domingo, 15 de novembro de 2020

O princípio básico da democracia

        Os principais veículos da imprensa norte-americana, como o NBC, o The New York Times e o Washington Post projetaram vitória do democrata no estado da Geórgia, e do republicano na Carolina do Norte, com a projeção de que o resultado final será de 306 a 232 delegados com vantagem para o democrata, que já vem sendo, há dias, considerado o novo presidente dos Estados Unidos da América.

A agência Associated Press ainda não declarou os resultados nos referidos estados, embora, de qualquer maneira, seja qual for o resultado anunciado ali, não haverá mais alteração quanto ao desenlace da eleição americana.

Em que pese praticamente já se ter o desfecho das apurações o republicano não conseguiu reverter, como se vê, nenhum resultado que ele alegara ter havido fraude, dando a entender que, na Justiça, a acusação sobre irregularidade carece, sobretudo, da comprovação dos fatos alegados.

Não obstante, ao que tudo indica, a confirmação dos resultados é o mesmo que se dizer que o republicano não consegui provar as suspeitas de fraude.

Entrementes, o presidente americano insiste em não reconhecer a derrota para o democrata e se esforça para recorrer à Justiça, mas é bem provável que as possíveis provas dele não são tão robustas para convencer os julgadores, que não impugnaram, até agora, os resultados das eleições em nenhum estado.

O presidente republicano reclama de supostas fraudes na apuração de alguns estados em que perdeu, mas, até agora, ele tem encontrado senão a afirmação das autoridades incumbidas da eleição e das apurações, que garantem a inexistência de irregularidade na contagem dos votos.

O certo é que, em 5 de novembro, a agência de notícias Associated Press já havia declarado o democrata vitorioso no Arizona, mas outros veículos da imprensa, como o canal de televisão CNN e o jornal The New York Times, se mantinham cautelosos, considerando que a disputa ainda estava em  aberto, até há pouco, quando reconheceram a vitória do democrata.

Convém que se ressalte que a projeção do resultado feita por estatísticos a serviço de institutos e meios de comunicação, como acaba de ser feita, não se trata de ato oficial, mas, por tradição, ela passa a ser aceita pela sociedade americana, em eleições presidenciais, precisamente em atenção à história democrática e político-eleitoral daquele país.

Diante dos fatos, em que o candidato republicano cantava a sua vitória nos tribunais e ainda menosprezava os resultados das urnas, consagrados pela vontade de mudança dos americanos, como se ele contasse com os melhores trunfos e provas consistentes para reverter fácil, fácil, o tempo mostra que ele se se vem se reduzindo a mera pessoa fanfarrona e precipitada, por não ter conseguido qualquer êxito, até o momento.

É extremamente deplorável que a autoridade do presidente da primeira potência mundial se digne a protagonizar situação tão vexatória que nenhum mandatário de republiqueta se atreveria a encenar peça bufa como essa, sob pena de temer ser ridicularizado pelo mundo civilizado.

O candidato republicano dá verdadeira lição ao mundo de como não deve se comportar o estadista concorrente a cargo público, por menor que ele seja, quanto mais no caso dele, que se trata do principal da esfera terrestre, de quem se espera o mínimo de racionalidade e sensatez.

É preciso que o homem público possa conhecer e receber o resultado das urnas com as mesmas dignidade e nobreza, tanto no caso de vitorioso como de perdedor, porque é exatamente assim que deve agir quem exerce cargo público eletivo.

Convém, em atenção aos princípios da civilidade e da cidadania, que é imperioso que sejam respeitadas as regras do jogo democrático, que tem como prevalência a vontade soberana do povo, que, nos Estados Unidos da América, disse, com muita clareza, que a Casa Branca precisava ser ocupada por alguém que respeite os direitos humanos, tenha sensibilidade para as questões mundiais e compreenda que a globalização é processo que impõem conversação, tolerância e contribuição sobre os assuntos relacionados com o desenvolvimento integral e compartilhado do planeta.

           Brasília, em 15 de novembro de 2020

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