quarta-feira, 18 de novembro de 2020

O antiestadista

  

O candidato derrotado à Presidência dos Estados Unidos, enfim, pela primeira vez, resolveu mencionar reconhecimento sobre a vitória do candidato democrata, nas eleições presidenciais americanas, do dia 3 do fluente mês.

Em mensagem no Twitter, o presidente republicano afirmou, sem citar o nome do candidato vitorioso, que "Ele ganhou porque as eleições foram fraudadas", mas, sobre as ditas fraudes invocadas por ele, falecem provas materiais para autenticação das suas confirmações, foto este que, mesmo assim, não o convence em aceitar a realidade das urnas, salvo por deliberada intenção de tentar tumultuar o regular processo eleitoral americano. 

Acontece que, logo depois de publicar o citado texto, o republicano voltou atrás, para dizer que "Ele só ganhou aos olhos da mídia de notícias mentirosas. Eu não concedo nada! Temos um longo caminho a percorrer. Essa foi uma eleição fraudada!".

Ao contrário do que é afirmado pelo candidato derrotado, autoridades eleitorais de todos os estados dos EUA já afirmaram que não encontraram indícios de fraude na vitória do candidato democrata, de acordo com levantamento realizado pelo jornal The New York Times, conforme reportagem publicada no último dia 11.

Aquele jornal disse que entrou em contato direto com os escritórios de autoridades eleitorais em todos os 50 estados do país, entre os últimos dias 9 e 10, em que 45 responderam diretamente à publicação e outros quatro estados já tinham divulgado que as eleições ocorreram sem qualquer anormalidade ou problema, dando por confiáveis os resultados até então divulgados, à vista da confirmação sobre a lisura das eleições que estão sendo indevidamente postas em dúvidas pelo desesperado candidato derrotado nas urnas.

Além do aludido levantamento do jornal, funcionários do Departamento de Segurança Interna afirmaram que “não há evidências de que qualquer sistema de votação excluiu ou perdeu votos, alterou votos ou foi de alguma forma comprometido”.

À luz da citada afirmação, o bom senso e a racionalidade aconselham que precisam prevalecer as informações das autoridades eleitorais, por terem sido elas que acompanharam a votação e as apurações, tendo poder legal para a confirmação sobre a regularidade dos procedimentos adotados nas eleições.

A verdade é que os fatos, por si sós, são suficientemente capazes de contestar as alegações de pouca consistência invocadas por parte de quem apenas tem o direito de estrebuchar, em razão da indiscutível derrota impingida pelos americanos, que querem vê-lo a distância da Casa Branca.

Há informação de que, em alguns poucos estados, houve o reconhecimento de pequenos problemas comuns, passíveis de acontecimento nas eleições, mas que eles foram ou estavam sendo devidamente corrigidos, a exemplo de duplicação de votos, falhas técnicas e pequenos erros matemáticos, que não tiveram nem têm o condão de prejudicar em nada o resultado soberano das urnas.

Na verdade, o que realmente pode ter acontecido, e isso é reconhecido por autoridades eleitorais, é que pequenos e insignificantes erros tenham sido utilizados pelo republicano para aumentar e generalizar a abrangência deles, a ponto de alguém com o poder e a autoridade de mandatário dos Estados Unidos concluir, sem qualquer base, que as “eleições foram fraudadas”.

Isso tem o objetivo claro  de dar a impressão de que as irregularidades são monstruosas e que, por via de consequência, elas teriam o terrível poder de prejudicá-lo, mediante a computação de votos irregulares, quando os fatos suspeitos foram e são passíveis de saneamento e não resultaram em alteração substancial das súmulas finais da contabilização dos votos válidos e suficientes para eleger regularmente o candidato democrata.

No nível da democracia dos Estados Unidos, não passa de desastrosa afronta aos princípios civilizatório e republicano, o sentimento de antiestadista do presidente norte-americano, que preferiu ignorar a regular dinâmica das apurações para tentar colar a existência de graves irregulares no sistema eleitoral, com elevada capacidade para invalidar a vitória do seu opositor, que não tem nada que esperar com o reconhecimento ou não por parte do inconformismo de quem não aprendeu a perder, com a dignidade dos verdadeiros homens públicos, que até podem considerar imaculabilidade nas eleições, desde que realmente tenham o respaldo de provas robustas e consistentes, diferentemente de quem insiste na alegação de pura fantasia sobre fraude eleitoral.

Há de se convir que, à vista dos fatos reais, o candidato republicano se encontra tão desacreditado e desmoralizado que as suas alegações sobre eleições fraudadas têm a única finalidade de dificultar a formalização racional e civilizada da transição de governo, que já está sedo retardada em virtude do não reconhecimento sobre a vitória consagradora do seu opositor, com a confirmação, nas urnas, do desejo do povo americano de colocar na Casa Branca homem público com a consciência harmoniosa com os princípios democráticos e a importante evolução da humanidade, imprimidos pela imperiosa necessidade de mudanças na administração dos Estados Unidos e do mundo.   

               Brasília, em 17 de novembro de 2020  

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