Um ex-ministro da Fazenda petista, bastante
comentado nas últimas delações premiadas divulgadas, disse que sua vida virou
um inferno após ter sido preso no ano passado, sob a acusação de ter pedido R$
5 milhões a um empresário carioca, para pagar dívidas de campanhas petistas.
Em entrevista para o jornal Folha de S.Paulo,
o ex-ministro admitiu que teme ser preso novamente, tendo afirmado: “Sim, tenho temor. Eu sou a principal pessoa
que cuida da minha mulher, que dá sustentação psicológica para ela. Temo o que
aconteceria com ela se eu fosse preso. Se você olhar as acusações, as provas,
elas são frágeis, não se sustentam. Eu espero que a Justiça faça justiça”.
Na entrevista, ele narrou o drama de ter recebido a
Polícia Federal na sua casa: “Sabe o que
é uma entrada da polícia às 6h da manhã na sua casa, inesperadamente? É um
choque porque eles pegam testemunhas entre os vizinhos, pegaram até na padaria.
É uma desmoralização. Você imagina o vexame, na sua casa, um monte de
jornalista, ‘tá sendo preso’”.
Como era de se esperar, o petista negou ter
participado de esquema de corrupção a que se referem os delatores dos
executivos da Odebrecht e os publicitários das campanhas petistas, alegando que
eles teriam criado “ficções” para
conseguir fechar delação premiada, inventando histórias “inverossímeis” e sem provas.
Ele disse que “(...) Para você conseguir uma delação, tem que entregar pessoas do alto
escalão do governo. Um ou dois presidentes (da República) e um ou dois ministros. De certa forma é uma
exigência. E aí fala do ministro sem provas”.
O ex-ministro disse que tem feito projetos na FGV.
“Mas é só um trabalho interno. Não estou
dando aula. Participo de seminários fechados, pequenos. Praticamente perdi a
minha reputação, com mentiras, diga-se de passagem, seja na área econômica,
seja nessa questão. A minha vida virou um inferno.”.
Como é sabido, o paraíso pertence aos bons, justos
e honestos, enquanto o inferno é parte reservada exatamente para aqueles que
praticaram más obras.
Pode ser que seja o caso do ex-ministro, como ele
mesmo afirma, que já se enquadra nessa péssima condição que já se encontra, com
todo respeito, mais do que com justiça e merecimento, coso se confirmem as
acusações constantes das referidas delações, que apontam para a prática de
graves irregularidades com recursos públicos, com destaque para as negociatas
com as empresas para a liberação de recursos para as campanhas petistas, sob a
forma de caixa 2, que se trata de procedimento criminoso.
Por enquanto, é até possível que a vida do ex-ministro
tenha se tornado infernal, mas essa terrível situação pode se agravar ainda
mais, caso se confirmem as versões apresentadas pelos citados delatores, porque
elas têm tudo para tornarem verdadeiras, tendo em conta que não faz sentido que
elas sejam inverossímeis, inventadas e sem provas, porque a essência do prêmio,
do benefício, em termos da redução de pena condiz exatamente na robusteza e na
solidez das informações, inclusive com a apresentação de provas consistentes.
No caso dos publicitários, que o acusaram da
prática de irregularidades, as suas penas foram reduzidas, o que significa que
as informações, por eles prestadas, satisfizeram plenamente as exigências da
espécie, o que pode se descartar que eles não fecharam delação tendo por base
“ficções” ou histórias inverossímeis.
Em todo caso, se o ex-ministro afirma que a sua
vida virou um inferno, é porque ele já começou a pagar por seus crimes antes
mesmo de ser condenado pela Justiça, quando então o verdadeiro inferno vai
estar ainda mais presente na sua vida, diametralmente contrária de quando ele
praticava as maldades contra a nação e os brasileiros, ao contribuir para
desviar recursos públicos, evidentemente sem imaginar que estaria agora vivendo
no seu particular inferno.
Os brasileiros anseiam por que todos os maus homens
públicos que se aproveitaram do poder para a prática de atos irregulares,
traindo os princípios da idoneidade, moralidade, legalidade, probidade,
dignidade, entre outros essenciais ao desempenho de cargos públicos, sejam
devidamente identificados e investigados seus atos na vida pública, para o fim da
aplicação das penalidades cabíveis, sobretudo com relação ao ressarcimento aos
cofres públicos dos valores pertinentes aos danos apurados e à condenação
penal, de modo que o péssimo exemplo sirva de lição pedagógica para as novas
gerações de homens públicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de maio de 2017
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