Em consonância com próprios arroubos de prepotência
e onipotência, o ex-presidente da República petista disse que, se quiserem o
"pegar", terão que competir
com ele pelas ruas do país, a despeito de já responder a cinco processos na
Justiça, por suspeita da prática de graves crimes, entre os quais os de corrupção
passiva, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, organização criminosa e
obstrução à Justiça, todos incompatíveis com as atividades
político-administrativa.
Após fazer referência à possibilidade de ser preso,
o político afirmou que "hoje, aos 71
anos, está com mais tesão para ser candidato. Se quiserem me pegar, se quiserem
evitar minha candidatura, terão que competir comigo pelas ruas deste país.".
O ex-presidente disse que há dois anos ouve, pela
imprensa, que será preso no dia seguinte: "Se eles não me prenderem logo quem sabe um dia eu mande prendê-los, por
mentira".
O político chamou o ex-ministro da Casa Civil – recém-libertado
da prisão pelo Supremo Tribunal Federal - de companheiro e voltou a afirmar que
existe um "pacto diabólico entre a
operação Lava-Jato e os meios de comunicação".
No discurso, o político disse que há uma tese
pronta contra ele, que se trata de perseguição política por parte da imprensa e
dos procuradores da força-tarefa da Operação Lava-Jato.
Após elencar críticas às medidas implementadas pelo
governo, o político voltou a se referir ao próprio destino, tendo enfatizado,
em tom claramente demagógico, que "Estou
mais preocupado com o que pode acontecer com a classe trabalhadora do que pode
acontecer comigo", quando, na verdade, é mais que sabido que seus
interesses políticos e suas vaidades pessoais sempre falaram mais alto do que
os demais, inclusive as causas nacionais.
A monstruosidade dos estragos causados à Petrobras demonstra
exatamente esse quadro de lamúria, diante das roubalheiras objeto das delações
e das investigações sobre o petrolão, mas isso para ele não implica qualquer
responsabilidade sua, quando foi ele que aparelhou a empresa para promover o
pior caos econômico na estatal – por meio de desvio criminoso de recursos -,
que precisava ser defendida pelo governo dele, por força de obrigação constitucional.
Ainda na ocasião, o político se comparou ao
mandacaru – lamentável comparação -, planta típica do Nordeste - que é capaz de
sobreviver na seca -, ao dizer que é homem de sorte e paciente, porque: "Na hora que tentam destruir uma biografia
que não devo a eles, devo a vocês, vão ter que me enfrentar outra vez nas ruas.".
No evento de que participava o político, o referido
ex-ministro - condenado duas vezes pelo juiz da Lava Jato, em penas que somam
33 anos de prisão - foi ovacionado, de forma insensata e antipatriótica, pelos
petistas, com os gritos de "Dirceu,
guerreiro do povo brasileiro".
Outro companheiro que lembrado e aplaudido no
evento foi o ex-tesoureiro do PT, que se encontra preso, por corrupção passiva
e lavagem de dinheiro.
Ou seja, o evento serviu para os petistas
homenagearem o lado nefasto e podre daqueles que se encontram presos, cumprindo
pena por atos contrários aos princípios da ética, moralidade, legalidade e
dignidade nas atividades político-administrativas, cujos crimes, além de causar
repúdio aos conceitos éticos e morais, ensejam simplesmente a expulsão deles do
quadro partidário, por suas indecentes atitudes serem incompatíveis com o
interesse público, por darem péssimo exemplo aos cidadãos dignos e honrados.
Não há a menor dúvida de que não tem sido fácil
para o político ficar tanto tempo atormentado sob a possibilidade de ser preso
a qualquer momento, possivelmente em razão de ter cometido algum ou vários atos
irregulares, na vida pública, principalmente por se imaginar ser o homem mais
honesto da face da terra, quando os fatos sob suspeitas e já investigados
apontam para situação confirmando a materialidade da prática delitiva, tanto é
que a Justiça aceitou algumas denúncias, que não seriam viabilizadas sem o
atendimento dos requisitos legais sobre os indícios de culpabilidade sobre os
fatos de que se tratam.
