sexta-feira, 5 de maio de 2017

Preservação da democracia?

A ex-presidente da República petista disse que seu antecessor não pode ser excluído da corrida eleitoral para 2018, tendo manifestado seu apoio a ele, a par de ressaltar a importância da preservação da democracia no país.
Ela afirmou que, embora os meios de comunicação dediquem boa parte de seu espaço para "destruir a biografia de Lula", as pesquisas indicam que ele é o candidato mais votado para as eleições 2018.
De fato, as pesquisas mostram que o petista lidera a preferência dos entrevistados, para a corrida presidencial do próximo ano, em que pese ele ser alvo de investigações na Operação Lava-Jato e ainda enfrentar cinco processos na Justiça, por crimes graves de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, obstrução à Justiça e tráfico de influência.
A também defendeu a necessidade de reforma no sistema político-eleitoral e destacou que a democracia é "o único caminho" para o país.
A petista concluiu afirmando que "O Brasil só ganhou quando foi democrático e só perdeu quando não foi. Para nós a democracia é o lado certo da história".
Parece haver enorme equívoco de interpretação por parte da petista, com relação aos fatos relacionados à candidatura presidencial, que ainda será no próximo ano e, enquanto não chegar o momento legalmente previsto, o ex-presidente precisa limpar o nome dele das múltiplas denúncias sobre possível participação em casos ilícitos, praticados na vida pública, que são absolutamente incompatíveis com o exercício do relevante cargo de presidente da República, à luz das exigências de idoneidade e de conduta ilibada, que são atributos contrárias aos crimes supracitados, pelos quais ele responde na Justiça, na qualidade de réu.
À toda evidência, nada impede que o ex-presidente seja candidato ao Palácio do Planalto, ao contrário das levianas e apressadas conclusões da petista, que fala em manobra para destruir a biografia dele, mas é preciso que ele, primeiro, cuide de se desvencilhar dos processos que responde na Justiça e esclareça os fatos sob suspeita de irregulares que pesam seus ombros, para que tenha reais condições de representar o povo.
Não parece razoável que alguém, pelo menos isso não acontece nos países sérios, civilizados e evoluídos democraticamente, pretenda comandar um país com grandeza do povo brasileiro, sem que preencha os requisitos de honorabilidade, dignidade, com o credencial próprio de ficha limpa, além de livre de quaisquer acusação de ilicitude, porque isso não condiz com a índole do homem público, que não pode sequer ser suspeito de participação em ato ilegítimo, haja vista que o zelo e a administração do patrimônio dos brasileiros exigem que o seu responsável esteja acima de qualquer suspeita, não podendo estar respondendo a questionamentos na Justiça.
É preciso se entender, sob o prisma dos princípios democráticos, que a exclusão da corrida eleitoral vai depender das condições de ilegitimidade apresentadas pelos candidatos, porque há de se convir que devem prevalecer, nos pleitos eleitorais, os conceitos do bom senso e da razoabilidade, não ficando  bem para uma nação que alguém pretenda ser presidente da República estando com pendências na Justiça, uma vez que isso conspira contra os princípios da moralidade, legalidade e dignidade ínsitos do relevante cargo.
Também comete grave injustiça quem acusa os meios de comunicação de dedicar espaço para destruir a vida de homem público, que, na verdade, tem sido alvo de acusações e de denúncias pertinentes à prática de atos irregulares, sendo o próprio responsável pelo fornecimento de ricos elementos que municiam o noticiário policial sobre fatos nada republicanos, diante do seu envolvendo em casos escabrosos, segundo o seu conteúdo, normalmente fazendo menção a casos absolutamente incompatíveis com o exercício de cargos públicos e os princípios da ética, moralidade, legalidade, dignidade e outros que são indispensáveis às salutares práticas na administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
          Brasília, em 5 de abril de 2017

Nenhum comentário:

Postar um comentário