A
força-tarefa da Operação Lava-Jato formulou mais uma denúncia do ex-presidente
da República petista, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com relação
ao Sítio de Atibaia, interior de São Paulo.
O
Ministério Público o acusa de “estruturar,
orientar e comandar esquema ilícito de pagamento de propina em benefício de
partidos políticos, políticos e funcionários públicos com a nomeação, enquanto
presidente da República, de diretores da Petrobrás orientados para a prática de
crimes em benefício das empreiteiras Odebrecht e OAS.”.
A
denúncia em tela atribui ao político “propina
para o seu benefício próprio, consistente em obras e benfeitorias relativas ao
sítio de Atibaia custeadas ocultamente pelas empresas Schahin, Odebrecht e OAS.”.
A
denúncia aponta o político “como o
responsável por comandar uma sofisticada estrutura ilícita para captação de
apoio parlamentar, assentada na distribuição de cargos públicos na
Administração Pública Federal”.
Consta
na denúncia que “O esquema ocorreu
nas mais importantes diretorias da Petrobrás, mediante a nomeação de Paulo
Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró, respectivamente, para as
diretorias de Abastecimento, de Serviços e Internacional da estatal. Por meio
do esquema, estes diretores geravam recursos que eram repassados para
enriquecimento ilícito do ex-presidente, de agentes políticos e das próprias
agremiações que participavam do loteamento dos cargos públicos, bem como para
campanhas eleitorais movidas por dinheiro criminoso.”.
Segundo
a acusação, a propina se refere a, pelo menos, o valor acerca de R$ 128 milhões
oriundos da Odebrecht, em quatro contratos firmados com a Petrobras, bem assim
a vantagens indevidas do valor de R$ 27 milhões provenientes da OAS, em três
contratos firmados com a estatal.
Esses
valores foram repassados a partidos e políticos que davam sustentação ao
governo do político, mais especialmente o PT, o PP e o PMDB, além dos agentes
públicos da Petrobras, que se envolveram no esquema, e dos responsáveis pela
distribuição das vantagens ilícitas, em operações de lavagem de dinheiro, que
tinham a função de dissimular a origem criminosa do dinheiro.
A
denúncia afirma que parte das propinas pagas pela Odebrecht e OAS, no valor
aproximado de R$ 870 mil, foi gasta na realização de reformas, construção de
anexos e outras benfeitorias no Sítio de Atibaia, para adequá-lo às
necessidades da família do denunciado, além da realização de melhorias na
cozinha do referido Sítio e da aquisição de mobiliários.
A
denúncia faz referência à lavagem de dinheiro de propina oriunda dos crimes de
gestão fraudulenta, fraude à licitação e corrupção verificada na contratação
para operação da sonda Vitória 10000, da empresa SCHAHIN pela PETROBRAS, que
teria sido utilizada por intermédio de amigo do político, para a realização de
reformas estruturais e de acabamento no Sítio de Atibaia, no valor total de R$
150,5 mil.
Segundo
o Ministério Público, a denúncia tem por base depoimentos, documentos
apreendidos, dados bancários e fiscais, além de outras informações coligidas nas
investigações, cujos elementos estão disponíveis nos autos.
O
Ministério Público reafirma que o seu compromisso é com o cumprimento de suas
atribuições constitucional e legal, sem qualquer vinculação ou consideração
político-partidária, mas com o intenso combate contra o câncer da corrupção, que
constitui o mal maior com que se defronta a sociedade brasileira e que a impede
de alcançar o seu desenvolvimento pleno e merecido.
O
órgão ministerial afirma que a denúncia em apreço é mais um efeito da corrupção
que se alastra no retrógrado sistema político, que precisa de oxigenação por
meio dos princípios da administração pública.
Na
verdade, a banalização da criminalidade é reafirmada com o recente envolvimento
do presidente do país, por um senador e um deputado, de forma mais do que
explícita e inescrupulosa, a ensejar a necessidade de maiores vigilâncias e
zelos em atenção à preservação do patrimônio dos brasileiros.
Os
procuradores esclarecem que, transcorridos pouco mais de três anos do início
das investigações, as lideranças políticas continuam centralizando medidas que
visam a anistiar atos ilegítimos, a pôr amarras nas investigações e a cooptar
agentes públicos, como forma de se livrar de condenação e poder continuar
praticando, livremente, desvio de recursos públicos, com respaldo nas suas
influências decorrentes do exercício de cargos públicos, com poder conferido no
famigerado foro privilegiado, que normalmente os imunizam contra a prisão, por
seus crimes.
O
Ministério Público assegura que os fatos objeto da denúncia em tela e as
delações que se tornaram públicas recentemente são claras e inequívocas
demonstrações de mesmo problema, a evidenciar a degeneração do sistema
político-partidário.
A
força-tarefa da Operação Lava-Jato diz que continua ao lado dos brasileiros
indignados com as práticas deletérias e fará de tudo, com respaldo na
Constituição e na lei, para combater a corrupção.
De tanto
ser denunciado e até acusado perante à Justiça, trata-se de mais um caso
corriqueiro na vida política do maior líder da vida pública brasileira, que,
mesmo nessa situação visivelmente antagônica, se diz o mais honesto de todas as
almas.
Não é
mais o caso de estarrecimento dos brasileiros, porque eles já perderam a conta
de quantas vezes o todo-poderoso se envolve em casos de corrupção, sendo
acusado da prática de atos ilícitos, sendo que, em todos os casos, a Justiça
houve por bem aceitar as denúncias, à vista das fortes e robustas evidências de
atos suspeitos de irregulares.
Até
agora, nenhuma denúncia foi rejeitada ou arquivada, quer por falta de provas
quer por contestação por parte do político, que tem apenas como armas de
contestação o ataque às autoridades responsáveis pelas investigações, que são
tachadas de mentirosas e de criadoras de fatos inverídicos, tendo como objetivo
criar obstáculo à candidatura do político à Presidência da República, que não
se cansa de alardear a sua honestidade, embora os fatos que pesam sobre seus
ombros se baseiem em documentos, depoimentos, extratos, demonstrativos e outras
provas juridicamente válidas.
A reforma
do sítio, objeto da denúncia em tela, parece ser o caso com maior evidência de
que, realmente, o político pode ter sido beneficiado pelas melhorias realizadas
no local, todas sob às expensas de construtoras, que já declararam a vinculação
delas com o político, ante as fortes evidências cuidadosamente documentadas.
De
qualquer modo, é mais um caso escabroso que o ex-presidente precisa esclarecer
e justificar, como forma de prestação de contas sobre seus atos na vida
pública, de modo a se livrar, o quanto antes, de mais uma situação de gravidade
tal que não condiz com a idoneidade, a conduta ilibada e os princípios da
ética, moralidade, honestidade, dignidade que precisam ser rigorosamente
observados pelos homens públicos que aspiram se candidatar a cargos públicos
eletivos, tendo em vista que a degradação dos políticos atingiu grau
insuportável a impedir que a mínima mácula na vida pública deixe de satisfazer
os requisitos essenciais ínsitos na Carta Magna, de compatibilidade com os
princípios da administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de maio de 2017
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