Em que pese a grande possibilidade de haver
robusteza nos fatos denunciados contra o político, ele simplesmente continua se
julgando o rei do pedaço, se achando o todo-poderoso, sendo vitimado por
inexperientes procuradores, zombando do resultado do trabalho das autoridades e
ainda ameaçando prendê-las, evidentemente tão logo se apodere do trono do Palácio
do Planalto, sem sequer imaginar que ele, preliminarmente, precisa prestar
contas sobre os fatos suspeitos de irregulares, cuja autoria da sua prática é
atribuída a ele, que simplesmente a ignora e menospreza, a mostrar que ele,
como homem público não tem dever algum para comprovar a licitude de seus atos
na vida pública.
Por seu turno, ameaçar de prisão a força-tarefa da
Lava-Jato, contando com a certeza da sua volta ao poder, o político dá a entender
que os brasileiros são completamente insensíveis e ingênuos, que não percebem a
desgraceira impingida ao Brasil, por força desse mar de lama pútrida
consubstanciada na vergonhosa propinocracia implantada com absoluto sucesso na
Petrobras, justamente por aqueles que tinham a responsabilidade de zelar pelo
patrimônio de tão importante, em termos estratégico nacional, empresa
genuinamente brasileira.
Também
chega a ser risível que bandidos, condenados à prisão pela Justiça, por graves
crimes praticados contra o patrimônio público, com o peso do partido, sejam, na
visão petista, ovacionados como heróis do povo brasileiro, em tom tanto de
deboche aos conceitos de dignidade e razoabilidade como de verdadeira veneração
a criminosos em potencial, embora eles tenham praticados gravíssimos crimes contra
a sociedade, em especial por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, entre
outros crimes contrários aos princípios da decência e da dignidade na atividade
pública.
À
toda evidência, há nessa bestial idolatria à bandidagem demonstração claríssima
de degeneração dos sentimentos de moralidade e dignidade que devem imperar nas
atividades político-partidárias, mostrando que os fatos degradantes acontecidos
no âmbito do partido serviram para estimular cada vez mais o espírito de
exaltação à roubalheira e à criminalidade, inclusive partindo do seu líder-mor,
pela evidência de protesto às investigações sobre fatos possivelmente
irregulares, que precisam ser devidamente esclarecidos, como forma de se
mostrar a verdade sobre os acontecimentos.
É
lamentável que o partido político de projeção internacional, que comandou o
país com a grandeza do Brasil, tenha como líderes pessoas suspeitas da prática
de atos irregulares, muitos deles já condenados pela Justiça, considerados
verdadeiros heróis – da indignidade? -, quando, em nome da dignidade, deveriam
ser execrados e eliminados da agremiação, como forma de demonstração de
reprovação à prática de atos contrários aos princípios da moralidade e da
honradez e de mostrar bons exemplos de conduta saudável às novas gerações de
políticos.
Na
verdade, esse estado de completa letargia de destruição dos princípios
essenciais ínsitos nas atividades político-partidárias tem importantíssima
contribuição da Justiça Eleitoral, que é omissa quanto ao seu dever constitucional
de controlar e fiscalizar o funcionamento dos partidos políticos, para exigir
deles que não permitam dar guarida a criminosos condenados pela Justiça, por
crimes contra o patrimônio dos brasileiros, sob pena de se contribuir para
perpetuidade da promiscuidade e da degeneração dos princípios políticos.
Por
sua vez, o Congresso Nacional também comete o gravíssimo crime da omissão, por
não exigir que a Justiça Eleitoral cumpra o seu relevante papel de zelar pela moralidade
no funcionamento dos partidos políticos.
Isso
demonstra, de forma insofismável, o nível dos militantes e de seus integrantes,
pelas inexplicáveis adoração e idolatria à delinquência, ficando muito claro o
sentimento de desprezo aos verdadeiros conceitos de legalidade, moralidade, honorabilidade,
dignidade, entre outros, quanto às práticas político-partidárias, fatos que
concentram enormes prejuízos aos interesses nacionais, diante da nítida preferência
à continuidade do status quo,
conforme mostram os fatos, da indiscutível degeneração dos princípios
construtivos da idoneidade e da conduta exemplar, como nortes das atividades
políticas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de maio de 2017
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