quarta-feira, 17 de maio de 2017

Ameaças à moralização

No depoimento prestado ao juiz responsável pela Operação Lava-Jato, o petista disse, em tom demagógico, que, antes dessa devassadora operação, já tinha decidido em não disputar mais eleições, mas o avanço das investigações contribuiu para ele mudar de ideia.
Não obstante, ele menospreza a importância, em termos morais, das cinco ações penais que responde na Justiça, versando sobre acusações de graves crimes, como corrupção passiva (16 vezes), lavagem de dinheiro (211 vezes), organização criminosa, obstrução à Justiça e tráfico de influência (4 vezes).
Caso ele seja condenado em segunda instância, segundo prescreve a lei penal e eleitoral, a sua candidatura fica automaticamente inviabilizada, ou seja, ele não poderá disputar o páreo presidencial.
Mesmo diante dos reverses, com tantas denúncias sendo apreciadas na Justiça, já respondendo como réu, ele disse: “Depois de tudo o que está acontecendo, estou dizendo em alto e bom som que vou querer ser candidato à Presidência da República, outra vez”.
A citada afirmação foi dita a propósito de indagação feita pelo juiz da Lava-Jato, se era verdade que ele teria afirmado, ao final da condução coercitiva, de que foi alvo, que conquistaria novo mandato e se lembraria de cada agente envolvido naquela ação.
Mesmo embaraçado, o político responde: “Não sei se disse que me lembraria de todos eles. Sinceramente. Também não sei se disse que seria eleito em 2018.”.
Entrementes, o juiz aproveitava o ensejo para listar iniciativas do ex-presidente que poderiam soar como tentativas de intimidação de autoridades envolvidas nas investigações do petrolão.
O juiz fez alusão às ações de indenização contra delegados e procuradores, além de uma ação criminal ajuizada contra ele próprio, que foi considerada improcedente, tendo mencionado ainda o discurso onde o político ameaçou prender, caso eleito presidente, aqueles que “mentiram” sobre ele, numa referência direta às denúncias de corrupção.
Questionado sobre essa ameaça, o petista disse que apenas teria usado força de expressão. Em seguida, saiu-se com provocação ao juiz, com quem está empatado tecnicamente, segundo o Datafolha, nas simulações sobre o segundo turno da próxima sucessão presidencial, tendo dito que “No dia em que o senhor for candidato, vai ter muita força de expressão no palanque”.
No calor mais intenso do depoimento, quando o interrogatório se aproximava de discussões com tentativas de destruições mútuas, o político disparou petardo certeiro em direção ao juiz, sem citá-lo nominalmente, mas dizendo textualmente que “Tenho uma mágoa profunda do vazamento das minhas conversas com a minha mulher”.
Como é sabido, a divulgação das aludidas conversas contribuiu, de forma decisiva, para acelerar o processo de impeachment da então presidente.
O juiz perguntou o que o petista queria dizer com aquilo e respondeu “que o tempo se encarregará de reescrever a história.”, dando a entender, com a maior clareza, que as ameaças de prisão aos integrantes da força-tarefa da Lava-Jato são para valer e seu possível retorno ao Palácio do Planalto, entre outras medidas de caráter extremamente pessoal e egoística, será de concretizar o seu plano diabólico de retaliação e de revanche, conforme ele deixa isso indiscutivelmente cristalino. 
Não obstante, a gigantesca montanha de acusações e denúncias objeto das delações vindas de executivos de quase todas as empreiteiras, além das investigações de que tratam a Operação Lava-Jato conspiram fortemente contra às suas aspirações presidenciais, tendo em vista que os fatos vindos à lume são mais que suficientes para que o povo saiba realmente o que aconteceu de desastroso contra o interesse público, proveniente dos esquemas criminosos de corrupção implantada justamente no governo de quem pretende retornar à Presidência da República, agora com os medíocres propósitos de retaliação e revanche. 
É claro que a Justiça vai tratar de aplicar punição adequada ao político, mas a mais significativa condenação para ele será expressiva derrota no pleito eleitoral de 2018, quando o povo há de mostrar que foi acordado dessa absurda letargia, ao perceber que demagogia e hipocrisia têm limite e não aceita mais ser comandado por governo de extremo populismo, apenas envolto em promessas falsas e falaciosas que já demonstraram a sua plena ineficiência político-administrativa, que conseguiu levar o Brasil ao estrondoso recorde de desemprego de 14 milhões de trabalhadores, a par das piores crises da história brasileira, com enorme recessão econômica e descrédito do governo.
Não há dúvida de que a volta do político ao governo poderá significar verdadeiro caos social, político, econômico e administrativo, diante da confirmação do retrógrado populismo/socialista, incapaz de produzir reformas das estruturas do Estado, a exemplo dos governos petistas do passado recente, de triste memória, à vista da estagnação generalizada que contribuiu para potencializar o subdesenvolvimento das conjuntura e estrutura do país.
Não somente a Justiça, com base nas poderosas investigações da Operação Lava-Jato, mas também o povo, com a força do sufrágio universal, saberão discernir o real estrago da roubalheira perpetrada nos cofres da Petrobras, justamente no governo que se beneficiou com o desvio de recursos, ensejando senão a condenação à prisão dos envolvidos e ao ressarcimento dos valores correspondentes aos prejuízos causados ao patrimônio dos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 17 de maio de 2017

Nenhum comentário:

Postar um comentário