A
defesa do senador tucano afastado do exercício do cargo, por ter se envolvido
em ato de corrupção, apresentou 27 questões aos peritos da Polícia Federal,
quanto à gravação a que se refere a conversa que o parlamentar teve com um dos
donos da JBS.
O
diálogo versa sobre pedido formulado pelo senador mineiro ao empresário, no
valor de R$ 2 milhões e defende a aprovação da lei de anistia ao caixa 2 e a do
abuso de autoridade, cujas anormalidades ensejaram a Procuradoria Geral da
República a solicitar e obter autorização do Supremo Tribunal Federal para
promover a investigação do caso.
A
gravação em tela foi entregue pelo empresário aos procuradores, no bojo do seu
acordo de delação premiada, assim como os gravadores também usados para
registrar conversas com o presidente da República e um deputado federal,
investigados junto com o senador.
No
documento dirigido à Polícia Federal, os advogados do senador pedem descrições
detalhadas e técnicas dos arquivos digitais de áudio, a par de questionarem
possíveis modificações após o registro da conversa.
Uma
parte da petição do senador pretende: “Realizar
transcrição completa do conteúdo de todas as falas presentes nos arquivos
periciados, com foco em metodologia pericial forense. Registrar todas as
ocorrências onde pode haver: (i) incompreensão de palavras ou segmentos; (ii) inteligibilidade
duvidosa; (iii) múltiplas hipóteses do que foi dito; (iv) alternâncias
auditivas que possibilitam mais de uma transcrição; (v) sobreposição ou
simultaneidade de falas; (iv) outros de interesse pericial”.
Com
relação aos gravadores, o senador quer saber sobre quem os manuseou desde a
gravação, bem assim os arquivos que foram deletados ou mantidos nos
equipamentos.
Por
seu turno, embora o Ministério Público tenha absoluta certeza quanto à autenticidade
do áudio, mesmo assim ele demandou várias perguntas à perícia sobre a gravação,
entre elas, se há montagens, trucagens, adulterações ou outras alterações na
gravação que indiquem manipulação fraudulenta do áudio, e se a conversa
apresenta coerência lógica e contextualização sobre o tema abordado entre os
interlocutores.
Na
contextualização das investigações preliminares, cabe ao leigo, principalmente
ao brasileiro comum, apenas uma pergunta sobre o vídeo divulgado por ele, em
sua defesa, em que o tucano se diz, literalmente, ser o segundo político mais
honesto do planeta e acusa o empresário que lhe deu R$ 2 milhões de propina, de
temeroso e perverso delinquente, se existe alguma verdade nas suas palavras,
diante da firmeza e robusteza dos elementos que o incriminam, com relação, não
somente a este último episódio, mas também no que respeito às acusações
constantes das delações dos executivos da Odebrecht, que também o arrolam como
contumaz beneficiário de propinas.
Na
altura dos acontecimentos nebulosos, não é a autenticidade ou não do vídeo que
vai alterar a desgraça já materializada na vida política do senador, porque os
fatos falam por si sós e não adianta mais se buscar desculpas ou arranjos à
Polícia Federal sobre a validade ou não do que consta do vídeo em apreço.
No
momento, à vista da robusteza dos fatos, pouco importam as versões sobre eles, diante
do seu estrago devastador já causado na carreira política do senador tucano,
que obriga, de forma inexorável, o homem público considerado promissor político a tão somente juntar
os cacos e tentar viver o resto da sua existência bem longe das atividades
políticas, porque, certamente, nem mesmo os conterrâneos mineiros seriam
levianos, medíocres e idiotas para ainda acreditarem em quem foi capaz de trair
as suas dignidade e confiança, por ele, como já disse, ter sido ingênuo de se envolver
em desastrosos atos de corrupção. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de maio de 2017
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