sábado, 7 de novembro de 2020

O prêmio da derrota?

 

A gigantesca disputa entre grandes políticos pela Casa Branca evidencia polarização e forte divisão da sociedade norte-americana, com fraturas expostas que vão demorar a cicatrização, conforme mostram os fatos revelados depois da abertura das urnas, no país de tio Sam.

À toda evidência, os resultados parciais das apurações mostram que a principal residência dos Estados Unidos será ocupada por novo inquilino, que deverá imprimir novo modelo de governo com ares de moderação mais apropriado ao estilo da nação acostumada ao equilíbrio e à racionalidade.

As urnas mostraram, sem sombra de dúvida, que os norte-americanos reprovaram o projeto ultradireitista do governo republicano, que teve desempenho pouco convincente para os padrões da principal potência mundial, em termos econômicos e sociais.

O presidente republicano se imaginava imbatível, diante dos bons índices de crescimento econômico, à vista da queda da taxa de desemprego, mas os resultados não chegaram a impressionar, porque eles não conseguiram superar os indicadores apresentados no governo do seu antecessor.

O balanço socioeconômico mostra que o país mais rico do mundo abriga mais de 40 milhões de pessoas situadas abaixo da linha da pobreza, consistente, na maioria, de população negra e latina, exatamente por decorrência de políticas sociais incompatíveis com as carências dessa faixa populacional.

O atual governo norte-americano não se preocupou em priorizar as políticas sociais, de modo a tentar erradicar a tragédia social que se abate sobre a pobreza daquele país, tendo mantido os programas referentes à alimentação e ao seguro-desemprego, evidentemente nos mesmos níveis do governo anterior.

A pandemia do novo coronavírus praticamente mereceu tratamento de ironia e negligência pela insensibilidade do presidente, diante da gravidade do problema de saúde pública, quando ele se insurgiu contra as orientações da Organização Mundial da Saúde, fato que colocou o país no topo mundial da quantidade de infectados e óbitos pela Covid-19, cujas ocorrências continuam em ritmo preocupante, causando enorme estragos na população.

Outra chaga social que passou ao largo pela visão presidente foi o racismo institucionalizado, que contou com o estilo antipacificador do magnata, quando ele foi incentivador do conflito étnico-racial, além de demonstrar rejeição aos afro-americanos, à vista do seu evidente comportamento à frente da execução de um negro por policiais brancos de Minneapolis.

Também ficou evidente o descaso do presidente com a tendência mundial, em termos da economia sustentável e da eficiência dos organismos multilaterais, talvez por entender que a globalização seja apenas corpo celeste com gravitação exclusivamente sobre o redor dos Estados Unidos, com total exclusão do resto do planeta, por não ter a menor importância no contexto mundial, a exemplo da retirada daquele país ao Acordo de Paris, que tem preocupação com a preservação do meio ambiente mundial.

O certo mesmo é que nunca os Estados Unidos tiveram governo com tantas prepotência, arrogância e mentalidade retrógrada como foi o do republicano, que conseguiu angariar fortes rejeições e antipatias, além de ter semeado inconciliáveis conflitos, por meio de mentiras e fake news, em ambiente completamente antagônico aos princípios civilizatórios e democráticos, que são indesejáveis pelos povos evoluídos daquela rica nação.

Enfim, o resultado das urnas mostra exatamente o que realmente é o governo republicano dos Estados Unidos, que tem por base as políticas excludentes e os privilégio ao capital, em contrariedade aos direitos humanos e ao desenvolvimento socioeconômico.

O presidente dos Estados Unidos da América, que acaba de ser abatido nas urnas, foi a síntese do descaso com as mudanças da sociedade e os valores sociais do século que prima pelo sentimento de evolução dos conhecimentos e do aprimoramento da sociedade, de modo a se materializar a certeza de que a ignorância a essas saudáveis condutas de valorização humana somente merece o “prêmio” da derrota.     

Brasília, em 7 de novembro de 2020  

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