De acordo com reportagem publicada pelo jornal New
York Times, de ontem, dirigentes eleitorais de dezenas de estados e
representantes das forças partidárias democrata e republicana indicaram que não
foram encontradas provas de que o resultado das eleições presidenciais tenha
sido alterado por fraude ou outras irregularidades, desmentindo, mais uma vez,
as insistentes acusações da administração do republicano derrotado.
Conforme
a referida notícia, foi feito levantamento junto às comissões eleitorais de
todos os estados norte-americanos, nos dias 9 e 10, sendo que, ao menos 45
responderam diretamente, por meio de entrevistas
ou comunicados, e, no restante dos estados, houve contato com os responsáveis
estaduais ou secretários de estado.
A
reportagem afirma que todas as fontes garantiram que o processo decorreu sem
problemas, em que pese a afluência recorde de eleitores e das complicações
causadas pela pandemia.
O
secretário de estado no Ohio, que é republicano, disse que "Existe uma
enorme capacidade humana para inventar coisas que não são verdade. As teorias
da conspiração e rumores florescem. Por alguma razão, as eleições geram esse
tipo de mitologia".
Um
democrata secretário de estado no Minnesota afirmou que "Não conheço um
único caso de alguém que se queixasse de um voto que contou e não devia ou de
um voto que foi descartado e não devia. Não houve fraude".
O
porta-voz do republicano Scottchwab, do Kansas, disse que não há qualquer prova de
fraude, tendo afirmado que "O Kansas não assistiu a quaisquer problemas
sistemáticos ou generalizados de fraude, intimidação, irregularidades ou violação
de voto.".
É
muito estranho que a administração do presidente derrotado esteja fazendo tudo
para dificultar a transição de poder para o presidente eleito, em que pesem os votos
apurados não deixem mais margem de dúvidas sobre a vitória do democrata.
O
mais grave de tudo isso é que o Partido Republicano esteja dando cobertura às
acusações de fraude eleitoral, sem que sejam apresentadas provas capazes de macular
o processo apuratório, de modo a justificar esse mal-estar, que não se
harmoniza com a respeitável democracia americana.
Embora
alguns republicanos já tenham cumprimentado o presidente eleito, reconhecendo a
vitória dele, outros importantes líderes republicanos seguem trilhando na mesma
linha defendida pelo presidente derrotado, no sentido de intensa contestação dos
resultados das eleições presidenciais, com vistas à reversão do resultado das
urnas.
Em
declaração mais contundente, o responsável pela diplomacia norte-americana
disse que está em curso a preparação "para uma transição tranquila para
a segunda administração de Trump", o que evidencia total desprezo aos resultados das urnas e à vontade
dos americanos que deram mais de cinco milhões de votos a mais ao democrata.
Nesse
estapafúrdio estado de declarada confrontação, importantes membros da Casa
Branca têm dado instruções aos responsáveis das agências federais para não
colaborarem com o planejamento da transição de poder, até que haja resultados
oficiais das eleições, de acordo com fontes citadas pela imprensa
norte-americana.
Essa
vexatória situação inventada pelo republicano inconformado com a sua derrota
nas urnas, sem qualquer base jurídica, porque não foram apresentadas as provas sobre
as fraudes por ele alegadas, faz lembrar, com muita propriedade, as primorosas republiquetas,
que, de maneira truculenta, não respeitam a vontade popular, que, no caso em
exame, elegeu o candidato democrata, em processo eleitoral revestido da
regularidade e da legitimidade, conforme atestam a sua lisura pelo órgãos competentes.
Ao
que tudo indica, o presidente republicano vai conseguir passar para a história não
somente como ultradireitista que foi verdadeiro desastre no comando dos Estados
Unidos, mas também como o primeiro presidente que não teve a decência e a
dignidade para aceitar as regras democráticas do sistema eleitoral vigente
naquele país, levando consigo o deplorável legado de incivilidade de mau
perdedor.
Brasília,
em 12 de novembro de 2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário