sexta-feira, 19 de maio de 2017

A insanidade política

Um dos principais políticos do Brasil foi apanhado com a boca na botija, quando conseguiu se apoderar de propina no montante de R$ 2 milhões, conforme revelação constante das delações do dono da JBS.
Diante da negativa repercussão sobre esse deprimente acontecimento, por ter revelado o lado podre de importante senador mineiro, ele decidiu se licenciar da presidência do PSDB, um dos principais partidos brasileiros.
Em nota, ele trata o deplorável episódio tão somente como acusações absurdas e medidas equivocadas, dando a entender que a opinião pública não tem a menor sensibilidade para reconhecer a tragédia que o seu ato insano causou aos princípios da ética, da moral, do decoro parlamentar, da dignidade e de tantos conceitos de decência que devem imperar na vida dos homens públicos.
O comunicado do senador tucano, que revela muito mais preocupação em se apresentar e se sentir como vítima do que como corrupto, à vista do que caracteriza o seu ato, está vazado nos termos seguintes, in verbis: Em razão das ações promovidas no dia de hoje contra mim e minha família, quero afirmar que, a partir de agora, minha única prioridade será preparar minha defesa e provar o absurdo dessas acusações e o equívoco dessas medidas. Me dedicarei diuturnamente a provar a minha inocência e de meus familiares para resgatar a honra e a dignidade que construí ao longo de meus mais de trinta anos de vida dedicada à política e aos mineiros em especial. O tempo permitirá aos brasileiros conhecer a verdade dos fatos e fazer ao final um julgamento justo. (...) Aguardarei com firmeza e serenidade que as investigações ocorram e estou certo de que, ao final, como deve ocorrer num país onde vigora o Estado de Direito, a verdade prevalecerá e a correção de todos os meus atos e de meus familiares será reconhecida.”.
É extremamente lamentável que um homem público com a relevância alcançada na última campanha eleitoral para a Presidência da República, que conseguiu convenceu milhões de brasileiros a acreditarem no seu plano de governo, como opção para as mudanças tão ansiadas pelos brasileiros dignos e honrados, seja capaz de protagonizar papel extremoso de delinquência, como esse de ser taxado como corrupto, ao ser vilmente subornado com dinheiro sujo, configurando crime, passível da perda do cargo.
Ele alega que vai cuidar da sua defesa e provar a sua inocência, mas, à toda evidência, nesse caso escabroso, fica muito claro que o tucano precisa se municiar de muitos argumentos e de bastante elementos para demover a veracidade dos fatos revelados, que são robustos e indiscutíveis, constando inclusive com importantes registros da Polícia Federal sobre o roteiro e o descaminho da propina.
Em que pese o senador, agora, alegar que se trata de empréstimo, que, se assim fosse, o dinheiro teria sido certamente depositado diretamente na sua conta corrente, em agência bancária regular, como se faz em uma operação lícita entre pessoas dignas, honestas e cônscias de suas responsabilidades públicas, diferentemente do que foi feito, quando mensageiro da sua confiança conduziu o dinheiro para destino bastante estranho e desconhecido, tendo sido depositado, possivelmente, em conta de terceiro.
A atitude do tucano, nesse caso, não condiz com a dignidade que todo homem público precisa pontuar na representação delegada pelo povo, que fica extremamente frustrado quando um político se envolve com casos de corrupção, porque isso tem o condão de afrontar os princípios da ética, da moralidade, da dignidade e, principalmente, do decoro parlamentar, que ele tem o compromisso primacial de observar no exercício de cargo público eletivo.
É absolutamente inadmissível que político com o porte e a importância de quem já foi deputado federal, governador e agora senador tenha chegado ao final de carreira de forma tão melancólica, pondo término à sua brilhante carreira política como verdadeiro corrupto e se equiparando aos piores bandidos que passaram a vida lesando a confiança dos brasileiros, ante o péssimo exemplo para aqueles que acreditaram nos seus propósitos de integridade, os quais certamente não esperavam que seus apoios fossem capazes de construir um homem público desonesto, indigno e sem caráter, conforme mostram as revelações constantes da delação em apreço. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
          Brasília, em 19 de maio de 2017

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