terça-feira, 10 de novembro de 2020

A supremacia do interesse nacional

 

A anunciada provável derrota do presidente norte-americano parece sinalizar duríssimo golpe às pretensões políticas do presidente tupiniquim, que demonstra ter sentido na pele e na alma a pancada transmitida pelas urnas, à vista de ele ser um dos poucos mandatários que se recusam a cumprimentar o virtual vitorioso do pleito americano, eis que os principais líderes mundiais já o fizeram e há algum tempo, porque apenas trata-se de mera práxis diplomática.

Com base em estratégia visivelmente ideológica, visando trunfos eleitorais, o presidente brasileiro seguiu fiel e cegamente o pensamento estruturado pelo presidente americano, mesmo que isso não estivesse em conformidade com os interesses brasileiros, ou seja, da nação.

Os fatos mostram que, na linha do pensamento republicano, o presidente brasileiro ousou criticar os organismos multilaterais, a exemplo da Organização Mundial de Saúde e a Organização Mundial de Comércio, engrossou com a China, que é o maior parceiro comercial brasileiro, e, de maneira desastrada, conseguiu se indispor logo com os líderes europeus, cujas nações mantinham  tradicionais, saudáveis e construtivas alianças comerciais e diplomáticas com o Brasil.

Com inspiração no republicano, o presidente brasileiro ainda ensaiou sair do Acordo de Paris, sem entender que a motivação do americano faz sentido, porque ele agiu dessa maneira com a finalidade patrocinar a indústria petrolífera americana, quando, no caso do Brasil, não passaria de mera loucura, diante da falta de objetividade, mas haveria a evidente demonstração de desprezo à preservação do meio ambiente do país, como assim ele o faz com muita eficiência, conforme mostram os desastres materializados nos incêndios das florestas.

Causa perplexidade que o presidente brasileiro incentive atividades ilegais por grileiros e garimpeiros e ainda contribua para desmontar o arcabouço de proteção ambiental contra o próprio interesse do agronegócio, que, por via de consequência, sofre com os prejuízos advindos das dificuldades nas exportações dos produtos, por causa da terrível fama de que o Brasil conseguiu passar para os consumidores estrangeiros.

Na verdade, com o visível acobertamento pelo governo dos crimes contra o meio ambiente, o Brasil se colocou na contramão dos esforços mundiais na tentativa de preservação dessa riqueza natural, tendo conseguido, por via de consequência, espantar e tanger para distante os potenciais investidores estrangeiros.

Por certo, o Brasil há de precisar de muita habilidade e até mesmo de transformações estratégicas para não ser prejudicado pelo novo governo democrata norte-americano, justamente na área do meio ambiente, porque as políticas que estão em curso pelo governo tupiniquim só têm conseguido colher reprovação e insatisfação do resto do mundo, diante da sua mentalidade pueril de apenas ficar se justificando contra as acusações sobre omissões e negligências nessa tão importante área.

Na verdade, tem sido opinião unânime dos especialistas em afirmarem que as eleições americanas representaram excelente oportunidade para o governo brasileiro promover reavaliação sobre a sua política externa, com vistas ao seguimento de nova realidade inevitável para o contexto mundial, posto que a filosofia de trabalho do democrata é oposta à do republicano e as demais nações dependentes da economia daquele país são as mais interessadas a se adaptares à nova ordem mundial.

Não obstante, ao contrário disso, o “todo-poderoso” mandatário tupiniquim, de pragmático mesmo, preferiu se manter firme e obediente à sua arcaica ideológica, de fidelidade ao contestável republicano.

Sem o menor senso crítico, diante da enorme possibilidade de se colocar o Brasil em risco perante o governo democrata, à vista dos interesses brasileiros nas consolidadas relações com os EUA, o presidente brasileiro declarou que “Estou confiante com a reeleição de Donald Trump, porque será boa para as relações comerciais e diplomáticas com o Brasil”, sem imaginar que o seu firme apoio ao republicano, virtual perdedor da eleição presidencial, pode deixar o Brasil em situação extremamente desconfortável, porque isso é forma de ofensa ao novo presidente daquele país.

A antipolítica externa do governo brasileiro pode resultar em enormes estragos aos interesses brasileiros, quando ela tem por base a ideologia muito mais aos moldes pessoais do mandatário, que adota projetos estratégicos voltados para o atendimento de seus sentimentos ideológicos, conforme evidenciam as suas atitudes visivelmente danosas aos interesses nacionais.

Vejam-se que, em um dos debates entre os candidatos à Presidência dos EUA, o democrata mencionou o Brasil, de maneira explícita, tendo proposto a criação de fundo no valor de US$ 20 bilhões, com a destinação exclusiva  para a proteção da floresta amazônica, mas, ao mesmo tempo, ele suscitou possível aplicação de retaliações comerciais se o Brasil não mudar sua política ambiental, o que parece, em princípio, muito justo, porque é indispensável que o governo brasileiro adote as medidas necessárias para adaptação às regras da aplicação desses importantes recursos.

Em outra ocasião, o democrata disse que “O presidente Bolsonaro deve saber que se o Brasil deixar de ser um guardião responsável da Floresta Amazônica, minha administração reunirá o mundo para garantir que o meio ambiente seja protegido”, o que parece se tratar de alerta natural, caso esse ele tiver relação com o repasse dos aludidos recursos, porque não faz sentido o aporte de tanto recurso se o governo brasileiro se mostrar omisso e negligente com relação à preservação do meio ambiente, que vem merecendo política meramente devastadora por parte dele, conforme mostram as notícias sobre a transformação em cinzas dos biomas pantaneiro e amazônico.

Vejam-se que o presidente brasileiro foi duro ao criticar o novo presidente americano, quando ele fez defesa à preservação da Amazônia, tendo em conta que, à vista dos princípios civilizatórios e diplomáticos, não custaria nada que ele tivesse o mínimo de educação no sentido de esclarecer que o americano fez juízo de valor com base em possíveis dados equivocados ou imprecisos, posto que as afirmações dele estariam fulcradas em dados sem a necessária precisão ou algo similar, uma vez que a verdade sobre o tema é bem diferente do que foi afirmado, porque o que se passa é “isso e isso, assim e assim”, bastando apenas a transmissão de informação pertinente aos fatos verdadeiros, sem necessidade de nenhuma discordância ou agressão, como tem sido a maneira recriminável própria dele, à vista do que aconteceu com os mandatários europeus, quando se viu o seguimento do desprezível padrão do seu guru republicano.

O governo com o mínimo de competência, eficiência e inteligência, precisa entender que é da maior importância o apoio da maior potência mundial, tendo em conta que estão em jogo os interesses da nação brasileira e não a causa pessoal, como o faz de maneira extremamente precipitada, prejudicial e irresponsável o presidente do Brasil, que precisa se conscientizar, com  urgência, de que a importância da nação jamais pode ser confundida com amizades pessoais, à vista do que se passa neste momento, que é prova mais do que suficiente de prática cristalina do crime de lesa-pátria, quando os interesses nacionais estão sendo colocados em planos secundários, conforme mostram os fatos.

Brasília, em 10 de novembro de 2020  

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