domingo, 1 de novembro de 2020

Os princípios da evangelização...

         O direito à felicidade é universal, sendo impossível negá-lo a quem quer que seja, não importando as razões de consciência, pensamento nem ideologia e nesse ponto o papa jamais poderia pensar diferente, diante do Evangelho de Jesus Cristo, que tem como princípio exatamente a busca da fraternidade e do amor entre os homens, sendo que a síntese disso se confunde com a própria felicidade.

É preciso, isto sim, que o papa se esforce para que a Igreja Católica encontre mecanismo capaz de atrair para o seu seio todas as pessoas filhas de Deus, inclusive os homossexuais, exatamente porque em manual nenhum há regra estabelecendo as condições básicas para a classificação de quem pode ou não ser filho do Pai eterno, senão todos os homens.

Agora, o que muito se estranha é que a igreja tem a sua doutrina aplicável aos católicos, inclusive ao papa, e este vir a solidarizar-se com essa união, mas somente no aspecto civil, havendo aí brutal paradoxo de entendimento, exatamente porque os homossexuais são tanto filhos de Deus no civil como muito mais ainda no religioso, que diz essencialmente com a paternidade natural de legítimo filho de Deus.

Todo religioso, inclusive o papa, precisa se conscientizar de que Deus certamente não enxerga defeito nos seus filhos, se é que o homossexualismo possa ser considerado falha à luz Dele, diante da sua perfeição na criação do homem, sob a ótica de que ninguém nem nasceria se tivesse defeito físico ou moral, não importa, porque, para Deus, todos são seus filhos amados.

É preciso urgentemente que o papa encontre argumento suficiente para se reconhecer também o homossexual perante a Igreja Católica, em todos os sentidos civil, religioso e demais situações inerentes ao ser humano em si, sem o estabelecimento de qualquer condição, porque é exatamente dessa forma que se declara e se reconhece a plena dignidade humana, como pessoa filha de Deus, sem restrição, ressalva nem nada que possa servir de empecilho para o homem ser filho do Pai eterno e puder ser aceito normalmente no seio da Igreja Católica, que não é perfeita e padece de muitos pecados, inclusive mortais.

Espera-se que o Vaticano possa evoluir como instituição moderna e atualizada, à luz dos avanços naturais da humanidade, para o fim de abolir as doutrinas e os dogmas que sejam contrários aos princípios da evolução do ser humano, caso em que todo homem possa ser apenas considerado filho de Deus, independentemente das suas preferências, idiossincrasias ou sentimentos.

É preciso que o usufruto do direito sagrado da felicidade não possa ser condicionado por nada neste mundo, nem mesmo pela Igreja Católica, que precisa muito cuidar e se preocupar estritamente da evangelização que lhe compete, por excelência, quanto à sua primordial missão exclusivamente de catequização segundo os princípios essenciais do cristianismo.

Na era de pleno reconhecimento da modernidade, conquistada mediante os avanços dos conhecimentos científicos e tecnológicos, é preciso também que a Igreja Católica se reinvente nas suas estruturas, como forma salutar de se situar emparelhado com a atualidade, que aconteceu exatamente por obra e graça da vontade de Deus, porque nada surge, nasce e prospera sem que não tenha a mão Dele, segundo as pessoas que acreditam na existência desse ser supremo e poderoso.

Não faz o menor sentido que a Igreja Católica continue como instituição conservadora de dogmas que somente tendem a preservar a ideia de algo fechado, engessado, limitado e afeito à restrição do pensamento ou até mesmo como uma forma de controlar o comportamento do homem, porque nada disso condiz com os princípios saudáveis de evangelização dos ensinamentos de Jesus Cristo, que há mais de dois mil anos pregava a palavra de acolhimento de todas as pessoas, inclusive, entre outras, de prostituta e todas aquelas que confessavam a sua crença nas sagradas palavras Dele.

Por que se justificar a existência de certas doutrinas que, com elas ou não, em nada vai influenciar na grandeza da Igreja Católica como tal, que tem a doutrina maior definida de pura e essencial evangelização dos princípios da fraternidade e do amor entre os irmãos filhos de Deus, na própria formulação ressaltada pelo papa?

Do ponto de vista da doutrina católica, o que importa para Deus é exclusivamente a definição verdadeira e essencial quanto à fé e à crença no Evangelho de Jesus Cristo e nos mistérios revelados pelo Pai, como afirmação definitiva de filho de Deus.

Em princípio, salvo caso gravíssimo praticado contra suas doutrinas e seus dogmas, a Igreja Católica não tem competência para excluir ninguém dela, nem muito menos os homossexuais, porque eles são tão filhos de Deus quanto os mais puros e santíssimos religiosos, que pregam a palavra divina, mas fica, ao mesmo tempo, se preocupando com a vida de quem também tem direito de ser feliz na maneira escolhida para a viver no universo de Deus, segundo o livre arbítrio facultado aos homens de boa vontade.

           Brasília, em 1° de novembro de 2020

Nenhum comentário:

Postar um comentário