terça-feira, 28 de julho de 2020

O preço da degeneração moral


Em discurso em reunião on-line do Diretório Nacional do PT, o ex-presidente da República petista disse que o partido ressurgiu no cenário político e "está mais vivo do que nunca”.
          O político declarou que o PT se prepara para vencer as eleições gerais de 2022 e voltar a presidir o Brasil, tendo afirmado, em tom de recado para seus adversários políticos, “Para aqueles que têm medo do PT, saibam que estamos nos preparando para voltar em 2022 a voltar a governar esse país e isso começa por conquistar prefeituras importantes”.  
O petista disse ter a impressão de que o PT recuperou a vontade de lutar, “a força de brigar pelas coisas certas, que em alguns momentos que parecia que a gente tinha perdido. O PT ressurge no cenário político. O trabalho que estamos fazendo demonstra que o PT está mais vivo do que nunca”.  
O ex-presidente usou como exemplos desse movimento a atuação dos parlamentares petistas na Câmara dos Deputados para a aprovação da ampliação do Fundeb nessa semana e a formulação, por parte de dirigentes partidários, de propostas para a retomada econômica no país.
Um desses projetos, o Mais Bolsa Família, foi apresentado na aludida reunião do diretório e deve chegar em breve ao Congresso Nacional, para discussão.
O petista disse que “Vamos mostrar que o PT soube fazer no passado, sabe fazer no presente e está se preparando para fazer cada vez mais no futuro”.
Para quem não conhece a verdadeira história desse partido, convém rememorar um pouquinho do que esse ilustre cidadão foi capaz de protagonizar quando ele era presidente da República.
Conforme fatos devidamente investigados, apurados e julgados pela Justiça brasileira, no governo desse cidadão, dois importantes e monstruosos escândalos tomaram conta do noticiário político-policial, diante da constatação de intensa roubalheira a cofres públicos, tendo por finalidade a compra da consciências de inescrupulosos parlamentares, em troca de apoio aos projetos do governo, no Congresso Nacional, conforme o caso conhecido por mensalão, que resultou no julgamento dos atos irregulares e na prisão de importantes envolvidos na roubalheira.
Tempos depois, houve a descoberta de esquema com a mesma engenhosidade de desvio de dinheiro público, também operado no governo desse político, porém em dimensão estratosférica, ante o desvio de bilhões de reais para finalidades diversas, entre as quais o financiamento milionário de campanhas eleitorais, tendo por finalidade a perpetuidade no poder e a dominação das classes política e social, cujos recursos foram desviados dos cofres da Petrobras, conforme estratagemas desvendadas pela Operação Lava-Jato, que ficaram conhecidas popularmente por petrolão.
Diante das evidências das irregularidades, muitos aproveitadores de recursos públicos foram julgados e condenados à prisão pela Justiça brasileira, entre os quais importantes políticos, executivos, empresários e outros desavergonhados assemelhados, em razão de não terem conseguido provar as suas inocências com relação aos casos irregulares, a exemplo desse importante político, que não teve dignidade para assumir seus atos censuráveis, quando as provas são palpáveis e substanciais, mas a sua índole inclina-se para a intransigente defesa de inocência, mesmo que os fatos mostrem o seu envolvimento nos atos inquinados de irregulares, diante das consistentes decisões em primeira e segunda instâncias da Justiça, sem que nenhum juiz, entre mais de dezena tenha votado em sentido dissonante, ou seja, a favor do político, o que somente demonstra a consistência da materialidade da culpa firmada sobre os fatos denunciados à Justiça.
Causa enorme perplexidade o petista-mor vir a público dizer que há “força de brigar pelas coisas certas...”, sem que, em momento algum nem ele nem ninguém do partido tenha tido a dignidade, a humildade, a hombridade de reconhecer a monstruosidade que a gestão liderada por esse partido causou não somente aos cofres públicos, mas, em especial, aos princípios republicano e democrático, de modo que só a aceitação em si da fraqueza moral não resolveria a questão da pouca-vergonha pelo desvio de conduta e caráter dos homens públicos, que precisam sempre ser exemplo de correção e honestidade quanto ao zelo da coisa pública, mas, em especial da demonstração de que a lição tem o condão de contribuir para se evitar que a aniquilação moral havida é certeza da mudança de mentalidade em somente agir sob a prevalência da observância dos princípios da nobreza ética e moral.
Não passa de integral leviandade a afirmação de se querer “brigar pelas coisas certas”, quando nada foi demonstrado sobre o que sejam as verdadeiras coisas certas na acepção da filosofia socialista, porque o sentimento que se tem é o de que não houve a assunção sobre a culpa pelos gravíssimos erros com relação aos escândalos de que tratam os esquemas do mensalão e petrolão, como se as graves irregularidades fossem apenas normais, ante a frieza e a naturalidade como assunto tão degradante, ante o sentido da moralidade pública, sempre foi encarado, em forma de desdém e insignificância à sua importância no contexto da gestão pública, dando a entender que eles não fizeram nada de errado, em terem se beneficiado indevidamente de recursos públicos, conquanto, na visão deles, os pobres incorretos são exatamente aqueles que se incomodam em achar crime em algo absolutamente normal, sob a ótica de seus protagonistas do mau, quando nunca tiveram a dignidade de assumir nada do que foi apurado de errado, à luz dos princípios da legalidade, da moralidade e da honestidade.
Na verdade, não faz o menor sentido se falar que “O PT ressurge no cenário político.”, porque ele simplesmente nada fez, em termos de moralização, de reconhecimento de seus indignos e repugnantes atos desabonadores dos princípios republicanos, no sentido da promoção da limpeza e da purificação das sujeiras praticadas por meio do monstruoso desvio de recursos públicos, marca indelével de quem perde completamente a confiança da população com o mínimo de sentimento de moralidade sobre a coisa pública, a merecer a eterna desconfiança da sociedade, enquanto nada for feito em demonstração do valor ético-moral, em termos de aceitação da culpa e do compromisso de que não há a menor possibilidade sobre a reincidência da desgraça praticada contra o patrimônio dos brasileiros.
Sem que nada tenha sido feito em relação aos fatos horrorosos protagonizados por esse cidadão, no sentido de se mostrar o reconhecimento sobre os fatos danosos e o desejo de nunca mais cometê-los diante do tanto que eles representam de indignidade perante a sociedade, qualquer iniciativa de ressurgimento do partido precisa ser reconhecido e compreendido apenas como desejo oportunista de se manter em atividade com os mesmos ideais de quando foram praticados os atos eivados de irregularidades, eis que nada foi feito no sentido de mostrar a mudança da sua índole, em termos de arrependimento e de correção de rumos ideológicos.
Pode até ser possível a afirmação do petista de que “(...) estamos nos preparando para voltar em 2022 a governar esse país (...) (sic)”, mas, com absoluta certeza, diante dos fatos nebulosos acontecidos na gestão presidencial do partido, mais precisamente no que se referem os citados escândalos, os brasileiros que defendem a rigorosa supremacia dos princípios da ética, da moralidade, legalidade, da honorabilidade, do decoro, entre outros, na gestão dos recursos públicos vão demorar séculos para se prepararem para nova governança dessa agremiação.      
Os brasileiros honrados, que primam pelas decência, ética e moralidade na administração pública, princípios estes que repelem os famigerados escândalos representados pelos mensalão e petrolão, compreendem que a participação desse partido na vida política nacional, ante o seu maléfico e consagrado histórico de gestão deletéria, de péssimo exemplo para a sociedade, contribui sobremodo para a fragilização dos princípios republicano e democrático.   
          Brasília, em 28 de julho de 2020

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