quinta-feira, 23 de julho de 2020

Pensando somente no povo?

Muito tem se falado e comentado sobre a feliz e maravilhosa ideia de Uiraúna, finalmente, puder contar com a prestação de serviços públicos, que faz parte dos anseios prioritários do seu povo, diante das enormes dificuldades quando se precisa de socorro médico-hospitalar.
Trata-se de realidade intrínseca da vida dos uiraunenses, o que bem demonstra o crônico descaso do poder público, que tem o dever constitucional de garantir a prestação da saúde pública aos brasileiros, de maneira prioritária.
A propósito, convém se evidenciar o contraste existente entre a extrema necessidade de serviços e assistência referentes à saúde pública e a fartura de médicos nascidos na cidade, onde se esbarra com um em qualquer direção, enquanto a população se sente completamente abandonada quanto à garantia de ser imediatamente socorrida, em caso de emergência, exatamente em razão da falta de hospital, na cidade, quando precisa a ele se dirigir para o necessário atendimento.
Não resta a menor dúvida de que esse descaso, essa forma cruel de abandono da população, precisa sim ser atribuída a quem foi eleito justamente para cuidar e defender os interesses do povo, que, neste caso, também tem parcela de culpa, precisamente por se conformar com o terrível status quo, deixando de se manifestar, com veemência, sobre a imperiosa necessidade de hospital e bons serviços no que concerne à saúde pública.
É mais do que evidente que a capacidade criativa do prefeito de Uiraúna, há tempo sem se atinar para essa situação da maior gravidade para a população, foi finamente despertada para algo de sublime importância, em termos político-eleitoreiro, ao perceber que, certamente, a construção de hospital na cidade seria a única medida heroica capaz de turbinar o crescimento da sua popularidade como gestor público, até agora sem nenhum brilho no currículo, em termos de realizações.
À toda evidência, a construção de hospital para a cidade se tornaria verdadeiro pulo do gato, ou seja, algo esplendoroso como trunfo exposto à população para servir de catapulta à sua candidatura ao patamar de competitividade desejável à sua reeleição ao cargo, de vez que ela, sem isso, seria completamente inviabilizada a depender do seu padrinho político, que até poderia eleger qualquer pessoa indicada por ele, mas, diante dos fatos terrivelmente protagonizados por ele, essa tarefa foi abalada, com a perda parcial da credibilidade das suas bases representadas pelo povo.
É preciso sim se reconhecer e até se elogiar a capacidade e a inteligência políticas do prefeito da cidade, que, enfim, entendeu que a população de Uiraúna vem, de longa data, sendo privada dos serviços médico-hospitalares e que, por conta disso, a sua vida, nesse particular, não tem sido nada fácil.
Diante disso, fica muito evidente que ele buscou e encontrou a solução que melhor saltou aos seus olhos e que poderia socorrer seus projetos políticos, que estaria no encaixe dos recursos disponíveis para a viabilização das obras pertinentes.
A sábia ideia se transformou na concepção do “Hospital Municipal de Uiraúna”, nos termos do documento enviado à ilustrada Câmara de Vereadores da cidade, para o fim da abertura do crédito adicional especial, no valor de aproximadamente R$ 540 mil.
O povo de Uiraúna precisa perceber, com a maior clareza, que o indicado valor, para o que o prefeito chama de construção de hospital, é insignificantemente irrisório e sequer dá para o custeio da reforma que ele diz que pretende fazer no imóvel atualmente ocupado pela Secretaria Municipal de Saúde, para a inauguração do empreendimento já chamado de hospital de pequeno porte.
Convém que seja atentado, a propósito, que houve a indicação apenas dos recursos que o gestor imagina que seja suficiente para a reforma da edificação citada na proposta de abertura de crédito, sem nenhuma menção, como é mais do que necessária, à verba destinada à aquisição dos equipamentos referentes aos móveis, como cama e suas roupas, mesas, cadeiras, raios-X, instrumentos de UTI, computadores e o mundo de instrumentos médicos, etc., que certamente há de ultrapassar, em muito, aquela cifra oferecida somente para a minirreforma cogitada.
Não se pode olvidar, em termos de planejamento competente e eficiente, que, para o eficiente funcionamento até mesmo de simples unidade básica de saúde, há necessidade da contratação de pessoal, desde os médicos até o pessoal mais humilde e, nesse caso, existe previsão de recursos orçamentários imprescindíveis à satisfação desse importantíssimo requisito? 
