano, à vista do mais claro sentimento animalizado, sem a menor possibilidade de ser interpretado como proveniente de pessoa normal, diante do ardente desejo de muita perversidade contra o ser humano.  
A verdade é que qualquer cidadão brasileiro tem direito a se expressar livremente sobre o que pensar e entender, no âmbito do Estado Democrático de Direito, sob o primado do livre exercício da cidadania, em respeito aos princípios balizadores das boas relações sociais.
Agora, esse direito não fica bem em ser usado livremente para as pessoas se expressarem de maneira maldosa, desumana, em pura demonstração de ódio, rancor e perversidade, a evidenciar completo sentimento animalesco e irracional, à vista dos princípios humanitários de tolerância, compreensão, sensibilidade, racionalidade e tantos outros que fazem com as pessoas, por mais com educação possível ou até mesmo sem formação intelectual alguma, se transformem em ente tão insignificante no convívio social.
Em sentido de racionalidade, é precisa que exista, nas relações humanas, o pressuposto do respeito mútuo, mesmo que goste ou não das pessoas, porque isso é natural que ninguém tem obrigação de aceitar o que não lhe convém, mas nem por isso haja o desrespeito gracioso à dignidade do ser humano, que significa maneira imprópria de educação e valorização inerente ao seu semelhante.
É evidente que ninguém pode fazer juízo de valor sobre a índole que diz com a ideológica das pessoas, mas tem sido normal que os opositores se odeiem e se digladiem fervorosamente, na compreensão de que isso precisa ficar apenas no cenário das ideias políticas, filosóficas, religiosas etc., porquanto não tem o menor cabimento que esse ódio se transforme em morbidez psicológica, pecaminosa e destrutiva, no sentido de se potencializar o desejo de maldade extrema para o próximo.
Essa maneira de comportamento não é normal nem pode fazer parte das pessoas normais, notadamente no caso daquelas com formação intelectual superior, que podem muito bem usar o seu cabedal de conhecimentos aprimorados em benefício do engrandecimento da sociedade, porque assim procedendo certamente tudo de bom e salutar acontece naturalmente também em seu benefício, em forma do sentido bumerangue.
Custa acreditar que pessoa normal tenha pensamento tão maligno, a ponto de desejar maldade extrema ao seu semelhante, não importando o que este tenha feito de mal ou possa ser como ente vil da sociedade, porque o papel de cada qual é se amar e ser feliz, a par de desejar que o seu próximo também possa se amar e ser feliz.
A perda da vida é pesarosa demais e não respeita, na mesma intensidade, o poder, a autoridade ou as pessoas normais com valor ou sem, porque o que está em jogo é o sentimento infinito do amor humano, pela perda de ente querido.
Nesse contexto, convém que seja respeitada a imensa dor das pessoas, em razão da perda de ente da sua intimidade familiar ou de amizade, porque isso faz parte do sentimento de cristandade de amor ao próximo.
Talvez penando assim e diante da repercussão extremamente negativa desse pensamento maligno, essa criatura possa se encontrar com as graças divinas, para refletir melhor sobre a grandeza do amor entre os seres humanos, de aceitação, compreensão e tolerância, em respeito mútuo, mesmo que haja divergência por qualquer motivo, inclusive ideológico, diante da diversidade do pensamento humano.
 Lanço meu olhar para o infinito, na esperança de que essa criatura tenha a ventura de se encontrar com Deus e possa abraçar a paz e o amor para tranquilizar o seu coração atormentado, amargurado e cheio de ódio e desamor, para o fim de vislumbrar o quanto faz bem amar o seu próximo, inclusive somente por meio de pensamento construtivo seja capaz de contribuir para a pacificação e a disseminação do amor nas relações entre as pessoas.
          Brasília, em 8 de julho de 2020 

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