domingo, 7 de maio de 2017

O imperativo da idoneidade

O maior político da atualidade amplia sua vantagem na corrida eleitoral ao Palácio do Planalto, em 2018, vindo em seguida o deputado federal pelo Rio de Janeiro e ex-militar, junto com a ex-senadora e ambientalista da Rede Sustentabilidade, com o mesmo percentual de preferência, conforme resultado de pesquisa divulgada por Datafolha.
O petista é o primeiro nome mais lembrado, na pesquisa espontânea, com 16% das intenções de voto e o deputado carioca o segue, com 7% das preferências.
Em razão dos depoimentos constantes das delações dos executivos da Odebrecht, houve disparada dos primeiros colocados, principalmente pelo reflexo delas na situação dos principais presidenciáveis tucanos, que antes eram os grandes adversários do petista, na disputa.
Como os efeitos das denúncias foram devastadores, tendo atingido em cheio o senador tucano mineiro e o governador de São Paulo, o PSDB cogita agora lançar um "outsider", como são chamados os candidatos não tradicionais do partido, como é o caso do prefeito de São Paulo.
O Datafolha ouviu 2.781 eleitores, em 172 municípios, no final do mês de abril último.
Nessa mesma pesquisa, houve menção ao nome do juiz federal responsável pela Operação Lava-Jato, que foi testado pela primeira vez na pesquisa em tela. Na simulação de disputa em segundo turno, entre o ex-presidente e o juiz de Curitiba, este venceria a eleição, conquanto no cenário de primeiro turno, o juiz chegaria em segundo lugar.
Ainda de acordo com a pesquisa de segundo turno, o ex-presidente perderia também para a ex-ministra e líder da Rede Sustentabilidade.
Como novidade na pesquisa, o prefeito de São Paulo desponta, entre os tucanos, com maior preferência dos pesquisados, tendo ultrapassado o seu padrinho político, o governador de São Paulo. Ele ainda tem potencial para ascensão nas pesquisas, por ainda não ser nome nacionalmente conhecido e ter baixa rejeição, somente 16%.
A verdade nua e crua é que o povo tem o governo que merece, embora o baixíssimo percentual de 16% dos entrevistados não garanta eleição alguma.
Por enquanto, não tem nada provado contra o ex-presidente, a despeito da enxurrada de acusações e denúncias acerca de sua possível participação em atos irregulares, mas basta tão somente uma denúncia não contestada e provada a sua inexistência para que permaneça a dúvida quanto à confirmação da lisura, da idoneidade, da conduta ilibada que se esperam dos homens públicos que, no sentimento de legitimidade insculpido na Carta Magna, há dissonância sobre o não preenchimento dos requisitos de moralidade e legitimidade para o exercício de qualquer cargo público, notadamente no que se refere ao maior de presidente da República.
Qualquer pretendente a cargo público eletivo precisa dar bom exemplo com relação aos atributos de cidadania proba e imunidade a qualquer suspeita, por menor que seja o cargo, para que exista comprovação de plenas condições para o desempenho, com a dignidade que se exige, notadamente, do importante e principal cargo da República, que tem a incumbência de administrar, com probidade, legalidade, competência e eficiência, os recursos orçamentários do Estado.
É absolutamente inadmissível que alguém que esteja complicadíssimo envolvido com as garras do Poder Judiciário, respondendo criminalmente como réu, a cinco processos, com o enquadramento nos gravíssimos crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, obstrução da Justiça, lavagem de dinheiro e organização criminosa, ainda possa ter, à luz da existência desses fatos, qualificação para exercer cargo público, ainda que de menor relevância, ante a ausência dos requisitos de idoneidade moral e cívica.
Essa esdrúxula forma de preferência manifestado por parte de brasileiros é cristalina e indiscutível demonstração do quanto essa parcela da sociedade ainda precisa evoluir, em termos de civilidade, brasilidade e dignidade, quanto à aprendizagem sobre os verdadeiros princípios da ética, moralidade, legalidade, decência, transparência e demais condutas que são essenciais ao norteamento da administração de um país com a grandeza econômica e cultural do Brasil, que, em pleno século XXI, não deveria mais ser confundido com uma paupérrima e ridícula republiqueta, cuja parcela do povo ainda despreza os salutares e fundamentais princípios de bons costumes de dignidade, que são os alicerces para a construção de uma nação digna e respeitada. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
          Brasília, em 7 de maio de 2017

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