O presidente da República teve a
primazia de abrir os trabalhos da Assembleia Geral da Organização
das Nações Unidas (ONU) e o fez agora com a marca pessoal de também criar
discordância sobre os principais temas abordados por ele, com destaque para a
gigantesca crise decorrente dos incêndios no Pantanal e na Amazônia.
Em
nota, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) criticou
duramente o presidente do país, em razão do conteúdo de seu discurso, tendo
afirmado que ele mentiu e contribuiu para que o Brasil "caminhe para se
tornar um pária internacional. Sem qualquer compromisso com a verdade, o
presidente afirmou que seu governo pagou um auxílio emergencial no valor de mil
dólares para 65 milhões de brasileiros carentes, durante a pandemia. O auxílio
foi de 600 reais".
Em outro trecho da nota, a ABI disse que "O presidente
responsabilizou índios e caboclos pelos incêndios na Amazônia e no Pantanal,
que alcançam níveis nunca antes vistos no País. Todas as investigações,
inclusive de órgãos oficiais, indicam que fazendeiros estão na origem das
queimadas".
A ABI ressalta que "O presidente transferiu a
responsabilidade para governadores e prefeitos pelos quase 140 mil mortos
vítimas do coronavírus. Todo o país é testemunha de sua leviandade, ao classificar
a pandemia de 'gripezinha' e ir na contramão dos procedimentos defendidos pelas
autoridades de saúde".
A Associação Brasileira de Imprensa afirma, em conclusão,
que "A ABI repudia esse comportamento que vem se tornando recorrente e
conclama o povo brasileiro a não aceitar o verdadeiro retrocesso
civilizatório".
Diante do comportamento sistemático do presidente brasileiro, que
tem sido reiteradamente contestado por entidades de classe e especialistas
sobre importantes matérias em discussão, tem-se a ideia de que ele se alimenta
dessa forma esquisita de suscitar polêmica absolutamente dispensável, porque as
suas posições polêmicas não contribuem em nada para a elevação do seu governo.
Ao contrário, sempre que o presidente tenta esclarecer ou justificar
questões relevantes as celeumas afloram ainda mais, porque nem sempre ele converge
com a realidade dos fatos, a exemplo dos incêndios, em que o mundo acompanha
com estarrecimento a dizimação das florestas, mas o governo apenas põem culpa,
com ou sem razão em índios, caboclos, fazendeiros e outros incendiários, mas o
que é essencial passa ao largo, que é investigar os incêndios criminosos e, se for
o caso, punir com severidade os culpados, além de adotar medidas preventivas
para se evitar novos, alarmantes e incontroláveis incêndios.
O governo com o mínimo de competência jamais iria à Assembleia
Geral da ONU levando reclamações sobre estórias da Carochinha, dizendo que
querem sabotar o seu governo, por meio de denúncias no exterior e outras
falácias estritamente compatíveis com incompetências e má gestão.
O governo sério, competente e responsável se dirige ao mundo
levando consigo fatos concretos sobre a sua administração, mostrando aos quatro
cantos o resultado das apurações e investigações pertinentes e as medidas concretas
adotadas por seu governo sobre os fatos denunciados e/ou questionados, de modo
que não se permitam quaisquer dúvidas acerca da correção e da licitude da sua
gestão.
Em uma República com o mínimo de seriedade e respeitabilidade,
seria compreendido como da maior indignidade o seu mandatário ser classificado
como mentiroso e “Sem qualquer compromisso com a verdade.”, porque isso significa
completa desmoralização para quem exerce o principal cargo do país, de quem se
exige o máximo de dignidade e conduta ilibada, o que vale dizer que deixar de
ter compromisso com a verdade é o mesmo que desonrá-lo em definitivo.
Nesses casos dos incêndios das florestas pantaneira e amazônica e
da pandemia do novo coronavírus, não há a menor dúvida de que a participação do
presidente do país poderia ter melhor reflexo, caso ele tivesse agido com
medidas tendentes à investigação dos fatos e responsabilização dos envolvidos e
maior discrição comportamental na condução do combate ao contágio, fatos estes
que contribuíram para desacreditá-lo como confiável na seriedade exigida em
ambos os casos.
Enfim, não é nada elegante nem saudável que o presidente da República
seja tratado como homem público mentiroso, diante de seus atos na lídima representação
dos interesses do país, porque isso tem o condão de desacreditá-lo perante a
opinião pública, que espera dele somente atos de grandeza e de dignificação do
relevante cargo que ocupa.
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