Fiéis
admiradores do padre de Divinópolis, Goiás, que presidia a associação incumbida
de arrecadar e controlar as doações destinadas à construção de catedral para o
Divino Pai Eterno, estão postando, nas redes sociais, a imagem do religioso,
com a face contrita voltada para altares e dizendo acreditar nas graças
divinas, como se ele tivesse se tornado vítima diante dos fatos protagonizados
por ele, depois de dar descaminho, desvio de finalidade de grande parcela dos
recursos, em cifras de milhões de reais, envolvendo operações irregulares, já
devidamente comprovadas pelo Ministério Público de Goiás.
Lamentavelmente,
os fatos apurados mostram muita podridão sob a gestão e aplicação de milhões de
reais provenientes de fiéis que, infelizmente, muitos dos quais ainda se
mostram acreditar nesse religioso, cujos fatos indicam verdadeiro mar de lama
pútrida manipulada com os recursos que seriam exclusivamente para a construção
da catedral do Divino Pai Eterno, a qual vem se arrastando, em obras, há quase
uma década, mas foram aplicados até na aquisição de casa luxuosa na praia,
entre outras aplicações fora da real finalidade proposta para a arrecadação.
É
incrível que ainda haja pessoas que acreditam na índole desse religioso que se
tornou fora da lei, por deixar de cuidar religiosamente do dinheiro entregue a
ele, para finalidade realmente importante, cuja soma ultrapassa em muito o
custo da obra, o que já era suficientemente indicativo de que não havia mais
necessidade desse absurdo de milhões e até de bilhões de reais.
Isso
por si só já era motivo de censura, ou seja, se arrecadar além do que se
precisava, mas nem disso foi capaz de sensibilizar nem o religioso e muito
menos seus fiéis seguidores.
Muito
pelo contrário disso, à vista da piedosa imagem dele tentando se passar por
todo injustiçado, como se ele tivesse sido vitimado e condenado injustamente,
como se ele não tivesse envolvido em verdadeiro escândalo totalmente incompatível
com as atividades religiosas da maior responsabilidade, tanto cristã como civil,
em termos de lisura com recursos vindos da sociedade.
Repita-se
que, à vista das investigações realizadas pelo Ministério Público de Goiás, trata-se
de religioso que não merece a menor credibilidade, principalmente porque ele não
teve a dignidade de assumir a sua fraqueza moral, à vista das irregularidades
por ele praticadas com o dinheiro que foi arrecadado de boa vontade de fiéis,
que acreditaram que estavam fazendo caridade para as obras do Divino Pai
Eterno, quando o dinheiro estava sendo aplicado em empresas estranhas à
finalidade da doação, ou seja, para a construção da catedral.
Acorda,
gente, para enxergar a realidade e deixar de apoiar gente desleixada e
irresponsável, que se finge de inocente e de vítima, além de ainda tentar
sensibilizar fiéis, para contar com a misericórdia de pessoas ingênuas e de boa
vontade, quando isso somente pode contribuir para acobertar atos criminosos,
prejudiciais tanto ao próprio Evangelho de Jesus Cristo como à fé religiosa, cujos
princípios se alicerçam, entre outros, na pureza, na honestidade e nos bons propósitos,
condutas essas que foram desviadas pelo religioso, conforme mostram os fatos
investigados.
O
padre pode até alegar que a Justiça não aceitou a denúncia feita pelo
Ministério Público contra ele, o que é verdade, mas somente porque o juiz
entendeu que o Estatuto da então entidade dirigida por ele não faz restrição quanto
à aplicação dos recursos em questão, que podem ser destinados para qualquer
forma de aplicação, inclusive para a formação de empresas de mineração,
mobiliária etc., mesmo que elas não tenham vinculação com a construção da
catedral.
Evidentemente
que sob esse aspecto, não teria realmente qualquer impedimento religioso nem
qualquer suspeição, mas o Ministério Público apurou desvio de dinheiro para
outras finalidades não previstas na construção da catedral, em especial a
compra de casa na praia, onde normalmente não existe atividade religiosa e isso
caracteriza desvio de finalidade, entre outras operações suspeitas de graves irregularidades,
conforme consta do processo pertinente, que, sob esse aspecto, não houve exame,
embora fosse necessário, para provar a culpa ou não do religioso, que era o
principal gestor desses recursos.
Trata-se
realmente de padre muito culto, tanto que consegue enganar os fiéis, com o
desvio da destinação do dinheiro doado por eles, e ainda conta com o apoio de
muitos deles, dando a entender que ele é o suprassumo da inteligência e da integridade
moral.
Até
parece que isso seja mesmo, porque, ao contrário, ele não encontraria ninguém
para o compartilhamento de suas mentirosas pregações, como essa, onde ele se
apresenta como sendo o homem mais piedoso e puro da face da Terra, tendo
inclusive caído na heresia de invocar o nome do santo nome de Deus, em
juramento que ele se diz merecedor das bondades celestiais, mas em momento
algum ele se refere aos fatos extremamente condenáveis levantados pelo
Ministério Público, que mostram a verdadeira face dele, de infiel depositário
do dinheiro oriundo de fiéis inocentes, que fizeram milionárias doações, no
autêntico sentimento de fé religiosa.
Brasília,
em 19 de novembro de 2020
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