sábado, 7 de novembro de 2020

Desprezo ao mérito?

 

Circula, nas redes sociais e na imprensa, notícia sobre a estranheza de que o presidente da República decidiu nomear o reitor da Universidade Federal da Paraíba, na pessoa do professor indicado na terceira colocação da lista tríplice.

Com absoluta certeza, isso pode mostrar que o padrinho político do novo reitor tinha muito mais poder do que os padrinhos dos outros dois candidatos à sua frente, porque já tornou “regra” que não basta somente competência profissional para se galgar tão importante cargo, mas sim que a “pistolagem” seja bastante afinada com a autoridade da República, que assina o ato pertinente.

Infelizmente até possa ser que os outros dois candidatos tenham até mais capacidade e tem, pelo menos, em termos de simpatia junto aos colegas que os elegeram, mas o poderoso sistema do “mérito” em vigor funciona sob a estranha forma de bastante influência junto às autoridades da pobre e retrógrada República.

Não se pode ignorar, porque não há nada demais nisso, que o terceiro colocado na preferência daqueles que os indicaram tenha sido o escolhido pelo presidente do país, para assumir o relevante cargo de reitor da UFPB, porque, entre os três, ele pode escolher qualquer um deles, que se trata da lista de três para a indicação de um deles, mas, em princípio, o primeiro indicado deveria merecer o mínimo de consideração, exatamente para justificar e prestigiar a lisura e a importância do processo democrático de seleção vigente nas universidades, que é o caminho melhor indicado, em termos de civilidade e democracia.

Certamente que algum atributo o primeiro colocado tem a mais em relação ao terceiro, que pode ser muito competente também, mas, enfim, não seria mais justo que o primeiro da lista tivesse a confirmação do seu nome, à vista da rigorosa seleção havida, por ter seu mérito reconhecido e validado pelos pares e quem mais tenha participado do certame?

Não se pode dizer que o presidente do país tenha sido injusto com relação ao primeiro colocado, mas, com absoluta certeza, a sua decisão contou com a ajuda do "jeitinho" brasileiro, que normalmente funciona soberanamente nesses casos, em claro detrimento do verdadeiro mérito, porque a formação da lista tríplice para facilitar a escolha do presidente, dizendo que o primeiro é o candidato que, no processo democrático de escolha, conseguiu reunir os requisitos ideais para preencher as exigências para o árduo e relevante comando da instituição.

Não obstante, depois de tudo concluído e acertado, em estrita obediência ao rito normativo, pela ordem de preferência dos participantes do processo considerado justo, aparece alguém estranho ao sistema, que não conhece absolutamente nada sobre o métier da instituição, mas tem notórios influência e poder, e simplesmente resolve alterar o que teria sido ajustado e resolvido pelos interessados, de maneira democrática, causando nítido transtorno ao salutar processo de escolha democrática.

Diante do acorrido, é aconselhável que o professor primeiro colocado da liste de que se trata, tenha o devido cuidado, no próximo pleito, de se agarrar, com unhas e dentes, a padrinho político bastante poderoso, sob pena de sua senhoria levar a segunda carona consecutiva, na sabença de que, neste pobre e escorregadio Brasil, anda na frente quem tem a inteligência de se segurar, infelizmente, em padrinho de “costas largas”.

Enfim, desejo bastante sucesso na gestão do reitor nomeado para comandar a Universidade Federal da Paraíba, por ter demonstrado muito mais competência, em termos de articulação política, do que os seus igualmente brilhantes concorrentes.

Parabéns, mestre!

Brasília, em 7 de novembro de 2020

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