quarta-feira, 22 de julho de 2020

Merecimento de atenção prioritária

       Recentes estudos realizados por equipe internacional de cientistas identificaram dez fatores de risco pelos quais a pessoa poderá desenvolver a doença de Alzheimer, conforme mostra o artigo publicado no British Medical Journal (BMJ). 
      Os autores dos estudos disseram que os trabalhos de  investigação, liderados pela Universidade Fudan, na China, sinalizaram para a possibilidade do desenvolvimento de novas técnicas e estratégias capazes de prevenir essa doença neurodegenerativa. 
   Os cientistas salientam que, no Reino Unido, foi constatado que, do total de 850 mil pessoas com demência, cerca de 566 mil delas sofrem de Alzheimer, que tem sido uma das principais causas de morte, na atualidade, tendo ressaltado que, nos últimos vinte anos, praticamente não surgiram novos tratamentos farmacológicos contra os avanços da doença.
        Em que pesem os cientistas terem previsto aumento da incidência dos casos de Alzheimer, forma cruel do envelhecimento da população, a experiência vem mostrando a diminuição da doença, possivelmente graças às mudanças de estilos de vida, em aderência às campanhas por meio de sensibilização e desenvolvimento de estratégias para atrasar o seu aparecimento.
    Os cientistas lembram sobre as dificuldades para a interpretação dos ensaios feitos por outras pesquisas sobre a prevenção da doença de Alzheimer, sob a alegação de que elas apresentam diferentes critérios de avaliação e credibilidade.
   A equipe internacional de cientistas da aludida universidade promoveu a revisão e a análise, com vistas à atualização dos estudos existentes, com a finalidade de contribuir para uma série de recomendações sobre a prevenção da doença, tendo por base evidências concretas.
Com esse objetivo, foram reunidos 395 estudos de relevância para a ampla análise da questão, incluindo 243 sobre prospectivos observacionais e 152 atinentes a ensaios aleatórios controlados.
       Tendo em conta as provas consolidadas com base nos dados levantados nos estudos, os cientistas acabam de apresentar 21 sugestões práticas aos especialistas que trabalham com a prevenção de Alzheimer, incluindo as técnicas denominadas "recomendações de classe 1", compatíveis com 19 fatores de risco diferentes.
        A maioria das referidas recomendações dizem respeito a fatores de risco vascular, a exemplo de tensão arterial elevada e o colesterol, além do estilo de vida, fato este que sinaliza para a necessidade da importância de se zelar por vida saudável, o mais comedida possível.
       De acordo com a opinião dos cientistas, as principais dez recomendações se baseiam em "provas fortes", salientando, entre outros fatores, a importância da máxima obtenção de informação possível sobre a incidência da doença em idade precoce e da participação em atividades mentalmente estimulantes, a exemplo da leitura, além dos cuidados para se evitar diabetes, stress, depressão e lesões na cabeça.
       Os peritos fazem nove outras recomendações, que são apoiadas por provas consideradas "menos sólidas", a exemplo de exercício regular, melhoria da qualidade do sono, manutenção de peso saudável - em idades avançadas, eliminação do fumo e inclusão de vitamina C, na dieta.
       Por prevenção, os cientistas são contrários às terapias de substituição de estrogênio e à utilização de inibidores de acetilcolinesterase, por se tratar de medicamento que aumenta a comunicação entre as células nervosas.
    Os autores dos estudos em referência comemoram, evidenciando satisfação, o resultado alcançado nessa nova empreitada, por entenderem que a revisão foi a mais abrangente e sistemática sobre as informações já colhidas acerca de Alzheimer, feita até agora, de modo a facilitar a compreensão da doença, embora eles reconheçam que ainda existam limitações, em termos da obtenção de dados mais aprofundados sobre ela.
       Em conclusão, os pesquisadores  declararam que "Este trabalho fornece uma análise avançada e atualizada das evidências (existentes), e sugere que são urgentemente necessários mais estudos observacionais prospectivos e ensaios controlados aleatórios".
      As informações levantadas pelos estudos mostram que tem havido a diminuição da progressividade da doença, não exatamente por força do surgimento de novas técnicas ou novos tratamentos em termos medicamentosos, mas sim em decorrência de mudanças de hábitos da população, na busca de métodos saudáveis de viver em harmonia com os elementos amigos da preservação do corpo e da alma, pela forma menos possível de agressividade à saúde física e mental.
      O resultado dos estudos em comento deixa importantes lições, no sentido de que há evidente falta de interesse das autoridades internacionais incumbidas de também cuidar da saúde mais especificamente dos idosos, que é o grupo que agrega quantidade expressiva das pessoas afetadas pela doença de Alzheimer, à vista da informação de que pouco ou nadas se conseguiu, nos vinte anos, em termos de medidas efetivas de combate ao avanço da doença neurodegenerativa. 
     Ou seja, não houve novos tratamentos farmacológicos contra o seu avanço, a evidenciar inegável falta de interessa por parte dos órgãos internacionais responsáveis pela saúde pública, em relação à causa da maior importância, por afetar diretamente as pessoas de idade mais avançada, que, mesmo assim,  continuam precisando de cuidados especiais e até de maneira prioritária.
     Essa situação, à toda evidência, parece ensejar desprezo aos cuidados prioritários sobre doença que tem enorme incidência na faixa etária que compreende os idosos, e pode sim ser algo acintosa ao reconhecimento de que não vale mais a pena se investir recursos financeiros e esforços humanos e materiais em pesquisas destinadas ao combate ao Alzheimer, quando as pessoas envolvidas já se encontrarem no patamar final e derradeiro da vida, cujos empenhos são devotados para as outras faixas etárias.
Esse fato, por sua gravidade, se realmente for verdadeira a assertiva, demonstra cristalino crime contra a humanidade e que precisa ser denunciado, com vistas à adoção das medidas de correção dessa inaceitável maldade, em forma de desumanidade. 
      Diante de constatação sobre situação de considerável relevância para a vida do ser humano, convém que, não somente o governo brasileiro, mas também a Organização Mundial da Saúde esclareçam as medidas que estão sendo executadas em termos especificamente de políticas visando ao tratamento e até mesmo à cura da doença de Alzheimer. 
       Assim, longe de se imaginar sobre essa precisa maneira de premeditada judiação aos idosos, parece de bom alvitre que o governo brasileiro, a par de informar o que vem fazendo em benefício da cura dessa doença, formule consulta à Organização Mundial de Saúde, a propósito da informação dada por grupo de estudo liderado pela Universidade Fudan, na China, de que, nos últimos vinte anos, praticamente não surgiram novos tratamentos farmacológicos contra os avanços da Alzheimer, quais as medidas de alto nível lideradas pela entidade, com vistas ao efetivo combate a esse mal neurodegenerativo, em termos de processo de cura por meio medicamentoso.
  Brasília, em 22 de julho de 2020 

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