Os
Estados Unidos da América, que são os líderes mundialmente da economia,
demonstraram deficiências na administração da pandemia, em que pese a sua
gigantesca rede de comunicação e tecnologia, pesquisa e estrutura biomédicas e
científicas avançadas, conseguir liderar em infecções e mortalidade superiores aos
países de modesta economia.
Não
há dúvida de que isso evidencia que a potência mundial fracassou quanto às
estratégias de combate contra a pandemia do novo coronavírus, conforme foi
afirmado pelo importante New England Journal of Medicine (NEJM), que
disse, em estreita síntese, em seu editorial intitulado “Morrendo em um
Vácuo de Liderança: Eles assumiram uma crise e a transformaram numa
tragédia.”.
Para
patentear a força dessa afirmação, em 208 anos da bastante celebrada e
respeitada publicação de medicina do mundo, o referido editorial foi apenas o 4º
assinado por todos os editores, no total de 34, cujo conteúdo tem o peso de
duras críticas, pela primeira vez, ao governo norte-americano.
O
aludido editorial disse, obviamente em alusão ao governo norte-americano, que “O
governo federal abandonou vastamente o controle da doença aos Estados. Os
governadores variaram em suas respostas, não tanto em razão de seus partidos,
mas de sua competência. Mas seja qual for sua competência, os governadores não
têm as ferramentas que Washington controla. Ao invés de utilizar essas ferramentas,
o governo federal as minou.”.
A
verdade é que os EUA, com notório e avantajado poderio da infraestrutura biomédica
e industrial, fracassaram no combate à pandemia em causa, à vista das
evidências, quanto ao provimento de instrumentos capazes de proteger, de maneira
segura, a população e as pessoas à frente do tratamento dos infetados, deixando,
em especial, de promover testes em massa, a exemplo do que fizeram alguns países
com maior nível de prevenção, tendo, com isso, conseguido evitar maiores danos
à população.
No
país onde surgiu o vírus, a China, por exemplo, foram adotadas, em adequado tempo,
consistentes medidas de isolamento social, como forma de contenção do surto, no
seu nascedouro, tendo conseguido taxa de mortalidade, pelo Covid-19, de 3
pessoas para cada milhão, enquanto, nos EUA, essa taxa ficou na metade, ou
seja, em 3 pessoas por 500 mil.
À
exceção às referências aos recursos financeiros e tecnológicos, o que são naturais,
os termos do supracitado editorial poderiam perfeitamente ser aplicáveis à situação
do Brasil, ante à similitude de exatos diagnósticos protocolados em ambos os
países.
Nos
dois países, a adoção das medidas de isolamento aconteceu tardiamente, tanto em
inconsistência como pela deficiência de fiscalização, sendo observado que
muitas pessoas ainda preferem não usar máscaras, conquanto que há lideranças
que alardeiam que elas são meios de controle político e ineficazes para reduzir
o contágio do vírus.
O
grau de desperdícios da eficiência no combate à pandemia diz até mesmo no emprego
de pessoas despreparadas para o enfrentamento do mal, a exemplo do próprio ministro
da Saúde brasileiro, que confessou, até ingenuamente, que até antes de
ingressar no ministério: “não sabia nem o que era o Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Isso
bem demonstra, com muita precisão, a maneira atabalhoada como o governo
brasileiro resolveu tratar da pandemia do novo coronavírus, cujo ministro tem
conhecimento sobre saúde pública tanto quanto o presidente do país disse que não
entende de economia e, de resto, muito pouco.
Nos
Estados Unidos e no Brasil, as principais instituições que tratam diretamente
de saúde pública, como o National Institute of Health ou a Food and Drug
Administration e o Sistema Único de Saúde – SUS, foram excluídas de
decisões cruciais e importantes, em desprezo às suas experiências e informações
acumuladas, ficando muito evidente que isso foi prejudicial ao combate à pandemia..
Diante
do clamoroso quadro de contaminados e milhares de mortes, há sim como avaliar
que se trata da maior crise da saúde pública brasileira, de todos os tempos, onde
resultaram importantes lições de que as lideranças políticas conseguiram atrair
para si o foco dos fatos pertinentes ao combate à crise, tendo imprimido nos
seus anais a perigosa e destrutiva marca da incompetência e da irresponsabilidade,
notadamente por força de sentimentos pessoais, com desprezo às práxis da ciência
e da tecnologia, que deveriam, sobretudo, em situações emergenciais e cruciais,
como nesse caso especial da pandemia do novo coronavírus, ser mais cautelosos,
competentes e diligentes quanto aos seus atos e decisões.
Como
forma de honrar a memória de milhares de mortos, onde muitos dos quais poderiam
estar vivos, conviria que o desperdício de vidas, em especial, tivesse como motivação
a imperiosa necessidade de consequências legais, por meio de apurações que
pudessem aquilatar o grau da responsabilidade das lideranças, dos homens
públicos que tenham contribuído, direta ou indiretamente, para essa alarmante tragédia
da humanidade, eis que as lições da pandemia são muito claras, em que ficaram
impregnados em atos a truculência contra os princípios da racionalidade e do
bom senso, diante da ausência de medidas prudenciais que poderiam minimizar o
desastre de muitas mortes.
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