Segundo foi noticiado na mídia, o padre de uma
Igreja Católica de Curitiba (PR) batizou três adolescentes filhos adotivos de
casal homossexual, cujo ato foi transformado em marco histórico e de suma
importância para os defensores da causa LGBT.
A cerimônia foi comandada por um padre da Catedral
Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, na capital do Paraná, que oficiou
o sacramento do batismo aos adolescentes de 12, 14 e 16 anos, filhos do casal
que vivem juntos desde 1990.
Um dos pais das crianças disse que "Foi uma cerimônia emocionante. O padre falou
muito sobre a importância da adoção e de que sempre se deve dizer a verdade".
Para conseguir o batismo dos filhos, um dos pais
havia percorrido outras quatro igrejas da cidade e todas lhe bateram as portas,
sob a ardilosa alegação de haver problemas burocráticos impostos por
funcionários das entidades.
A questão foi solucionada depois que ele resolveu escrever
para o Arcebispo Metropolitano de Curitiba, que o atendeu em audiência e
autorizou que a cerimônia fosse realizada.
O batismo de filhos adotados por país homossexuais
põe na mesa de debate importante questão que a Igreja Católica precisa
pacificar no seu seio, porque é uma realidade dos dias atuais e ela não pode
ignorar, como se tratasse de questão alheia à sua missão pastoral,
principalmente porque as crianças e os adolescentes não podem ser discriminadas
e até castigadas em razão da simples incompreensão por parte dela, que, de
forma injusta e injustificável, aplica a eles o seu entendimento errático sobre
a condição que o envolve a homossexualidade, como se eles precisassem pagar
pelo abusivo e inadmissível preconceito impingido aos seus país.
Entrementes, a discussão sobre a questão em foco já
vem de longa data, com destaque para a visita do papa ao Rio de Janeiro, em
2013, durante a Jornada Mundial da Juventude, quando ele, em resposta a uma indagação,
disse que "Quem sou eu para julgar
os gays?, mas a sua lição, se ouvida, não foi aprendida nem compreendida pela
igreja sob o seu comando.
Nesse particular, o papa se houve muito bem, mas a
Igreja Católica, além de não ter competência para julgar os homossexuais,
jamais deveria confundir o direito dos filhos deles de usufruir plenamente as
condições de cidadania, em todos os sentidos, inclusive com relação aos
sacramentos dessa instituição, diante de sua condição de ser humano filho de
Deus.
É preciso dizer que o bispo de Curitiba cumpriu
muito bem o seu papel como pastor de Jesus Cristo, dando lição de sabedoria
cristã, mostrando como a sua igreja deve desempenhar a missão evangélica, ao
reconhecer, com muita clareza, que ela estava cometendo irreparável intolerância
humanitária, ao negar o sacramento do batismo a filhos de Deus, que têm os
mesmos direitos dos demais cristãos, uma vez que as condições de gênero dos
país não podem interferir na aplicação dos sacramentos da Igreja Católica.
Basta
de preconceito, em se tratando que todo ser humano é filho de Deus, que ama a todos
em igual condições, indistintamente de cor, credo, religião, gênero, sentimento
ou quaisquer preferências, uma vez que tudo que contrarie o amor não se
harmoniza com as coisas divinas.
Até
o consentimento do bispo para a realização do batismo, houve explícita
manifestação de preconceito e de incivilidade, que são dignos de recriminação e
censura, porque os bons exemplos de fraternidade e amor humanitário devem
partir, principalmente da Igreja Católica, uma vez que o seu fundador foi o
primeiro a atrair para si todos aqueles rejeitados pela sociedade da época, a
exemplo de Santa Madalena, que teve a proteção Dele, no momento que era
apedrejada, sob suspeita do pecado do adultério, segundo a Bíblia.
Os
seres humanos precisam se conscientizar de que não há ninguém melhor do que
ninguém na face da Terra e quem ousar ser preconceituoso e discriminador, não
aceitando seu próximo como ele é realmente, comete os piores pecados,
justamente por não seguir os maravilhosos ensinamentos de Jesus Cristo, que pregava:
“amai-vos uns aos outros, assim como eu os amei.”.
Amar,
na síntese preciosa de Jesus, é tão somente acolher junto de si o seu
semelhante, com o calor e o amor de fraternidade cristã, não importando
quaisquer preferências por sentimentos ou pensamentos, porque isso é inerente
ao ser humano e entra no contexto do livre arbítrio, que também não contraria
os ensinamentos da Igreja Católica, que precisa refletir, com urgência, para
perceber a necessidade de se atualizar e se modernizar, como forma de
acompanhar a evolução da humanidade, principalmente quanto às conquistas da
ciência e da tecnologia, que integram indissociavelmente a concepção de ser
humano, obra-prima de Deus, que deu a ele a sabedoria de desenvolver os
conhecimentos para o seu benefício.
O
ser humano, com suas virtudes e seus defeitos, é obra e graça de Deus, devendo
merecer todo respeito e os melhores tratamentos, justamente porque se trata de
espécie concebida e nascida sob a vontade magnânima Dele, que esparge a Sua
bênção sobre seus filhos, para que eles possam viver tão somente em harmonia,
fraternidade, paz e muito amor, que vivifica também por ocasião do batismo em
comento. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 2 de maio de 2017
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