Diante da minha crônica em defesa
do hospital de verdade para Uiraúna, Paraíba, a senhora Maria do Socorro
lamenta que os ilustres vereadores dessa cidade não tenham assinado o projeto
pertinente, porque “Damos graças a Deus o nosso hospital sair de qualquer forma
(...)”.
Prezada senhora Maria do Socorro,
com todo respeito ao seu entendimento em apoio ao projeto cogitado pelo
prefeito acerca da construção do hospital para a cidade, que, sem a menor
dúvida, merece sim os efusivos aplausos do povo de Uiraúna, inclusive do meu
que posso nem precisar ser atendido nele, porque é obrigação do poder público,
na forma da Constituição Federal, a prestação dos serviços de saúde pública de
qualidade.
Ou seja, trata-se de medida
extremamente prioritária para a população de Uiraúna, que até já se cansou de
mendigar diante dos hospitais de Souza e Cajazeiras e de outras localidades,
conforme a gravidade da necessidade.
Todo esse estado de precariedade
e penúria da saúde pública da cidade é realidade indiscutível, que salta aos
olhos dos uiraunenses, e, em razão disso, o poder público precisa sim resolver
essa gravíssima questão, com urgência e em nível de prioridade, porque já
passou do tempo de Uiraúna ter hospital decente para o confortável e o cômodo
atendimento de seus pacientes, principalmente tendo em conta que a cidade é
berço de muitos, bons e dedicados médicos, que, certamente, gostariam muito de,
em prova de amor à terra natal, prestar importantes serviços aos seus
conterrâneos.
Tudo isso, minha senhora Maria do
Socorro, é fato que dói muito, ao se saber que a terra dos médicos não dispõe
de hospital e que seu povo vive de favores de outros hospitais, já superlotados
com os próprios pacientes, com limitações próprias do atendimento normal,
devido à inevitável demanda da procura médico-hospitalar.
Agora, de repente, o poder público
apresenta projeto para a construção de hospital, evidentemente com as melhores
das intenções do gestor público, na tentativa de suprir as carências no setor
público e isso, repete-se, é muito louvável, em todos os sentidos.
Só que existe, a bem da verdade,
enorme inconsistência fundamental entre a realidade o projeto em si, que se
baseia em duas deficiências essenciais, que são a reduzidíssima possibilidade
de especialização das áreas médicas, leitos e equipamentos apropriados e, em
especial, a visível insuficiência dos recursos pertinentes.
A indicação dos valores foi de
tão pouca monta que se pode sim ter a certeza do começo da obra, mas, mesmo
assim, em condições temerárias quanto à sua continuidade, exatamente pela falta
da indicação dos recursos necessários à sua conclusão, no menor tempo possível,
em se tratando de obra prioritária que exige a indicação ou a alocação dos
recursos totais reservados para ela, para que não haja solução de continuidade.
Ou seja, para que não seja mais
uma daquelas obras que começaram com bastante alarde, publicidade e destaque
por parte de determinada gestão e que, por força do destino, na próxima eleição
municipal, o prefeito eleito entenda que o hospital do seu projeto político não
é aquele projetado por seu antecessor, por ter o entendimento segundo o qual a
população de Uiraúna merece unidade de saúde digna da cidade, que possa atender
plenamente senão todas as especialidades médicas, mas, pelo menos, a maioria e
as principais, de modo a proporcionar a tão sonhada tranquilidade ao povo de
Uiraúna, que realmente bem merece ter atendimento médico-hospitalar digno e de
qualidade satisfatória, mas essa possibilidade pode ser tolhida com a
construção do hospital ora proposto, que realmente não é aquele que a maioria da
população deseja para a cidade.
Em absoluto, não se pode querer
contrariar o seu legítimo contentamento, prezada conterrânea Maria do Socorro,
com tão pouco e em condições que não oferecem a mínima garantia que essa
unidade de saúde cogitada agora oferece, que, a princípio, não passa de
arremedo ou, por assim dizer, verdadeira meia-sola, guardas as devidas
proporções, tendo a pretensão de garantir saúde pública ao povo de Uiraúna, e
ainda sem a certeza de ser concluída de maneira satisfatória.
