segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Quanta esperança...

 

Segundo artigo revisado por pares e publicado na revista científica Lancet Infectou Diseases, a vacina contra a Covid-19, fabricada pelo laboratório chinês Sinovac, é segura e tem capacidade para produzir resposta imune no organismo, em 97% dos casos, por 28 dias, após a sua aplicação.

Os resultados são fruto da análise dos ensaios clínicos das fases 1 e 2 conduzidos na China, nos meses de abril e maio, com 744 voluntários saudáveis de 18 a 59 anos e sem histórico de infecção pelo coronavírus Sars-CoV-2.

Na última semana, as farmacêuticas Pfizer e Moderna divulgaram resultados preliminares e animadores mais avançados, compreendendo a fase 3, com base em análise interina de dados, os quais apresentaram eficácia acima de 90%.

A boa notícia é que a vacina induziu à produção de anticorpos neutralizantes, que têm por função justamente impedir a entrada do vírus nas células, sugerindo que a vacina pode ser eficaz no bloqueio à infecção e não apenas impedir o desenvolvimento da doença.

          Os pesquisadores disseram que foi observado positivamente que a aplicação de duas doses com intervalo de 28 dias entre elas foi o melhor procedimento para se alcançar mais rapidamente a taxa elevada de anticorpos no sangue.

Os autores afirmaram que, diante da situação de emergência da pandemia, em intervalo de 14 dias entre as doses já é possível detectar anticorpos no sangue, e essa experiência pode ser importante opção para a imunização mais rapidamente da população.

Os efeitos adversos reportados nas pesquisas foram brandos ou quase nulos, sendo que o mais comum deles foi a dor no local da injeção, à vista da queixa de apenas cerca de 35% dos participantes de cada grupo.

Também não houve a constatação de algum efeito colateral grave que implicasse na ocorrência de falha na segurança da vacina, o que poderia levar à mudança de rumos.

Segundo os pesquisadores, a vacina da farmacêutica Sinovac é produzida a partir de vírus inativados, cuja ideia é modificar o coronavírus Sars-CoV-2, tornando-o não infectante.

A farmacêutica Sinovac esclareceu que, a partir da fase 2, ela usa biorreatores no fabrico da vacina, que é equipamento como espécie de “fábrica celular” industrial que utiliza somente o calor, matéria-prima (células ou partes dela) e movimento para produzir em larga escala células infectadas, cujo procedimento permite que o vírus seja inativado e incorporado na vacina.

A empresa esclareceu que a produção de vacina com o vírus total inativado é semelhante à utilizada para a produção da vacina da raiva, que tem como princípio a necessidade de grandes testes de segurança, na sua fase 3, exatamente a que está em curso no Brasil, que tem duração, no mínimo, de seis meses.

Segundo a empresa, é nessa fase que podem aparecer algumas importantes dúvidas, como o tempo de duração da proteção contra o vírus, se o imunizante é capaz de impedir a infecção ou apenas proteger contra o quadro mais severo da doença e se a vacina induz resposta imune das células T.

A empresa esclarece que também já deu início a estudo clínico de pessoas com mais de 60 anos de idade, cujos resultados preliminares apontam para resposta imune nesse grupo, embora mais baixa do que a observada em indivíduos com idade entre 18 e 59 anos, para cuja faixa etária a vacina também se mostrou segura.

          O certo é que, no momento, embora tenha se investido maciçamente em recursos materiais e pessoais, ainda inexiste vacina aprovada em definitivo, para uso na população, com a necessária eficácia, destinada ao combate da Covid-19.

O fato é que há dezenas de imunizantes em estudos, que estão em testes, inclusive em humanos, proveniente de diferentes países e com o emprego de tecnologias distintas e de ponta, na expectativa de que essa terrível pandemia seja eliminada da face da Terra, o que será, sem dúvida, o maior milagre dado por Deus.

A esperança dos brasileiros era a de que a vacina contra o Covid-19 fosse aplicada logo no início do próximo ano, mas é preferível que ela somente se torne realidade quando a sua eficácia estiver plenamente comprovada, como forma de se transmitir completa segurança para a população.

O importante é que as empresas especializadas e os governos estão investindo pesadamente na produção da vacina que possa efetivamente imunizar a população e contribuir para reduzir drasticamente os efeitos desse terrível vírus.

Para quem já ficou no isolamento social, por longos e quase insuportáveis mais de oito meses, outros meses a mas de espera é apenas forma de paciência que compensa esperar por vacina segura e eficaz, para se assegurar bem-estar e garantia de vida longa e saudável.

Brasília, em 23 de novembro de 2020  

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