sexta-feira, 5 de maio de 2017

Menosprezo ao sentimento de moralização

Os governadores do Maranhão, de Minas Gerais e do Acre, o primeiro do PCdoB e os outros do PT, entusiasmados com o resultado de pesquisas de opinião pública, recentemente divulgadas, apontando a dianteira folgada do principal líder do petismo na corrida à Presidência da República, em 2018, estão se articulando para lançar carta aberta à nação, em apoio à candidatura do ex-presidente.
A aludida iniciativa, segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, pretende que o petista saia em caravana pelos Estados do Nordeste, para debater o que ele deverá apresentar à nação, em termos de programa de governo.
Os fervorosos admiradores do político manifestam a expectativa no sentido de que o documento venha à tona após o político prestar depoimento ao juiz da Operação Lava-Jato, a realizar-se no próximo dia 10.
O mencionado depoimento é aguardado com muita e forte expectativa, notadamente por parte dos fanáticos apoiadores do político, que responde a ação naquele juízo, sob a denúncia de recebimento de propinas de uma empreiteira.
O conteúdo da carta aberta poderia centrar, de forma veemente, em apelo ao líder-mor do petismo para que ele, antes de pensar em se candidatar a cargo público eletivo, por mais simples que seja, demonstre a sua inocência sobre os fatos denunciados suspeitos de irregulares e mereça da Justiça, por já responder a cinco processos, como réu, a certidão de nada consta, onde esteja escrito "ausência de culpabilidade" pelas acusações e denúncias sobre a prática de atos ilícitos e contrários aos princípios da administração pública.
Não fica bem para o candidato e muito menos para o país e seu povo que um cidadão que responde a vários processos na Justiça, pela acusação da prática de crimes da maior gravidade contra a administração pública, a exemplo de lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de influência, obstrução à Justiça e corrupção passiva.
A bem da verdade, nos termos da Lei Maior do país, exige-se que qualquer candidato a cargo público eletivo comprove, antes de tudo, a observância das salutares condutas de idoneidade e de procedimentos regulares com relação às suas atividades na vida pública, como acontece normalmente nos países sérios, civilizados e evoluídos democraticamente.
Essa ideia de se fazer carta aberta de apoio à candidatura de cidadão que precisa se explicar na Justiça - mesmo que ele tenha consciência que é inocente, mas os eleitores não têm convicção sobre isso - não se assenta nos princípios do bom senso e da racionalidade, ante as arrasadoras declarações constantes das delações dos executivos da Odebrecht, de que os governos petistas eram responsáveis por eficientes e notáveis esquemas de organização criminosa, criados exclusivamente para desviar dinheiro da Petrobras.
Não se pode fazer juízo de valor antecipado, no sentido de culpar ou condenar quem quer que seja, mas o imperioso sentimento de cautela recomenda que é preciso se esperar o resultado das investigações e dos julgamentos dos envolvidos com esse monstruoso escândalo que continua assombrando os brasileiros honrados, para depois disso, com a devida e imprescindível quitação da Justiça, se pensar em candidatura, daqui a um ano, à luz dos princípios derivados da Constituição, no que diz respeito à comprovada ausência de mácula na vida pública do interessado.
À toda evidência, há enorme e evidente precipitação por parte de governadores com ideologias petistas, todos também envolvidos com investigações sobre possível prática de fatos suspeitos de irregulares, o que bem demonstra o nível dos políticos que defendem a continuidade do status quo, em total menosprezo ao sentimento de moralização da coisa pública, que deve ser priorizada, antes de qualquer pretensão política, como forma de fortalecimento dos princípios republicano e democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 5 de maio de 2017

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