terça-feira, 24 de novembro de 2020

A UNIÃO FAZ A FORÇA?

Nos últimos dias, tenho escrito algumas crônicas acerca da denúncia feita por vereador de Uiraúna, Paraíba, na qual ele mostrou obras que vinham sendo executadas em propriedade particular, com o uso de retroescavadeira, caçambas, combustíveis e pessoal sob a administração da prefeitura daquela cidade, evidenciando possíveis irregularidades da aplicação de recursos públicos.  

Muitas pessoas se manifestaram em solidariedade aos meus textos, sendo que um conterrâneo escreveu mensagem dando a entender o seu sentimento de desilusão, por vislumbrar que essa pouca-vergonha do uso de bens públicos, em propriedade particular, sempre aconteceu de longa data, naquele município, e continuará existindo, insinuando que se trata de prática enraizada na cultura da cidade, que será muito difícil a sua eliminação.

Não obstante, o atento e cuidadoso cidadão Rinaldo Firmo Rodrigues, que tem brilhante histórico de zeloso, ao extrema, da coisa pública, escreveu importante mensagem, vazada nestes termos: “Meu amigo, fico feliz por ver você, sempre sensato, dando lição a um falso defensor dos interesses do povo de sua cidade. Pena que não queira exercer atividade política, pois certamente iria trabalhar em prol de seus conterrâneos, tornando sua cidade modelo para as demais. Peço desculpas a seu primo, mas é devido ele e milhares de brasileiros acharem "que é muito difícil de acabar essa mamata", que o nosso BRASIL está vivendo toda esta crise. É bom ele saber que ainda temos muitos milhares de ADALMIR, patriotas, que podem fazer com que o nosso BRASIL sirva exemplo para os demais países.”.

Em resposta à lúcida ponderação, eu digo ao ilustre cidadão Rinaldo Firmo que o seu importante apoio aos meus textos mostra a sua valiosa visão sobre a necessidade do zelo com o patrimônio dos brasileiros, quanto à preservação e a boa aplicação do dinheiro dos contribuintes, que poderia ser melhor cuidado se a população fosse mais conscientizada sobre o seu verdadeiro valor.

É bem provável, ao que tudo indica, que lá em Uiraúna, já apareceu o paladino em defesa do interesse público, na pessoa do vereador que denunciou o uso de máquinas e equipamentos da prefeitura em obras particulares.

Pelo menos, tem-se a esperança de que ele, doravante, seja vigilante permanente e intransigente, como agente compromissado com a defesa da causa pública, não aceitando mais que os protegidos da situação venham a se beneficiar de serviços graciosos com a facilitação do governo local, no caso da nova administração, que foi eleita tendo por principal lema a marca das mudanças, onde se inserem, por certo, o aprimoramento dos serviços públicos da sua incumbência legal e a moralização da administração do município.

Realmente, se fosse possível, eu gostaria muitíssimo de administrar a minha querida cidade, nem que fosse por pouco tempo, somente o suficiente para eu mostrar um pouco da minha experiência de mais de 30 anos de serviços prestados ao Tribunal de Contas do DF, com o valioso adjutório do tempo prestado à Aeronáutica.

Não obstante, impende lembrar que não basta somente a experiência do administrar público, porque a boa gestão pública depende muitíssimo da colaboração, da ajuda, da compreensão e, em especial, da boa vontade da população, porque nenhum gestor consegue realizar excelente administração se ele se isolar e se considerar o dono da verdade, desprezando a imprescindível colaboração do povo em geral, por ele ser exatamente a razão de existir o líder, o cabeça do município, que precisa trabalhar em conjunto com as pessoas, de modo que essa união de propósitos seja capaz de contribuir para a superação de dificuldades e o atingimento dos melhores objetivos sociais e econômicos, capazes de se promover o desenvolvimento do município.

Tenho dito e repito, a nova administração de Uiraúna precisa se unir, se inteirar com a população, para a formulação das políticas de governo, de modo que seja possível o estabelecimento de prioridades comuns, evidentemente observados os meios e as condições ao alcance do município, se possível, com a aceitação das ponderações dos interesses das comunidades, obviamente sem olvidar as questões maiores e gerais do município.

Eu sei que nunca irei trabalhar como administrador da minha amada terra natal, diante das reais circunstâncias, mas, como gesto da maior boa vontade, me coloco à disposição para ajudar e colaborar no que for possível, na medida das viabilidades, e no que estiver ao meu alcance, porque sinto que, por mais inteligente e conhecedor das causas públicas, sempre falta ao gestor público algum detalhe que pode ser fundamental e influenciar na facilitação das medidas que possam contribuir para a melhora da vida e do bem-estar da população.

É justamente pensando assim que me ofereço para contribuir com a minha experiência, que imagino possuir, para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar dos meus conterrâneos.

Como contribuição pioneira, sem que ninguém tenha pedido, mas por se tratar da maior importância para o município e a população de Uiraúna, em início de trabalhos, faço apelo à nova administração no sentido de que promova urgente medida no sentido de eliminar a perniciosa e inaceitável divisão que sempre existiu entre a população, consistente na dicotomia entre situação e oposição, tendo enorme influência na prestação dos serviços públicos da prefeitura, onde há maior interesse no atendimento, com maior facilidade, para as pessoas que apoiam o prefeito.

O exemplo clássico disso é a prestação do serviço de saúde pública, entre todos, onde o pessoal que apoia a situação tem mais facilidade ao seu acesso, enquanto as pessoas da oposição têm sim atendimento, mas aos costumes, na medida do possível e isso é nefasta cultura que precisa ser eliminada no primeiro dia do novo governo, com o anúncio em público da decretação da saudável prática de acabar com esse terrível e inaceitável apartheid.

Assim, é aconselhável que a nova administração do município se esforce para eliminar, com urgência, essa deplorável situação, que tem o condão de expor pequenez humana e incompetência administrativa, tendo por princípio de que o gestor público não pode promover discriminação entre pessoas sob o emprego de recursos públicos, posto que a prestação dos serviços públicos visa, indistintamente, à satisfação da população, como forma do atendimento do interesse público.

Há a esperança de que essa triste realidade tenha fim, em definitivo, na querida Uiraúna, porque a sua população não merece essa herança maldita, principalmente sob os ares das mudanças prometidas, que devem ter por base somente brilhantes ideias, em benefício da sociedade e em harmonia com saudáveis princípios de civilidade e cidadania.

         Brasília, em 24 de novembro de 2020   

Nenhum comentário:

Postar um comentário