quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Nada de irregular...

 

De acordo com reportagem publicada pelo jornal New York Times, de ontem, dirigentes eleitorais de dezenas de estados e representantes das forças partidárias democrata e republicana indicaram que não foram encontradas provas de que o resultado das eleições presidenciais tenha sido alterado por fraude ou outras irregularidades, desmentindo, mais uma vez, as insistentes acusações da administração do republicano derrotado.

Conforme a referida notícia, foi feito levantamento junto às comissões eleitorais de todos os estados norte-americanos, nos dias 9 e 10, sendo que, ao menos 45 responderam diretamente, por meio de entrevistas ou comunicados, e, no restante dos estados, houve contato com os responsáveis estaduais ou secretários de estado.

A reportagem afirma que todas as fontes garantiram que o processo decorreu sem problemas, em que pese a afluência recorde de eleitores e das complicações causadas pela pandemia.

O secretário de estado no Ohio, que é republicano, disse que "Existe uma enorme capacidade humana para inventar coisas que não são verdade. As teorias da conspiração e rumores florescem. Por alguma razão, as eleições geram esse tipo de mitologia".

Um democrata secretário de estado no Minnesota afirmou que "Não conheço um único caso de alguém que se queixasse de um voto que contou e não devia ou de um voto que foi descartado e não devia. Não houve fraude".

O porta-voz do republicano Scottchwab, do Kansas, disse que não há qualquer prova de fraude, tendo afirmado que "O Kansas não assistiu a quaisquer problemas sistemáticos ou generalizados de fraude, intimidação, irregularidades ou violação de voto.".

É muito estranho que a administração do presidente derrotado esteja fazendo tudo para dificultar a transição de poder para o presidente eleito, em que pesem os votos apurados não deixem mais margem de dúvidas sobre a vitória do democrata.

O mais grave de tudo isso é que o Partido Republicano esteja dando cobertura às acusações de fraude eleitoral, sem que sejam apresentadas provas capazes de macular o processo apuratório, de modo a justificar esse mal-estar, que não se harmoniza com a respeitável democracia americana.

Embora alguns republicanos já tenham cumprimentado o presidente eleito, reconhecendo a vitória dele, outros importantes líderes republicanos seguem trilhando na mesma linha defendida pelo presidente derrotado, no sentido de intensa contestação dos resultados das eleições presidenciais, com vistas à reversão do resultado das urnas.

Em declaração mais contundente, o responsável pela diplomacia norte-americana disse que está em curso a preparação "para uma transição tranquila para a segunda administração de Trump", o que evidencia total  desprezo aos resultados das urnas e à vontade dos americanos que deram mais de cinco milhões de votos a mais ao democrata.

Nesse estapafúrdio estado de declarada confrontação, importantes membros da Casa Branca têm dado instruções aos responsáveis das agências federais para não colaborarem com o planejamento da transição de poder, até que haja resultados oficiais das eleições, de acordo com fontes citadas pela imprensa norte-americana.

          Essa vexatória situação inventada pelo republicano inconformado com a sua derrota nas urnas, sem qualquer base jurídica, porque não foram apresentadas as provas sobre as fraudes por ele alegadas, faz lembrar, com muita propriedade, as primorosas republiquetas, que, de maneira truculenta, não respeitam a vontade popular, que, no caso em exame, elegeu o candidato democrata, em processo eleitoral revestido da regularidade e da legitimidade, conforme atestam a sua lisura pelo órgãos competentes.

Ao que tudo indica, o presidente republicano vai conseguir passar para a história não somente como ultradireitista que foi verdadeiro desastre no comando dos Estados Unidos, mas também como o primeiro presidente que não teve a decência e a dignidade para aceitar as regras democráticas do sistema eleitoral vigente naquele país, levando consigo o deplorável legado de incivilidade de mau perdedor.

Brasília, em 12 de novembro de 2020  

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