Em discurso em reunião on-line do Diretório
Nacional do PT, o ex-presidente da República petista disse que o partido
ressurgiu no cenário político e "está mais vivo do que nunca”.
O
político declarou que o PT se prepara para vencer as eleições gerais de 2022 e
voltar a presidir o Brasil, tendo afirmado, em tom de recado para seus
adversários políticos, “Para aqueles que têm medo do PT, saibam que estamos
nos preparando para voltar em 2022 a voltar a governar esse país e isso começa
por conquistar prefeituras importantes”.
O petista disse ter a impressão de que o PT
recuperou a vontade de lutar, “a força de brigar pelas coisas certas, que em
alguns momentos que parecia que a gente tinha perdido. O PT ressurge no
cenário político. O trabalho que estamos fazendo demonstra que o PT está mais
vivo do que nunca”.
O ex-presidente usou como exemplos desse movimento
a atuação dos parlamentares petistas na Câmara dos Deputados para a aprovação
da ampliação do Fundeb nessa semana e a formulação, por parte de dirigentes
partidários, de propostas para a retomada econômica no país.
Um desses projetos, o Mais Bolsa Família, foi
apresentado na aludida reunião do diretório e deve chegar em breve ao Congresso
Nacional, para discussão.
O petista disse que “Vamos mostrar que o PT
soube fazer no passado, sabe fazer no presente e está se preparando para fazer
cada vez mais no futuro”.
Para quem não conhece a verdadeira história desse
partido, convém rememorar um pouquinho do que esse ilustre cidadão foi capaz de
protagonizar quando ele era presidente da República.
Conforme fatos devidamente investigados, apurados e
julgados pela Justiça brasileira, no governo desse cidadão, dois importantes e monstruosos
escândalos tomaram conta do noticiário político-policial, diante da constatação
de intensa roubalheira a cofres públicos, tendo por finalidade a compra da
consciências de inescrupulosos parlamentares, em troca de apoio aos projetos do
governo, no Congresso Nacional, conforme o caso conhecido por mensalão, que
resultou no julgamento dos atos irregulares e na prisão de importantes
envolvidos na roubalheira.
Tempos depois, houve a descoberta de esquema com a
mesma engenhosidade de desvio de dinheiro público, também operado no governo
desse político, porém em dimensão estratosférica, ante o desvio de bilhões de
reais para finalidades diversas, entre as quais o financiamento milionário de
campanhas eleitorais, tendo por finalidade a perpetuidade no poder e a dominação
das classes política e social, cujos recursos foram desviados dos cofres da
Petrobras, conforme estratagemas desvendadas pela Operação Lava-Jato, que ficaram
conhecidas popularmente por petrolão.
Diante das evidências das irregularidades, muitos
aproveitadores de recursos públicos foram julgados e condenados à prisão pela
Justiça brasileira, entre os quais importantes políticos, executivos,
empresários e outros desavergonhados assemelhados, em razão de não terem conseguido
provar as suas inocências com relação aos casos irregulares, a exemplo desse
importante político, que não teve dignidade para assumir seus atos censuráveis,
quando as provas são palpáveis e substanciais, mas a sua índole inclina-se para
a intransigente defesa de inocência, mesmo que os fatos mostrem o seu envolvimento
nos atos inquinados de irregulares, diante das consistentes decisões em
primeira e segunda instâncias da Justiça, sem que nenhum juiz, entre mais de dezena
tenha votado em sentido dissonante, ou seja, a favor do político, o que somente
demonstra a consistência da materialidade da culpa firmada sobre os fatos
denunciados à Justiça.
Causa enorme perplexidade o petista-mor vir a
público dizer que há “força de brigar pelas coisas certas...”, sem que,
em momento algum nem ele nem ninguém do partido tenha tido a dignidade, a humildade,
a hombridade de reconhecer a monstruosidade que a gestão liderada por esse
partido causou não somente aos cofres públicos, mas, em especial, aos
princípios republicano e democrático, de modo que só a aceitação em si da fraqueza
moral não resolveria a questão da pouca-vergonha pelo desvio de conduta e
caráter dos homens públicos, que precisam sempre ser exemplo de correção e
honestidade quanto ao zelo da coisa pública, mas, em especial da demonstração de
que a lição tem o condão de contribuir para se evitar que a aniquilação moral
havida é certeza da mudança de mentalidade em somente agir sob a prevalência da
observância dos princípios da nobreza ética e moral.
Não passa de integral leviandade a afirmação de se
querer “brigar pelas coisas certas”, quando nada foi demonstrado sobre o
que sejam as verdadeiras coisas certas na acepção da filosofia socialista,
porque o sentimento que se tem é o de que não houve a assunção sobre a culpa pelos
gravíssimos erros com relação aos escândalos de que tratam os esquemas do mensalão
e petrolão, como se as graves irregularidades fossem apenas normais, ante a
frieza e a naturalidade como assunto tão degradante, ante o sentido da
moralidade pública, sempre foi encarado, em forma de desdém e insignificância à
sua importância no contexto da gestão pública, dando a entender que eles não
fizeram nada de errado, em terem se beneficiado indevidamente de recursos
públicos, conquanto, na visão deles, os pobres incorretos são exatamente aqueles
que se incomodam em achar crime em algo absolutamente normal, sob a ótica de seus
protagonistas do mau, quando nunca tiveram a dignidade de assumir nada do que
foi apurado de errado, à luz dos princípios da legalidade, da moralidade e da honestidade.
Na verdade, não faz o menor sentido se falar que “O
PT ressurge no cenário político.”, porque ele simplesmente nada fez, em
termos de moralização, de reconhecimento de seus indignos e repugnantes atos desabonadores
dos princípios republicanos, no sentido da promoção da limpeza e da purificação
das sujeiras praticadas por meio do monstruoso desvio de recursos públicos,
marca indelével de quem perde completamente a confiança da população com o mínimo
de sentimento de moralidade sobre a coisa pública, a merecer a eterna
desconfiança da sociedade, enquanto nada for feito em demonstração do valor
ético-moral, em termos de aceitação da culpa e do compromisso de que não há a
menor possibilidade sobre a reincidência da desgraça praticada contra o
patrimônio dos brasileiros.
Sem que nada tenha sido feito em relação aos fatos
horrorosos protagonizados por esse cidadão, no sentido de se mostrar o reconhecimento
sobre os fatos danosos e o desejo de nunca mais cometê-los diante do tanto que eles
representam de indignidade perante a sociedade, qualquer iniciativa de
ressurgimento do partido precisa ser reconhecido e compreendido apenas como desejo
oportunista de se manter em atividade com os mesmos ideais de quando foram praticados
os atos eivados de irregularidades, eis que nada foi feito no sentido de mostrar
a mudança da sua índole, em termos de arrependimento e de correção de rumos
ideológicos.
Pode até ser possível a afirmação do petista de que
“(...) estamos nos preparando para voltar em 2022 a governar esse país
(...) (sic)”, mas, com absoluta certeza, diante dos fatos nebulosos acontecidos
na gestão presidencial do partido, mais precisamente no que se referem os citados
escândalos, os brasileiros que defendem a rigorosa supremacia dos princípios da
ética, da moralidade, legalidade, da honorabilidade, do decoro, entre outros,
na gestão dos recursos públicos vão demorar séculos para se prepararem para
nova governança dessa agremiação.
Os brasileiros honrados, que primam pelas decência,
ética e moralidade na administração pública, princípios estes que repelem os famigerados
escândalos representados pelos mensalão e petrolão, compreendem que a participação
desse partido na vida política nacional, ante o seu maléfico e consagrado histórico
de gestão deletéria, de péssimo exemplo para a sociedade, contribui sobremodo para
a fragilização dos princípios republicano e democrático.
Brasília, em 28 de julho de 2020
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