Os governadores do Maranhão, de Minas Gerais e do Acre,
o primeiro do PCdoB e os outros do PT, entusiasmados com o resultado de
pesquisas de opinião pública, recentemente divulgadas, apontando a dianteira
folgada do principal líder do petismo na corrida à Presidência da República, em
2018, estão se articulando para lançar carta aberta à nação, em apoio à
candidatura do ex-presidente.
A aludida iniciativa, segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, pretende que o petista
saia em caravana pelos Estados do Nordeste, para debater o que ele deverá apresentar
à nação, em termos de programa de governo.
Os fervorosos admiradores do político manifestam a expectativa
no sentido de que o documento venha à tona após o político prestar depoimento
ao juiz da Operação Lava-Jato, a realizar-se no próximo dia 10.
O mencionado depoimento é aguardado com muita e
forte expectativa, notadamente por parte dos fanáticos apoiadores do político,
que responde a ação naquele juízo, sob a denúncia de recebimento de propinas de
uma empreiteira.
O
conteúdo da carta aberta poderia centrar, de forma veemente, em apelo ao
líder-mor do petismo para que ele, antes de pensar em se candidatar a cargo
público eletivo, por mais simples que seja, demonstre a sua inocência sobre os
fatos denunciados suspeitos de irregulares e mereça da Justiça, por já responder
a cinco processos, como réu, a certidão de nada consta, onde esteja escrito
"ausência de culpabilidade" pelas acusações e denúncias sobre a
prática de atos ilícitos e contrários aos princípios da administração pública.
Não
fica bem para o candidato e muito menos para o país e seu povo que um cidadão
que responde a vários processos na Justiça, pela acusação da prática de crimes
da maior gravidade contra a administração pública, a exemplo de lavagem de
dinheiro, organização criminosa, tráfico de influência, obstrução à Justiça e
corrupção passiva.
A
bem da verdade, nos termos da Lei Maior do país, exige-se que qualquer
candidato a cargo público eletivo comprove, antes de tudo, a observância das
salutares condutas de idoneidade e de procedimentos regulares com relação às
suas atividades na vida pública, como acontece normalmente nos países sérios,
civilizados e evoluídos democraticamente.
Essa
ideia de se fazer carta aberta de apoio à candidatura de cidadão que precisa se
explicar na Justiça - mesmo que ele tenha consciência que é inocente, mas os
eleitores não têm convicção sobre isso - não se assenta nos princípios do bom
senso e da racionalidade, ante as arrasadoras declarações constantes das
delações dos executivos da Odebrecht, de que os governos petistas eram
responsáveis por eficientes e notáveis esquemas de organização criminosa, criados
exclusivamente para desviar dinheiro da Petrobras.
Não
se pode fazer juízo de valor antecipado, no sentido de culpar ou condenar quem
quer que seja, mas o imperioso sentimento de cautela recomenda que é preciso se
esperar o resultado das investigações e dos julgamentos dos envolvidos com esse
monstruoso escândalo que continua assombrando os brasileiros honrados, para
depois disso, com a devida e imprescindível quitação da Justiça, se pensar em
candidatura, daqui a um ano, à luz dos princípios derivados da Constituição, no
que diz respeito à comprovada ausência de mácula na vida pública do interessado.
À
toda evidência, há enorme e evidente precipitação por parte de governadores com
ideologias petistas, todos também envolvidos com investigações sobre possível
prática de fatos suspeitos de irregulares, o que bem demonstra o nível dos
políticos que defendem a continuidade do status
quo, em total menosprezo ao sentimento de moralização da coisa pública, que
deve ser priorizada, antes de qualquer pretensão política, como forma de
fortalecimento dos princípios republicano e democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 5 de maio de 2017
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