Alguns
caciques do PSDB pensam em "refundar"
o partido e tentar livrá-lo do desgaste provocado pelas investigações da
Operação Lava-Jato, que mostraram o envolvimento de líderes da agremiação com esquemas
de propina e financiamentos de campanha com dinheiro de caixa 2.
A
ideia da refundação do partido surgiu depois da divulgação de pesquisas
internas, que apontaram a existência de crise política suscitada pelas
revelações da força-tarefa e o apoio do PSDB ao governo, que propiciaram o
distanciamento do partido de seus eleitores.
Segundo
o jornal a Folha de São Paulo, alguns
integrantes do partido já teriam conversado com o ex-presidente tucano sobre o
assunto, o qual já estaria de acordo com a ideia em causa.
O
grupo pensa em reforçar os compromissos éticos e as bandeiras liberais, mas
principalmente reconhecer erros e recuperar o eleitorado que era cativo e se bandeou
para outros partidos.
Alguns
membros da cúpula do partido pretendem começar a estratégia no próximo semestre,
em antecipação às eleições de 2018.
Não
obstante, há quem discorde dessa ideia e resiste em apoiar a causa, por receio
de perder espaço na estrutura partidária, em clara demonstração de defesa de
interesse estritamente pessoal.
O
governador do Paraná partiu em defesa do status
quo, ao afirmar que "O PSDB não
tem que se envergonhar de nada. Tem que se orgulhar do que já fez pelo país,
mas tem sempre que se atualizar, com posturas mais claras e transparentes".
Já
o senador mineiro, que é presidente do partido, disse que o PSDB vai recuperar
esse eleitorado, porque "É natural
que muitos eleitores flertem com outras candidaturas. No momento do voto
definitivo, eles vão votar no caminho seguro, do aprofundamento das reformas e
da experiência na gestão, que é o PSDB."
A
refundação de partido, com o objetivo de limpar a sua imagem, segundo a
preocupação dos caciques, se faz com a expulsão dos maus políticos que se
envolveram em falcatruas, como caixa 2 e outras situações do gênero, de modo
que seja passada a régua, sem piedade, com base, em especial, nos parâmetros da
ética, do decoro e da moralidade.
Nenhuma
agremiação pode ter nos seus quadros homens públicos com passado sujo, que
sejam suspeitos da prática de irregularidade, porque isso é motivo suficiente
para a perda da credibilidade, pelos padrões de moralidade que devem imperar no
sistema político.
Não
pode existir maior decepção para o eleitor que votou para presidente da
República, repita-se, presidente da República e depois ver o nome desse
político nas páginas policiais, pela acusação de ter liderado esquemas de
propinoduto, com relação ao sistema elétrico e outras indignidades.
Pessoa
dessa índole não pode mais pertencer a nenhum partido político, porque perdeu a
condição ética e moral de representar o povo.
Chega
a ser ridículo que, diante de tanta degeneração dos princípios ético e moral,
ainda se pense em refundar agremiação, para continuar tudo exatamente como
antes, com os mesmos filiados e os políticos de sempre, tentando apenas passar nova
imagem para a população, quando os atores são os mesmos e já perderam a
credibilidade política.
Enfim,
quando é que a mentalidade dos políticos tupiniquins vai enxergar que os
brasileiros honrados anseiam, com a maior avidez, por moralização, repita-se,
moralização também no funcionamento dos partidos políticos?
As
lideranças políticas precisam aprender, com urgência, que a forma correta de
limpeza partidária não será jamais por meio da sua refundação ou algo
artificioso semelhante, mas sim pela moralização da sigla, a começar pelo levantamento
dos maus políticos que macularam a dignidade na vida pública, usando cargo para
tanto, por terem sujado, por meio de práticas vergonhosas, à luz da visão do
povo e não na ótica obscura do político, a dignidade das atividades políticas,
outorgadas com a melhor das intenções pelo voto universal aos homens públicos,
que se envolveram em falcatruas, para o fim de eliminá-los de suas fileiras.
É
evidente que essa deputação e não refundação partidária há de contribuir para o
retorno dos eleitores que se decepcionaram com a imundície protagonizada com o
beneplácito do silêncio da cúpula do partido, permitindo práticas não
condizentes com os princípios de boas condutas e de idoneidade, inerentes às
atividades públicas.
Urge
que os partidos políticos se conscientizem sobre a necessidade de se evitar que
homens públicos inescrupulosos e gananciosos, não importando a sua posição dentro
da agremiação, possam continuar como seu filiado, a partir da constatação de qualquer
infidelidade aos princípios da ética, do decoro, da moralidade, da dignidade e
de outros inerentes à legitimidade para o exercício de cargos públicos, cujos
titulares têm o dever de observar e respeitar as lições de honestidade e do verdadeiro
sentido de atividades públicas, a exemplo do que fazem os políticos dos países
sérios, civilizados e evoluídos democraticamente. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 8 de maio de 2017
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