O candidato à reeleição ao cargo de prefeito de
Uiraúna, Paraíba, postou propaganda política, nas redes sociais, onde consta
escrito dentro de círculo: “O POVO APROVA SEGUNDO” e “A ADMINISTRAÇÃO DO
PREFEITO SEGUNDO SANTIAGO”, no mesmo lado onde também consta a indicação de
62,7%, enquanto ao lado foi escrito “O HOMEM DISPAROU”, com a indicação de
51,9% para ele e 44,2% para a candidata da oposição, tudo fazendo menção ao
resultado da pesquisa realizada pelo Instituto Opinião.
Com
a devida vênia, é preciso que se diga a verdade para o povo, em especial, na
campanha eleitoral, para que não se transmita propaganda enganosa, na tentativa
de se mostrar algo absolutamente irreal, inconsistente com a verdade dos fatos,
considerando que é dever do político e da sua propaganda eleitoral se falar
somente a verdade.
Pois
bem, a propaganda justa e verdadeira, sem tapeação nem manipulação eleitoreira,
precisa dizer simplesmente o certo para o povo, no sentido de que, no caso em
epígrafe, realmente 62,7% de apenas, precisamente, 260 eleitores pesquisados,
conforme resultado apresentado pelo aludido instituto, aprovam a administração
do prefeito Segundo Santiago e não o povo, porque, nesse caso, até a oposição estaria
aprovando o trabalho do prefeito.
De
igual modo, é preciso deixar muito claro que 51,9% desses mesmos 260 eleitores
pesquisados, ou seja, 135 pessoas disseram que votam no candidato da situação e,
convenhamos, com base nisso, em apenas 2,5% dos eleitores, conforme foi a abrangência
da pesquisa, entre 260 eleitores de aproximadamente 10.500 votantes, não é
suficiente para se afirmar que o homem disparou, diante da insignificância do
universo pesquisado, repita-se, apenas 2,5% dos votantes.
A
mentira da propaganda fica estampada nas palavras do círculo, quando diz, em
letras garrafais: "O POVO APROVA SEGUNDO" e indica, abaixo, o número da
pesquisa, no percentual de 62,7% dos eleitores, quando deveria, por questão de
honestidade da propaganda eleitoral, também se mencionar especificamente os
eleitores pesquisados, que foram, repita-se, 260 pessoas, o que equivale se
afirmar que somente 163 pessoas aprovam a administração do prefeito Segundo, de
acordo com a pesquisa em apreço, e não "O POVO" por se tratar de
visível generalização proposital e maquiavelicamente ridícula e mentirosa, com
a finalidade, talvez, de distorcer a realidade dos fatos.
Ao
se dizer que o povo aprova, implicitamente a propaganda abrange a população da
cidade, que também arrola a oposição, de forma indevida, porque ela também integra
o povo, na sua totalidade, e isso é que faz com que, nas publicidades eleitorais,
sejam visados os objetos capazes de somente contribuir para o que for de
interesse do candidato, sem ultrapassá-lo, como nesse caso, em que a propaganda
vai além do razoável.
Para
o bom entendedor, a maneira como se transmite as informações e as propagandas
eleitorais precisa ser a mais correta possível, porque, do contrário, na forma
como consta da propaganda em causa, há explícita manifestação da vontade de
enganar e confundir o eleitor, por se tratar do aproveitamento de resultado de
pesquisa para generalização indevida e leviana, quando a verdade poderia até
resultar em melhores frutos, diante da evidência de fatos reais que são
imprescindíveis para o povo avaliar e decidir em quem vai votar, precisamente
por falar a verdade e não precisar usar expediente mentiroso.
O
povo, que é o eleitor, precisa e bem merece receber informações exatas,
corretas que reflitam a realidade, porque é dessa maneira que devem se
comportar os políticos imbuídos dos bons propósitos.
Sei
perfeitamente que essa minha análise pode até servir para desgostar e contrariar
interesses, mas deixo claro que o meu propósito é apenas o de mostrar que o bom
e honesto homem público pode ser prejudicado porque o processo eleitoral pode ter
se desviado das suas finalidades verdadeiras e das propagandas honestas, justas
e estritamente voltadas para a apresentação de informações e metas de trabalho,
formalizadas com base em elementos de pureza e sinceridade, com capacidade real
para a construção do desenvolvimento exclusivamente do bem e do progresso.
Convém
que sejam evitados os expedientes que tenham por visíveis intenções se tirar
proveito de situações para prejudicar os concorrentes, em clara corrida do mal
contra o bem, em que, em síntese, o povo termina sendo o perdedor, justamente
porque, quase sempre, o vitorioso pode ser aquele que foi superiormente mais
esperto nesse jogo que continua extremamente perigoso, lamentavelmente.
Por
fim, na referida propaganda, consta declarada a seguinte expressão: "A
VERDADE É ESSA".
Para
o bem da verdade e da honestidade políticas, fica a indagação no ar: Essa é
realmente a verdade dos fatos, à luz do resultado da pesquisa em apreço?
Brasília,
em 14 de novembro de 2020
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