sábado, 14 de novembro de 2020

Prova forjada

 

Um funcionário dos correios da Pensilvânia admitiu ter forjado a denúncia sobre suposta fraude nas eleições presidenciais dos Estados Unidos da América, de acordo com informação prestada pelo jornal Washington Post.

A aludida acusação falsa foi uma das várias alegações sem provas usadas pelo candidato republicano derrotado, para respaldar a sua negação de admitir a derrota nas urnas para o democrata.

O funcionário dos correios havia denunciado o sistema fraudulento, alegando que o chefe do sistema postal do condado de Erie, na Pensilvânia, teria supostamente instruído funcionários a adulterar as datas das cédulas enviadas por correio.

Não obstante, as autoridades eleitorais da Pensilvânia disseram que o funcionário retirou as declarações, sob a  admissão de que ele as havia forjado e as denunciou.

O chefe do serviço postal de Erie disse que o funcionário "foi várias vezes advertido, recentemente".

A denúncia falsa em referência teria sido uma de muitas que estão sendo usada pelo candidato republicano derrotado como argumento para disputa judicial, na Pensilvânia.

Impende se ressaltar que outro jornal também americano, o The New York Times, publicou reportagem mostrando que autoridades dos 50 estados americanos declararam que não foi encontrado nenhum indício de fraude eleitoral, como alegado pelos republicanos.

Em princípio, o candidato republicano derrotado vem suspeitando, com maior intensidade das cédulas enviadas pelos correios, sob a alegação de ter havido nesse procedimento muitas fraudes e, por via de consequência, o prejudicado.

Convém se observar que a votação por correio é legalmente permitida na Pensilvânia, desde que as cédulas fossem postadas até a data da eleição, em 3 do fluente mês.

A contagem desses votos ajudou na vitória do democrata e contribuiu para levar o candidato republicano à loucura, que continua completamente desnorteado, tendo conseguido perder o senso de civilidade e perdido o respeito aos princípios democráticos.

A demora na contagem dos votos por correio levou ao que a imprensa americana denominou de “miragem vermelha”, em que a vantagem inicial do republicano foi sendo revertida ao longo da apuração.

O referido fenômeno foi constatado nos estados da Pensilvânia, do Michigan, do Wisconsin e da Geórgia, precisamente alguns dos locais onde o atual presidente ainda tenta contestar judicialmente os resultados, por entender que houve fraude na eleição.

Ao que tudo indica, o presidente americano pode perfeitamente exercer o direito de questionar, sob a ótica do jus sperniand, na tentativa de reverter o resultado das urnas, mas a sua enorme dificuldade parece ser exatamente a falta de elementos probantes e, quando finalmente aparece, logo é desmentido, por ser fruto de declaração forjada, que não se sustenta nos tribunais, exatamente porque a contraprova levaria fatalmente ao desmascaramento do denunciante, fazendo com que o presidente americano fosse ridicularizado.

É bem possível que esse fato possa contribuir para alertar o presidente derrotado de que nem todas as denúncias são verdadeiras e as que prosperarem certamente serão descartadas no curso das investigações à vista de somente haver suspeita de fraude nos estados onde ele foi derrotado, na vã presunção de que, nos estados onde ele foi vitorioso somente houve regularidade e normalidade nas urnas, o que não deixa de ser muito estranho, diante da incoerência.   

Na verdade, é muito provável que, em muitos casos, as denúncias sobre fraudes eleitorais até possam se confirmar nos tribunais, mas não ao ponto de haver reversão do resultado das urnas, porque elas refletem grande vantagem do candidato democrata sobre o seu opositor.

Convém se atentar, a propósito, para o fato de que os cinquenta estados americanos tenham atestado total ausência de fraudes nas eleições, o que vale a ilação de que as irregularidades apontadas pelos republicanos não poderiam ser tão alarmantes assim, a ponto de não terem sido percebidas pelos comitês responsáveis pelas apurações, conforme a afirmação unânime deles, publicada pelo jornal The New York Times, em reportagem especial que diz que autoridades dos estados americanos declararam que desconhecem indício de fraude eleitoral.

O resumo da ópera, nesse caso, fica cada vez mais distante de ser conhecido, exatamente porque as autoridades, responsáveis diretamente pelas eleições e apuração dos votos, atestaram que não foi identificado nenhum indício, quanto mais comprovação, de fraude no processo eleitoral, em contraponto à parte de  quem não participou desse métier, que alega a existência de irregulares graves, a ponto de questionar os resultados do pleito, sem apresentar provas, e não reconhecer a vitória do democrata.

Brasília, em 13 de novembro de 2020  

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