Circula, nas redes sociais e na imprensa, notícia sobre a estranheza de
que o presidente da República decidiu nomear o reitor da Universidade Federal
da Paraíba, na pessoa do professor indicado na terceira colocação da lista
tríplice.
Com absoluta certeza, isso pode mostrar que o padrinho político do novo
reitor tinha muito mais poder do que os padrinhos dos outros dois candidatos à
sua frente, porque já tornou “regra” que não basta somente competência
profissional para se galgar tão importante cargo, mas sim que a “pistolagem”
seja bastante afinada com a autoridade da República, que assina o ato
pertinente.
Infelizmente até possa ser que os outros dois candidatos tenham até mais
capacidade e tem, pelo menos, em termos de simpatia junto aos colegas que os
elegeram, mas o poderoso sistema do “mérito” em vigor funciona sob a estranha
forma de bastante influência junto às autoridades da pobre e retrógrada
República.
Não se pode ignorar, porque não há nada demais nisso, que o terceiro
colocado na preferência daqueles que os indicaram tenha sido o escolhido pelo
presidente do país, para assumir o relevante cargo de reitor da UFPB, porque,
entre os três, ele pode escolher qualquer um deles, que se trata da lista de
três para a indicação de um deles, mas, em princípio, o primeiro indicado
deveria merecer o mínimo de consideração, exatamente para justificar e
prestigiar a lisura e a importância do processo democrático de seleção vigente
nas universidades, que é o caminho melhor indicado, em termos de civilidade e
democracia.
Certamente que algum atributo o primeiro colocado tem a mais em relação
ao terceiro, que pode ser muito competente também, mas, enfim, não seria mais
justo que o primeiro da lista tivesse a confirmação do seu nome, à vista da
rigorosa seleção havida, por ter seu mérito reconhecido e validado pelos pares
e quem mais tenha participado do certame?
Não se pode dizer que o presidente do país tenha sido injusto com
relação ao primeiro colocado, mas, com absoluta certeza, a sua decisão contou
com a ajuda do "jeitinho" brasileiro, que normalmente funciona soberanamente
nesses casos, em claro detrimento do verdadeiro mérito, porque a formação da
lista tríplice para facilitar a escolha do presidente, dizendo que o primeiro é
o candidato que, no processo democrático de escolha, conseguiu reunir os
requisitos ideais para preencher as exigências para o árduo e relevante comando
da instituição.
Não obstante, depois de tudo concluído e acertado, em estrita obediência
ao rito normativo, pela ordem de preferência dos participantes do processo
considerado justo, aparece alguém estranho ao sistema, que não conhece
absolutamente nada sobre o métier da instituição, mas tem notórios influência e
poder, e simplesmente resolve alterar o que teria sido ajustado e resolvido
pelos interessados, de maneira democrática, causando nítido transtorno ao
salutar processo de escolha democrática.
Diante do acorrido, é aconselhável que o professor primeiro colocado da
liste de que se trata, tenha o devido cuidado, no próximo pleito, de se
agarrar, com unhas e dentes, a padrinho político bastante poderoso, sob pena de
sua senhoria levar a segunda carona consecutiva, na sabença de que, neste pobre
e escorregadio Brasil, anda na frente quem tem a inteligência de se segurar,
infelizmente, em padrinho de “costas largas”.
Enfim, desejo bastante sucesso na gestão do reitor nomeado para comandar
a Universidade Federal da Paraíba, por ter demonstrado muito mais competência,
em termos de articulação política, do que os seus igualmente brilhantes
concorrentes.
Parabéns, mestre!
Brasília, em 7 de novembro de 2020
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