domingo, 12 de julho de 2020

Precisa ser hospital!



Diante da minha crônica em defesa do hospital de verdade para Uiraúna, Paraíba, a senhora Maria do Socorro lamenta que os ilustres vereadores dessa cidade não tenham assinado o projeto pertinente, porque “Damos graças a Deus o nosso hospital sair de qualquer forma (...)”.
Prezada senhora Maria do Socorro, com todo respeito ao seu entendimento em apoio ao projeto cogitado pelo prefeito acerca da construção do hospital para a cidade, que, sem a menor dúvida, merece sim os efusivos aplausos do povo de Uiraúna, inclusive do meu que posso nem precisar ser atendido nele, porque é obrigação do poder público, na forma da Constituição Federal, a prestação dos serviços de saúde pública de qualidade.
Ou seja, trata-se de medida extremamente prioritária para a população de Uiraúna, que até já se cansou de mendigar diante dos hospitais de Souza e Cajazeiras e de outras localidades, conforme a gravidade da necessidade.
Todo esse estado de precariedade e penúria da saúde pública da cidade é realidade indiscutível, que salta aos olhos dos uiraunenses, e, em razão disso, o poder público precisa sim resolver essa gravíssima questão, com urgência e em nível de prioridade, porque já passou do tempo de Uiraúna ter hospital decente para o confortável e o cômodo atendimento de seus pacientes, principalmente tendo em conta que a cidade é berço de muitos, bons e dedicados médicos, que, certamente, gostariam muito de, em prova de amor à terra natal, prestar importantes serviços aos seus conterrâneos.
Tudo isso, minha senhora Maria do Socorro, é fato que dói muito, ao se saber que a terra dos médicos não dispõe de hospital e que seu povo vive de favores de outros hospitais, já superlotados com os próprios pacientes, com limitações próprias do atendimento normal, devido à inevitável demanda da procura médico-hospitalar.
Agora, de repente, o poder público apresenta projeto para a construção de hospital, evidentemente com as melhores das intenções do gestor público, na tentativa de suprir as carências no setor público e isso, repete-se, é muito louvável, em todos os sentidos.
Só que existe, a bem da verdade, enorme inconsistência fundamental entre a realidade o projeto em si, que se baseia em duas deficiências essenciais, que são a reduzidíssima possibilidade de especialização das áreas médicas, leitos e equipamentos apropriados e, em especial, a visível insuficiência dos recursos pertinentes.
A indicação dos valores foi de tão pouca monta que se pode sim ter a certeza do começo da obra, mas, mesmo assim, em condições temerárias quanto à sua continuidade, exatamente pela falta da indicação dos recursos necessários à sua conclusão, no menor tempo possível, em se tratando de obra prioritária que exige a indicação ou a alocação dos recursos totais reservados para ela, para que não haja solução de continuidade.
Ou seja, para que não seja mais uma daquelas obras que começaram com bastante alarde, publicidade e destaque por parte de determinada gestão e que, por força do destino, na próxima eleição municipal, o prefeito eleito entenda que o hospital do seu projeto político não é aquele projetado por seu antecessor, por ter o entendimento segundo o qual a população de Uiraúna merece unidade de saúde digna da cidade, que possa atender plenamente senão todas as especialidades médicas, mas, pelo menos, a maioria e as principais, de modo a proporcionar a tão sonhada tranquilidade ao povo de Uiraúna, que realmente bem merece ter atendimento médico-hospitalar digno e de qualidade satisfatória, mas essa possibilidade pode ser tolhida com a construção do hospital ora proposto, que realmente não é aquele que a maioria da população deseja para a cidade.
Em absoluto, não se pode querer contrariar o seu legítimo contentamento, prezada conterrânea Maria do Socorro, com tão pouco e em condições que não oferecem a mínima garantia que essa unidade de saúde cogitada agora oferece, que, a princípio, não passa de arremedo ou, por assim dizer, verdadeira meia-sola, guardas as devidas proporções, tendo a pretensão de garantir saúde pública ao povo de Uiraúna, e ainda sem a certeza de ser concluída de maneira satisfatória.
