O presidente dos Estados Unidos da América disse,
mais uma vez sem apresentar provas, que está sendo roubado na apuração dos
votos da eleição presidencial, precisamente em razão de sentir que a sua
derrota nas urnas se encaminha a passos largos, conforme mostra a marcha das apurações
dos votos.
Os motivos que levaram o presidente a denunciar as fraudes
e corrupções no sistema eleitoral americano dizem respeito às quedas nas
margens de votos que ele tinha na liderança de alguns estados, porém fruto
normal das apurações próprias do sistema.
O presidente disse que "Nós estávamos
ganhando em diversos estados com uma grande margem, mas os votos começaram
magicamente a mudar", tendo afirmado que tomaria medidas judiciais
contra as supostas irregularidades na eleição.
As acusações do presidente evidenciam tamanho
desespero que se abateu sobre ele, tendo chegado ao ridículo, por que sem
provas, de declarar que “Eles estão
tentando roubar as eleições. Não vamos deixar que roubem essa eleição.”, diante
da inexistência de fato capaz de sustentar tão precipitada e irresponsável afirmação,
que somente seria possível se houvesse, ao menos, indício de algo nesse
sentido.
O presidente chegou ao absurdo de dizer que zonas eleitorais
decisivas para o pleito deste ano, como as de Detroit, em Michigan, ou da
Pensilvânia, são corruptas e fazem parte de um sistema corrupto, mas não há notícia
alguma sobre irregularidade ocorrida nesses setores.
Como forma de não aceitação das insanas acusações do
presidente, ao colocar em dúvida a lisura o sistema eleitoral, sem apresentar provas,
grandes e importantes emissoras de televisão americanas, como ABC e NBC, tiraram
o discurso dele do ar, no exato momento do pronunciamento, sob a alegação de
que o mandatário estava mentindo e levando notícias falsas para os americanos e
o mundo, algo muito estranho para a relevância da autoridade do nível de
presidente dos Estados Unidos.
O certo é que, em diversos estados, os votos foram
enviados pelos correios, na forma previamente normatizada, por força da pandemia
do novo coronavírus, justamente para permitir maior segurança contra o contágio
do Covid-19, os quais começaram a ser contados apenas depois dos votos
depositados presencialmente, nos locais de votação, e muitos desses votos estão
sendo contestados pelo presidente, sem o mínimo de consistência jurídica,
porque tudo vem funcionando em conformidade com as regras estabelecidas pelas
autoridades pertinentes.
O candidato republicano fez questão de separar os
"votos legais" dos "votos ilegais", estes
considerados por ele, para afirmar, com base nisso, que ele já teria sido
vitorioso, mas ele não disse como se classificariam os votos ilegais, posto que
eles foram enviados legalmente pelos correios.
Ele disse que, "Se contarem os votos
legais, eu ganho facilmente, se contarem os votos ilegais, eles tentam mudar o
resultado", a par de acusar a zona de Filadélfia como foco de corrupção,
motivada somente pelo sistema de distanciamento dos representantes dos partidos
das mesas de apuração, fato este que foi resolvido, sem que isso pudesse
caracterizar forma de fraude nem corrupção nas apurações.
Causa espécie que o presidente somente questionou
os votos das zonas onde vem perdendo, não tendo acusado os votos idênticos nos
locais onde foi declarado vitorioso, o que pode demonstrar, de certa forma,
esperteza política, ao se condenar somente os votos que lhe são desfavoráveis.
Diante dos fatos
dissonantes disseminados pelo presidente norte-americano, o candidato democrata
reagiu pregando o respeito ao sistema democrático do seu país, tendo afirmado,
em alusão ao seu concorrente, que “Ninguém vai tirar a democracia de
nós. Nem agora nem nunca. A América foi longe demais, travou muitas batalhas e
suportou muito para permitir que isso aconteça.”.
Até mesmo aliados ao
presidente repelem o discurso dele, como é o caso de um republicano, que disse:
“Com seus comentários, na Casa Branca, esta noite, o presidente desrespeitou
todos os americanos que descobriram uma maneira de votar com segurança em meio
a uma pandemia que tirou a vida de 235 mil vidas.”.
Um senador declarou que “Nenhum
republicano deve estar satisfeito com as declarações do presidente. Inaceitável.”.
Não há a menor dúvida de que a autoridade de
presidente dos Estados Unidos, a maior potência mundial, precisa se pautar sob
comportamento de equilíbrio, compostura e seriedade compatível com o relevante
cargo que ocupa, de principal magistrado capaz de assegurar, ao contrário, credibilidade
e segurança ao sistema eleitoral do seu país, como de fato e de direito vem
ocorrendo, sem o surgimento de nenhum caso capaz de se confirmar as precipitadas
denúncias sobre irregularidades no processo das apurações dos votos.
Não tem o menor cabimento que o presidente
norte-americano se ache no direito de transmitir ao mundo situação que não reflete
a realidade daquele país, a ponto de precisar inventar casos imaginados nas
suas miragens, para tentar justificar seu possível insucesso nas urnas, em clara
demonstração de mau perdedor, que deveria ter a dignidade de cair, mas sem protagonizar
escândalo da pior magnitude, diante da transparência dos fatos que estão sendo
transmitidos para o mundo, mostrando exatamente que nada há que possa confirmar
as insanas suas declarações indiscutivelmente desequilibradas e espalhafatosas.
Enfim, não há sequer indícios de fraude nem
irregularidade na eleição para a Casa Branca, mas há sim é a derrota à vista do
presidente desesperado, que ficará sozinho com as suas denúncias inconsistentes,
na certeza de que ninguém é insensível para embarcar nessa insustentável
denúncia de vitória roubado do candidato democrata.
Pelo tanto de estrepolias e maquinações
protagonizadas no comando da Casa Branca, bem distanciado dos princípios civilizatórios
próprios dos grandes presidentes norte-americanos, à vista da contabilização por
órgãos da imprensa, de mais de vinte mil mentiras atribuídas a ele, pode-se intuir
que é chegado o momento ideal para que o verdadeiro empresário volte para o seu
império particular, dando por cumprida a sua passagem pela vida pública, sem
deixar a menor saudade para os verdadeiros homens públicos, que respeitam os princípios
democráticos.
Oxalá que o péssimo exemplo do mandatário
norte-americano fique restrito àquele país e que o seu povo se conscientize de
que as desesperadas e desconectadas palavras dele não passem de jus
sperniand, diante de situação que parece se configurar contrária aos seus
interesses políticos.
Brasília,
em 6 de novembro de 2020
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