O certo mesmo, em termos de
seriedade, competência e responsabilidade públicas, é o poder público de
Uiraúna ter a iniciativa racional de elaborar projetos próprios de hospital
digno à altura da população local, com capacidade razoável para o pronto
atendimento das principais especialidades médicas, inclusive maternidade,
composta por, no mínimo, 50 leitos e UTIs compatíveis às necessidades, e ainda
com a integração dos equipamentos essenciais aos exames de radiografia,
tomografia, laboratorial e outros indispensáveis ao imediato e preciso
diagnóstico, além de oferecer condições para pequenas cirurgias, permitindo que
os clientes da cidade sejam atendidos confortavelmente em casa, o que talvez
não seja o caso do projeto em questão, diante de suas limitações.
Assim, em poder dos projetos
pertinentes ao hospital de verdade, o prefeito, depois de preparar
justificativas convincentes, que, nas circunstâncias, nem são tão difíceis, se
dirija ao ministério incumbido de liberar recursos para a construção de
hospitais, como o da Saúde, das Cidades ou o que for da área pertinente,
mostrando a premência de hospital para a cidade, de modo a persistir
concomitantemente junto à bancada parlamentar da Paraíba no Congresso Nacional,
para que deputados e senadores abneguem verbas parlamentares para a referida
obra e isso, certamente, não será nada difícil, porque já faz parte do métier
deles.
Agora, se não houver
possibilidade, que não é o caso, de iniciativa com pensamento nesse sentido, na
tentativa de se construir o hospital de verdade, em forma da representatividade
de gente digna da prestação dos serviços de saúde pública de qualidade,
termina-se concordando com a senhora, dona Maria do Socorro, no sentido que,
verbis: “Damos graças a Deus o nosso hospital sair de qualquer forma os
vereadores quer São salgados em não ter assinado o projeto. que nosso prefeito
colocou na bancada de cada um”.
Na verdade, isso seria enorme
pena, diante de haver possibilidade de se conseguir algo bem melhor para o povo
de Uiraúna, que não pode mais se conformar com meras medidas paliativas, porque
isso é inadmissível, na atualidade, quando se pode e deve brigar pela plena
satisfação das suas necessidade primárias, como a prestação da saúde pública
nas melhores condições possíveis.
Aproveito o ensejo, neste momento
tão importante que se discute a construção de hospital para a cidade, que os
potenciais candidatos à prefeitura de Uiraúna se dignem a se manifestar sobre a
sua concordância ou não com o projeto de iniciativa do prefeito, que, se
aprovado pela colenda Câmara de Vereadores, seria mais difícil, depois,
discordar dele, diante do possível adiantado das obras.
Essa manifestação agora dos
candidatos a prefeito tem toda pertinência, porque é possível que o hospital
que pode constar do seu plano de governo talvez tenha outras projeções de
estruturas mais condizentes com o atendimento ampliado, completo e definitivo,
sendo custeado por quem realmente de direito, que precisa ser pelo Orçamento da
União, diante da garantia da conclusão das obras, da aquisição dos equipamentos
necessários e, enfim, da manutenção do funcionamento da unidade de saúde, com
base na Constituição Federal, de forma satisfatória para a comunidade
uiraunense.
É muito importante que os
candidatos a prefeito digam, agora, aos eleitores sobre o seu pensamento acerca
do projeto do prefeito e antecipe o seu plano para a área de saúde, de modo que
isso possa contribuir para a aprovação ou não dessa proposta, já que ela é
exatamente aquela que o candidato à reeleição vai executar, caso seja
vitorioso, fato este que se permite, democraticamente, que os demais candidatos
também já possam apresentar as suas metas para a área de saúde.
Ainda como forma de opção
democrática, as entidades da sociedade, o povo ou quem ou interessar poderiam
consultar a população, de forma plebiscitária, qual seria o hospital ideal para
Uiraúna: aquele previsto no projeto do prefeito ou outro nas condições como
indicado neste texto, por exemplo, ou, ainda, outro da preferência de quem
entende da matéria.
A propósito, é preciso sublinhar
o oportuno lamento, com veemência, que a população de Uiraúna não gosta de se
manifestar, como é preciso, nestes momentos tão importantes sobre os assuntos
que envolvem os seus interesses, como neste caso do hospital, em que é certo que
a construção de obras públicas precisa sim do aval da sociedade, que paga
impostos e tem direito de opinar, de maneira decisiva, quanto aos projetos a
serem executados pelo poder público, que precisa também ser em conformidade com
o pensamento da comunidade, na linha do que assim procede a sociedade evoluída
e cônscia da sua responsabilidade cívica e cidadã.
Brasília, em 12 de julho de 2020
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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