O
ex-presidente da OAS disse, em depoimento ao juiz da Operação Lava-Jato, que
foi orientado pelo ex-presidente da República petista a destruir provas que
pudessem incriminá-lo na citada operação.
O
citado empresário disse que "Eu tive
um encontro com o ex-presidente, em junho, tenho isso anotado na minha agenda,
são vários encontros, onde o presidente textualmente me fez a seguinte pergunta: 'Léo, o senhor fez algum
pagamento a João Vaccari no exterior?' Eu disse: ‘Não, presidente, nunca fiz pagamento a essas
contas que nós temos com Vaccari no exterior’. ‘Como você está procedendo os pagamentos
para o PT?’. 'Através do João Vaccari. Estou
fazendo os
pagamentos através de orientações do Vaccari de caixa 2, de doações diversas
que nós fizemos a diretórios e tal'. 'Você tem algum registro de algum encontro de contas feitas com João
Vaccari com vocês? Se tiver, destrua'”.
O
ex-presidente da OAS afirmou que, quando houve a divulgação de que o tríplex
pertenceria ao político, os então tesoureiro do PT e presidente do Instituto
Lula disseram para ele que, uma vez que o imóvel estava em nome da OAS, “... ‘toque o assunto do mesmo jeito que você
vinha conduzindo. O apartamento não pode ser comercializado. O apartamento
continua em nome da OAS, e, depois, a gente vai ver como vamos fazer a
transferência ou o que for’”.
Segundo
o empresário, a cota pertencente ao político e sua esposa era de apartamento
típico e não de um tríplex, mas "Eu
fui orientado que este apartamento eu poderia negociá-lo porque o apartamento
da família seria o tríplex".
O
ex-presidente da OAS disse que o tríplex tinha área três vezes maior do que a
dos demais apartamentos e que o valor era duas vezes e meia maior, mas, em
momento algum, foi tratado do pagamento da diferença de preço, que seria
contabilizado na conta em nome do partido, conforme mencionado acima.
O
empresário também disse que o tríplex nunca foi colocado à venda, porque "Eu tinha uma orientação para não colocar à
venda, que pertenceria à família do ex-presidente".
Por
sugestão da ex-esposa do político, que alegou logística familiar, foi
construído mais um quarto no 1º andar e promovidas modificações na cozinha, parar
melhorar o aproveitamento de seu espaço.
Na
ocasião, ficaram definidas alterações na escada e, posteriormente, a colocação do
elevador. Ele disse que "No andar
intermediário, tinham algumas mudanças pontuais indicadas pela esposa do
presidente, e na cobertura propriamente dita eles ficaram preocupados com a
questão da privacidade".
O
empresário disse que "Dona Marisa me
fez um pedido, disse: 'Olha, nós gostaríamos de passar as festas de fim de ano
aqui no apartamento. Teria condições de estar pronto?' Eu disse que pode ficar
certa que antes disso nós vamos entregar tudo pronto'. Foi o que ocorreu".
O
ex-presidente da OAS, a pedido do juiz, esclareceu que qualquer despesa tinha
que ser lançada em um centro de custo. No caso do tríplex, as despesas eram
lançadas no empreendimento Solaris e que "Mas tinha que ter um centro de custo, por isso o nome Zeca Pagodinho
que se refere a um apelido que se tinha do presidente, que a gente tem nas
mensagens... de ‘Brahma’".
Ou seja, o centro
funcionava como uma conta corrente, destinada a determinado titular, a exemplo
da conta Zeca Pagodinho, que fazia alusão ao petista, por onde foram pagas as
despesas das reformas providenciadas pela empreiteira, segundo informação
prestada pelo empresário.
Diante dessa importante
informação, parece não haver maiores dificuldades para a comprovação da origem
dos recursos que custearam as questionadas reformas, porque uma simples
auditoria pode constatar a veracidade das informações prestadas pelo empresário
de que o imóvel realmente pertencia ao político, embora ainda não constasse
registrado em seu nome, o que é de somenos importância, por se tratar de mera
formalidade, uma vez que, segundo o empreiteiro, os valores pertinentes a ele
seriam contabilizados a débito da citada conta constituída com propina.
A
defesa do político garante que o empreiteiro produziu encenação, mentira, por estar interessado em negociar delação premiada,
mas só que ela tem fundo de plausibilidade, à luz dos fatos narrados com base
nos acontecimentos, salvo com relação ao registro do imóvel, que nem precisa
para se caracterizar, nas circunstâncias, que é o verdadeiro dono dele,
principalmente levando-se em conta que os pagamentos da venda do imóvel e das
reformas saíram da conta alimentada com dinheiro da corrupção, contabilizado em
nome do partido do político.
Enquanto a empreiteira, dona de direito do imóvel,
assegura que o apartamento pertence de fato ao político, com base em robustos
elementos de convicção, à vista dos fatos narrados por seu ex-presidente, o
petista apenas nega peremptoriamente, conforme fez no depoimento ao juiz da
Operação Lava-Jato, ser o dono dele, sem apresentar qualquer elemento em
respaldo às suas alegações, em que pesem os fatos evidenciarem, com peso
substancial, que o questionado apartamento está fortemente vinculado a ele,
apenas inexistindo a escritura para formalizar juridicamente a questão.
É de suma importância que os
fatos sejam devidamente aclarados, de modo que a verdade floresça e venha à
tona, doa quem doer, tendo em vista que os atos envolvendo homens públicos
precisam da absoluta transparência, em atendimento aos salutares princípios da
moralidade, dignidade, idoneidade, entre outros inerentes às atividades
políticas. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de maio de 2017
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