O certo mesmo, em termos de seriedade, competência e responsabilidade públicas, é o poder público de Uiraúna ter a iniciativa racional de elaborar projetos próprios de hospital digno à altura da população local, com capacidade razoável para o pronto atendimento das principais especialidades médicas, inclusive maternidade, composta por, no mínimo, 50 leitos e UTIs compatíveis às necessidades, e ainda com a integração dos equipamentos essenciais aos exames de radiografia, tomografia, laboratorial e outros indispensáveis ao imediato e preciso diagnóstico, além de oferecer condições para pequenas cirurgias, permitindo que os clientes da cidade sejam atendidos confortavelmente em casa, o que talvez não seja o caso do projeto em questão, diante de suas limitações.
Assim, em poder dos projetos pertinentes ao hospital de verdade, o prefeito, depois de preparar justificativas convincentes, que, nas circunstâncias, nem são tão difíceis, se dirija ao ministério incumbido de liberar recursos para a construção de hospitais, como o da Saúde, das Cidades ou o que for da área pertinente, mostrando a premência de hospital para a cidade, de modo a persistir concomitantemente junto à bancada parlamentar da Paraíba no Congresso Nacional, para que deputados e senadores abneguem verbas parlamentares para a referida obra e isso, certamente, não será nada difícil, porque já faz parte do métier deles.
Agora, se não houver possibilidade, que não é o caso, de iniciativa com pensamento nesse sentido, na tentativa de se construir o hospital de verdade, em forma da representatividade de gente digna da prestação dos serviços de saúde pública de qualidade, termina-se concordando com a senhora, dona Maria do Socorro, no sentido que, verbis: “Damos graças a Deus o nosso hospital sair de qualquer forma os vereadores quer São salgados em não ter assinado o projeto. que nosso prefeito colocou na bancada de cada um”.
Na verdade, isso seria enorme pena, diante de haver possibilidade de se conseguir algo bem melhor para o povo de Uiraúna, que não pode mais se conformar com meras medidas paliativas, porque isso é inadmissível, na atualidade, quando se pode e deve brigar pela plena satisfação das suas necessidade primárias, como a prestação da saúde pública nas melhores condições possíveis.
Aproveito o ensejo, neste momento tão importante que se discute a construção de hospital para a cidade, que os potenciais candidatos à prefeitura de Uiraúna se dignem a se manifestar sobre a sua concordância ou não com o projeto de iniciativa do prefeito, que, se aprovado pela colenda Câmara de Vereadores, seria mais difícil, depois, discordar dele, diante do possível adiantado das obras.
Essa manifestação agora dos candidatos a prefeito tem toda pertinência, porque é possível que o hospital que pode constar do seu plano de governo talvez tenha outras projeções de estruturas mais condizentes com o atendimento ampliado, completo e definitivo, sendo custeado por quem realmente de direito, que precisa ser pelo Orçamento da União, diante da garantia da conclusão das obras, da aquisição dos equipamentos necessários e, enfim, da manutenção do funcionamento da unidade de saúde, com base na Constituição Federal, de forma satisfatória para a comunidade uiraunense.
É muito importante que os candidatos a prefeito digam, agora, aos eleitores sobre o seu pensamento acerca do projeto do prefeito e antecipe o seu plano para a área de saúde, de modo que isso possa contribuir para a aprovação ou não dessa proposta, já que ela é exatamente aquela que o candidato à reeleição vai executar, caso seja vitorioso, fato este que se permite, democraticamente, que os demais candidatos também já possam apresentar as suas metas para a área de saúde.
Ainda como forma de opção democrática, as entidades da sociedade, o povo ou quem ou interessar poderiam consultar a população, de forma plebiscitária, qual seria o hospital ideal para Uiraúna: aquele previsto no projeto do prefeito ou outro nas condições como indicado neste texto, por exemplo, ou, ainda, outro da preferência de quem entende da matéria.
A propósito, é preciso sublinhar o oportuno lamento, com veemência, que a população de Uiraúna não gosta de se manifestar, como é preciso, nestes momentos tão importantes sobre os assuntos que envolvem os seus interesses, como neste caso do hospital, em que é certo que a construção de obras públicas precisa sim do aval da sociedade, que paga impostos e tem direito de opinar, de maneira decisiva, quanto aos projetos a serem executados pelo poder público, que precisa também ser em conformidade com o pensamento da comunidade, na linha do que assim procede a sociedade evoluída e cônscia da sua responsabilidade cívica e cidadã.
Brasília, em 12 de julho de 2020
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

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