Salvo melhor explanação sobre esse ambicioso projeto de hospital, que, sem dúvida, é tudo que a população de Uiraúna precisa, no momento, os pressupostos para a sua viabilização parecem não corresponder consistentemente com a concepção de hospital de verdade, que em tudo e para tudo precisa haver segurança quanto aos seus fundamentos e estruturas, algo que não foi precisamente evidenciado, de maneira transparente, na melhor forma que convém à finalidade pública, notadamente quando diz respeito à cogitação de empreendimento de suma importância como o que refere ao hospital.   
Em princípio, lamentavelmente, a ideia suscitada pelo prefeito de Uiraúna parece mais condizente com hospital de pequeno porte, como assim foi por ele denominado, que, na realidade não passa de unidade básica de saúde melhorada e ampliada, à vista da modicidade de tão pouco dinheiro para satisfazer às exigências próprias de hospital de verdade, com a existência de bons médicos, em múltiplas especialidades, equipamentos de ponta, em condições do atendimento de qualidade, para o resto da vida.
A população de Uiraúna, certamente não merece, com todo respeito, o “hospital” idealizado nas condições acima, com  base na improvisação da execução feita às pressas e na compressão de parcos recursos, servindo apenas para a satisfação de capricho político-eleitoreiro, ante o momento que antecede o peito eleitoral.
Os homens públicos de Uiraúna, completamente liberados de suas filosofias políticas e partidárias, precisam refletirem, com urgência, no sentido de que o povo do município merece ser valorizado e prestigiado no exato momento em que se imagina a promoção da melhoria da saúde pública, que é algo da maior expressão para a qualidade de vida do povo, não pode admitir senão um hospital que funcione na plenitude da prestação dos serviços públicos de excelência, sem necessidade da procura de assistência fora da cidade, salvo em casos de excepcionalidade.
Nessas circunstâncias, a única alternativa aconselhável e inteligente é a construção de hospital com verbas exclusivamente do Orçamento da União, onde será possível, com absoluta garantia, a obtenção dos recursos necessários à edificação predial, com, pelo menos 4.000 m2 de área, ao invés de apenas cerca de 1.000 m2, como projetado, e ao menos cinquenta leitos e UTI etc.; à aquisição dos equipamentos para o pleno funcionamento do hospital; e à manutenção de funcionamento, em termos financeiro, pessoal e material.
Nestas condições, imagina-se que o prefeito de Uiraúna teria muito mais credibilidade, até mesmo em termos eleitorais, junto ao povo de Uiraúna, por demonstrar interesse no melhor para a cidade, e de igual modo também deve acontecer com relação aos demais homens públicos, justamente por pensarem, unissonante, na valorização da importância da população, porque esse hospital ora planejado, com todo respeito ao seu idealizador, tem muito de oportunista, porque ele, diante da simplicidade, poderia ter sido imaginado bem antes e não precisamente agora, na proximidade da eleição, além de não condizer, quanto à sua essência, com a dignidade e a grandeza dos uiraunenses. 
Ante o exposto, concito aos homens públicos de Uiraúna que voltem seus pensamentos exclusivamente para a satisfação do bem comum do povo de sua cidade e imaginem a felicidade dele se realmente puder contar com os serviços de hospital em condições de oferecer completos serviços de assistência médico-hospitalar, quando o pequeno hospital idealizado pelo prefeito precisa ser reconhecido apenas como forma paliativa, que tem sim importância, para quem nada tem, mas a população vai continuar precisando apelar para os serviços de fora da cidade, quando a racionalidade recomenda que hospital completo e definitivo é realmente o ideal para a população.
Não há a menor dúvida de que é importante que os filhos de Uiraúna nasçam na cidade e que muitos serviços médicos possam ser realizada nesse hospital concebido pelo prefeito, mas muito mais importante para a população é o hospital com ampliada capacidade de atendimento e com a certeza de ser mantido pelo governo federal, com todas as condições estruturais funcionando perfeitamente com a necessária eficiência, tendo a assistência dos recursos do Sistema de Saúde Pública, para a sua manutenção.
Enfim, faço veemente apelo para que os homens públicos de Uiraúna se desapeguem dos projetos políticos pessoais e devotem, neste caso da saúde pública, suas atenções exclusivamente à satisfação dos interessem do povo que os elegem, que, sem dúvida, precisa sim do chamado hospital que é oferecido pelo prefeito da cidade, diante de nada existir quanto à prestação de serviços pertinentes à saúde pública, mas nada pode ser comparável ao hospital de verdade, que mais corresponde aos seus anseios e à sua grandeza, que precisam ser reconhecidos e valorizados.                Brasília, em 23 de julho de 2020

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