sábado, 20 de maio de 2017

A reputação perdida?

Um ex-ministro da Fazenda petista, bastante comentado nas últimas delações premiadas divulgadas, disse que sua vida virou um inferno após ter sido preso no ano passado, sob a acusação de ter pedido R$ 5 milhões a um empresário carioca, para pagar dívidas de campanhas petistas.
Em entrevista para o jornal Folha de S.Paulo, o ex-ministro admitiu que teme ser preso novamente, tendo afirmado: “Sim, tenho temor. Eu sou a principal pessoa que cuida da minha mulher, que dá sustentação psicológica para ela. Temo o que aconteceria com ela se eu fosse preso. Se você olhar as acusações, as provas, elas são frágeis, não se sustentam. Eu espero que a Justiça faça justiça”.
Na entrevista, ele narrou o drama de ter recebido a Polícia Federal na sua casa: “Sabe o que é uma entrada da polícia às 6h da manhã na sua casa, inesperadamente? É um choque porque eles pegam testemunhas entre os vizinhos, pegaram até na padaria. É uma desmoralização. Você imagina o vexame, na sua casa, um monte de jornalista, ‘tá sendo preso’”.
Como era de se esperar, o petista negou ter participado de esquema de corrupção a que se referem os delatores dos executivos da Odebrecht e os publicitários das campanhas petistas, alegando que eles teriam criado “ficções” para conseguir fechar delação premiada, inventando histórias “inverossímeis” e sem provas.
Ele disse que “(...) Para você conseguir uma delação, tem que entregar pessoas do alto escalão do governo. Um ou dois presidentes (da República) e um ou dois ministros. De certa forma é uma exigência. E aí fala do ministro sem provas”.
O ex-ministro disse que tem feito projetos na FGV. “Mas é só um trabalho interno. Não estou dando aula. Participo de seminários fechados, pequenos. Praticamente perdi a minha reputação, com mentiras, diga-se de passagem, seja na área econômica, seja nessa questão. A minha vida virou um inferno.”.
Como é sabido, o paraíso pertence aos bons, justos e honestos, enquanto o inferno é parte reservada exatamente para aqueles que praticaram más obras.
Pode ser que seja o caso do ex-ministro, como ele mesmo afirma, que já se enquadra nessa péssima condição que já se encontra, com todo respeito, mais do que com justiça e merecimento, coso se confirmem as acusações constantes das referidas delações, que apontam para a prática de graves irregularidades com recursos públicos, com destaque para as negociatas com as empresas para a liberação de recursos para as campanhas petistas, sob a forma de caixa 2, que se trata de procedimento criminoso.
Por enquanto, é até possível que a vida do ex-ministro tenha se tornado infernal, mas essa terrível situação pode se agravar ainda mais, caso se confirmem as versões apresentadas pelos citados delatores, porque elas têm tudo para tornarem verdadeiras, tendo em conta que não faz sentido que elas sejam inverossímeis, inventadas e sem provas, porque a essência do prêmio, do benefício, em termos da redução de pena condiz exatamente na robusteza e na solidez das informações, inclusive com a apresentação de provas consistentes.
No caso dos publicitários, que o acusaram da prática de irregularidades, as suas penas foram reduzidas, o que significa que as informações, por eles prestadas, satisfizeram plenamente as exigências da espécie, o que pode se descartar que eles não fecharam delação tendo por base “ficções” ou histórias inverossímeis.
Em todo caso, se o ex-ministro afirma que a sua vida virou um inferno, é porque ele já começou a pagar por seus crimes antes mesmo de ser condenado pela Justiça, quando então o verdadeiro inferno vai estar ainda mais presente na sua vida, diametralmente contrária de quando ele praticava as maldades contra a nação e os brasileiros, ao contribuir para desviar recursos públicos, evidentemente sem imaginar que estaria agora vivendo no seu particular inferno.
Os brasileiros anseiam por que todos os maus homens públicos que se aproveitaram do poder para a prática de atos irregulares, traindo os princípios da idoneidade, moralidade, legalidade, probidade, dignidade, entre outros essenciais ao desempenho de cargos públicos, sejam devidamente identificados e investigados seus atos na vida pública, para o fim da aplicação das penalidades cabíveis, sobretudo com relação ao ressarcimento aos cofres públicos dos valores pertinentes aos danos apurados e à condenação penal, de modo que o péssimo exemplo sirva de lição pedagógica para as novas gerações de homens públicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 20 de maio de 2017

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