Sem
fugir à realidade quanto à grave crise que afeta o sistema penitenciário
nacional, o Distrito Federal enfrenta enormes dificuldades, exatamente no que
diz respeito à superlotação de seu complexo prisional.
No
momento, o sistema penitenciário do Distrito Federal conta quase 15 mil presos,
que é o dobro da capacidade prevista, de 7.496 detentos. Somente no Complexo da
Papuda tem 14 mil detentos e abriga quatro dos seis presídios do DF, a saber:
as Penitenciárias I e II, o Centro de Detenção Provisória e o Centro de
Internação e Reeducação.
Segundo
a Secretaria de Segurança, a maior parte dos presos do DF tem idade bastante
jovem, entre 18 e 25 anos, muitos dos quais são reincidentes, têm baixa renda e
se envolveram com o tráfico de drogas.
Diante
da superlotação carcerária, o governo vem investindo na construção de novos
edifícios, com a finalidade de minorar esse difícil quadro, com vistas a
propiciar melhor acomodação para os presos.
Em
2016, foram concluídos e entregues dois blocos no Centro de Detenção
Penitenciária, que garantiram 400 novas vagas.
No
final do ano passado, também foram concluídos dois blocos na Penitenciária
Feminina (Colmeia), ampliando a unidade em 400 vagas, com o custo total de R$
10,6 milhões na construção.
O
governo pretende esvaziar a Colmeia, quando for entregue unidade destinada
exclusivamente para 200 “pacientes
judiciários” - detentos com transtorno mental.
Segundo
as autoridades da Segurança Pública do DF, que reconhecem as dificuldades do
sistema penitenciário, não há risco de Brasília enfrentar situação semelhante
aos massacres ocorridos nos presídios do Norte e Nordeste, tendo garantido que
"Nosso risco é muito residual, em
relação à possibilidade de uma rebelião".
De
um modo geral, percebe-se que o sistema penitenciário do Distrito Federal é um
pouco melhorado em relação à maioria dos presídios nacionais, com exceção da
superlotação, onde todos padecem do mesmo martírio, não permitindo que os
presos cumpram, com dignidade e respeito ao princípio humano, as suas penas.
Não
obstante, é certo que as cadeias brasileiras, em geral, são o modelo e o
retrato da degradação dos princípios humanitários, que funcionam exatamente no
sentido oposto à finalidade para a qual os criminosos estão trancafiados, para
cumprir pena em razão de crime cometido contra a sociedade e voltar ao seio
dela, já agora socializado e apto a conviver com dignidade, mas as péssimas
condições dos presídios simplesmente os depravam por completo, em face do
calamitoso e desumano tratamento já padronizado, em escala generalizada no
sistema carcerário brasileiro.
É
lamentável que essa terrível situação perdure por tanto tempo, tendo atingido
agora a exaustão, conforme mostram todos os presídios em absolutas condições de
precariedade operacional e ainda sob comando de facções criminosas, que ditam e
impõem suas regras independentemente da legislação que deveria ser aplicada pelo
Estado, que é completamente desrespeitada, fato que contribui sobremodo para a
horrorosa degradação do sistema penitenciário, que se encontra falido e
constitui verdadeira chaga social.
Os
governos precisam se conscientizar de que a organização e a estruturação do
sistema carcerário são da incumbência constitucional e legal do Estado e, por
isso mesmo, ele deve merecer tratamento prioritário, com vistas ao seu
funcionamento em condições de propiciar dignificação e humanização aos
detentos.
Urge,
diante da falência do sistema penitenciário, a adoção de medidas em forma de
socorro e atenção prioritários, de modo que sejam criados sistemas de mutirão
com abrangência nacional, com a convocação de especialistas da área, que tenham
a disposição de contribuir para o levantamento das situações de verdadeira calamidade
de funcionamento, com vistas à efetivação das medidas eficientes e eficazes cabíveis
ao caso, a possibilitar o atingimento do real sentido socioeducativo dos
presos, em harmonia com a exata finalidade perseguida com os presídios. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 30 de maio de 2017
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