quarta-feira, 1 de julho de 2020

Insensibilidade social?

Circula nas redes sociais mensagem que desperta bastante curiosidade e interesse, por se tratar de tema que realmente sempre merece ser enfocado, com muita ênfase, por se referir, basicamente, ao despertar de uma raça que vem perdendo enorme oportunidade de lutar por sua verdadeira independência, em termos de políticas sociais aceitáveis e dignas.
O aludido texto da internet diz exatamente o seguinte: “Você não precisa do movimento negro. Você não precisa da Taís de Araújo e da Benedita da Silva. Você não precisa de esmola estadual e cota racial. Você não precisa ser vítima. Você só precisa acreditar que é capaz. A esquerda quer pôr uma coleira em você. Recuse. Negros são livres.”.
Na verdade, sobre esse tema, que é considerado da maior importância sob o aspecto social, já tive oportunidade de escrever muitos artigos, defendendo precisamente ideia libertária de não aceitação de cotas raciais, que simplesmente têm a estigmatização de materializar a incapacidade permanente da raça negra, por meio da concessão de facilidades, em demonstração de que ela é inferior às demais raças e precisa ser objeto de todas as formas de ajuda e facilitação para se alcançar seus objetivos na vida.
É preciso se ressaltar que a esquerda e os movimentos associados a ela, no afã de afirmar que defendem o negro contra o sentimento racista, na verdade, essa forma de ação tem o condão de acentuá-la de maneira prejudicial, com forte ideia, perante a sociedade, em razão da criação de cotas que são espécie puramente discriminatória, por reafirmar a condição de inferioridade diante das demais raças e isso precisa ficar parente, como forma de conscientização sobre independência social.
Ou seja, somente se aprovou a ajuda a quem não tem condições de competir por deficiência de igualdade na capacidade de alguma forma e isso é realidade insofismável, porém inaceitável sob o ponto de vista da igualdade que deve ser defendida entre os brasileiros, à luz das disposições insculpidas na Carga Magna.
O artigo 5° da Constituição diz precisamente que “Todos (os brasileiros) são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)”.
Vejam-se que o texto acima transcrito tem o significado de cláusula pétrea, que é aplicável, de maneira isonômica, aos brasileiros, não fazendo nenhuma distinção, no sentido de ressalvar que a raça negra merece tratamento diferenciado, estando fora dessa regra de igualdade, por ser carente de ajuda do Estado para conseguir alguma forma de vantagem não concedida às outras raças.
A norma inscrita no texto cima mostra exatamente que não existe superioridade nem inferioridade entre ninguém, mas sim igualdade entre os brasileiros, não podendo haver distinção de qualquer natureza, em termos de ajuda ou privilégio, e é exatamente como consta ali consagrado e, então, porquê a distinção entre a raça negra das demais raças, certamente para mostrar que ela precisa ser beneficiada por não ter condições de competir, por ser inferior, o que é pura forma inaceitável de discriminação, por ficar clara a dicotomia entre as raças, por força de leis específicas?
Não há a menor dificuldade de se entender que o sistema de cotas é forma objetiva de concessão especial, destinada ao atendimento ou complementação por razão de alguma deficiência, com conotação própria de se beneficiar os  coitadinhos, assim entendidos que precisam de apoio e ajuda do Estado, como forma do reconhecimento de incapacidade pela falta de inteligência ou outro atributo para competirem, em condições de igualdade, com as pessoas das demais raças e isso deveria ser inaceitável pela própria raça negra.
Essa forma clara de discriminação racial foi certamente idealizada e instituída por pessoas ou governantes com muita inteligência, justamente para mostrar que a raça negra, apesar da plena liberdade histórica, desde 13 de maio de 1888, com a abolição da escravatura, continua submissa à dominação branca, que deixa muito evidente que é preciso ajudar quem tem dificuldade para aprender e conseguir, com seus próprios esforços, vagas em universidades, emprego, colocação no mercado de trabalho ou onde mais a lei tenha definido tamanha excepcionalidade inaceitável, sob o ponto de vista da lógica, do bom senso e da racionalidade.
Acredita-se que, nas nações sérias, civilizadas e evoluídas, em termos de desenvolvimento humano e social, não exista, nem em pensamento, essa forma esdrúxula de discriminação social por cotas, notadamente por haver a sensibilidade e a inteligência no sentido de que é absolutamente impossível o estabelecimento de benefício de ajuda social para determinada raça, em detrimento de outras, em especial quando todas estão no mesmo padrão social, cuja carência, havendo, precisa ser atendida de maneira uniforme e nas mesmas condições de igualdade, porque as necessidades são na mesma paridade, em magnitude, para todos, não se justificando a materialização de tratamento diferenciado.
Não há dúvidas de que a serventia de cotas raciais é precisamente para mostrar o que os negros não querem enxergar essa realidade nua e crua, aceitando normal e comodamente a existência de facilidades sob o jeitinho brasileiro, quando poderiam ter a dignidade de rejeitá-las para o próprio bem da raça, que poderia exigir políticas públicas de qualidade para toda população, independentemente de raças, em termos de ensino e educação, assistência social de saúde, segurança, saneamento básico, infraestrutura e tudo o mais que possibilitasse a formação intelectual e moral em condições de igualdade entre as raças, sem a existência injustificável de privilégios nem vantagens.
No sentido estritamente etimológico, em harmonia com a evolução da humanidade, não faz o menor sentido a existência de cotas raciais para negros, mulheres ou outras que somente contribuem para alguma forma de discriminação e desigualdade social, que poderiam ser eliminadas com a adoção de políticas inteligentes e competentes, com capacidade para a criação de condições de igualdade para todos, compreendendo as mulheres, os homens, os pretos e outras raças, para que todos possam conviver em igualdade e harmonia, com o usufruto dos mesmos direitos, tendo a obrigatoriedade da observância dos mesmos compromissos perante a cidadania.
Na verdade, a existência de cotas raciais é forma disfarçada de escravidão, em que os negros se acomodam e aceitam pacificamente tal situação, como se esse instituto de assistencialismo concedido pelos governantes houvesse algum benefício às suas causas, quando a verdade mostra a realidade indisfarçável de submissão a sistema que permite exatamente reconhecer a sua incapacidade de lutar nas mesmas condições das demais pessoas, que não são superiores em nada, mas tiveram a sensibilidade para ir à luta e não esperar por ajuda do governo para mostrarem os seus verdadeiros valor, inteligência e capacidade para o enfrentamento dos caminhos da vida.     
          Brasília, em 1° de julho de 2020

Nenhum comentário:

Postar um comentário