terça-feira, 2 de maio de 2017

A sabedoria cristã

Segundo foi noticiado na mídia, o padre de uma Igreja Católica de Curitiba (PR) batizou três adolescentes filhos adotivos de casal homossexual, cujo ato foi transformado em marco histórico e de suma importância para os defensores da causa LGBT.    
A cerimônia foi comandada por um padre da Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, na capital do Paraná, que oficiou o sacramento do batismo aos adolescentes de 12, 14 e 16 anos, filhos do casal que vivem juntos desde 1990.    
Um dos pais das crianças disse que "Foi uma cerimônia emocionante. O padre falou muito sobre a importância da adoção e de que sempre se deve dizer a verdade".    
Para conseguir o batismo dos filhos, um dos pais havia percorrido outras quatro igrejas da cidade e todas lhe bateram as portas, sob a ardilosa alegação de haver problemas burocráticos impostos por funcionários das entidades.
A questão foi solucionada depois que ele resolveu escrever para o Arcebispo Metropolitano de Curitiba, que o atendeu em audiência e autorizou que a cerimônia fosse realizada.
O batismo de filhos adotados por país homossexuais põe na mesa de debate importante questão que a Igreja Católica precisa pacificar no seu seio, porque é uma realidade dos dias atuais e ela não pode ignorar, como se tratasse de questão alheia à sua missão pastoral, principalmente porque as crianças e os adolescentes não podem ser discriminadas e até castigadas em razão da simples incompreensão por parte dela, que, de forma injusta e injustificável, aplica a eles o seu entendimento errático sobre a condição que o envolve a homossexualidade, como se eles precisassem pagar pelo abusivo e inadmissível preconceito impingido aos seus país.
Entrementes, a discussão sobre a questão em foco já vem de longa data, com destaque para a visita do papa ao Rio de Janeiro, em 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude, quando ele, em resposta a uma indagação, disse que "Quem sou eu para julgar os gays?, mas a sua lição, se ouvida, não foi aprendida nem compreendida pela igreja sob o seu comando.
Nesse particular, o papa se houve muito bem, mas a Igreja Católica, além de não ter competência para julgar os homossexuais, jamais deveria confundir o direito dos filhos deles de usufruir plenamente as condições de cidadania, em todos os sentidos, inclusive com relação aos sacramentos dessa instituição, diante de sua condição de ser humano filho de Deus.
É preciso dizer que o bispo de Curitiba cumpriu muito bem o seu papel como pastor de Jesus Cristo, dando lição de sabedoria cristã, mostrando como a sua igreja deve desempenhar a missão evangélica, ao reconhecer, com muita clareza, que ela estava cometendo irreparável intolerância humanitária, ao negar o sacramento do batismo a filhos de Deus, que têm os mesmos direitos dos demais cristãos, uma vez que as condições de gênero dos país não podem interferir na aplicação dos sacramentos da Igreja Católica. 
Basta de preconceito, em se tratando que todo ser humano é filho de Deus, que ama a todos em igual condições, indistintamente de cor, credo, religião, gênero, sentimento ou quaisquer preferências, uma vez que tudo que contrarie o amor não se harmoniza com as coisas divinas.
Até o consentimento do bispo para a realização do batismo, houve explícita manifestação de preconceito e de incivilidade, que são dignos de recriminação e censura, porque os bons exemplos de fraternidade e amor humanitário devem partir, principalmente da Igreja Católica, uma vez que o seu fundador foi o primeiro a atrair para si todos aqueles rejeitados pela sociedade da época, a exemplo de Santa Madalena, que teve a proteção Dele, no momento que era apedrejada, sob suspeita do pecado do adultério, segundo a Bíblia.
Os seres humanos precisam se conscientizar de que não há ninguém melhor do que ninguém na face da Terra e quem ousar ser preconceituoso e discriminador, não aceitando seu próximo como ele é realmente, comete os piores pecados, justamente por não seguir os maravilhosos ensinamentos de Jesus Cristo, que pregava: “amai-vos uns aos outros, assim como eu os amei.”.
Amar, na síntese preciosa de Jesus, é tão somente acolher junto de si o seu semelhante, com o calor e o amor de fraternidade cristã, não importando quaisquer preferências por sentimentos ou pensamentos, porque isso é inerente ao ser humano e entra no contexto do livre arbítrio, que também não contraria os ensinamentos da Igreja Católica, que precisa refletir, com urgência, para perceber a necessidade de se atualizar e se modernizar, como forma de acompanhar a evolução da humanidade, principalmente quanto às conquistas da ciência e da tecnologia, que integram indissociavelmente a concepção de ser humano, obra-prima de Deus, que deu a ele a sabedoria de desenvolver os conhecimentos para o seu benefício.
O ser humano, com suas virtudes e seus defeitos, é obra e graça de Deus, devendo merecer todo respeito e os melhores tratamentos, justamente porque se trata de espécie concebida e nascida sob a vontade magnânima Dele, que esparge a Sua bênção sobre seus filhos, para que eles possam viver tão somente em harmonia, fraternidade, paz e muito amor, que vivifica também por ocasião do batismo em comento. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 2 de maio de 2017

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