À luz das delações dos executivos da Odebrecht e das investigações da
Operação da Lava-Jato, muitas das quais se tornaram públicas, a podridão da
República petista veio à tona com a força de explosão megatônica, capaz de
causar imensurável assombro.
A
referida república era composta por legião de inescrupulosos homens públicos,
ex-presidentes do país, governadores, senadores, deputados, ministros,
executivos e outros corruptos assemelhados, que não se envergonharam de se
beneficiar de dinheiros de propina, muitos dos quais empregados ilicitamente em
campanhas eleitorais, dando continuidade à sua sanha política do mal.
O crime arquitetado e comandado pelo petismo foi
capaz de funcionar com a eficiência que ficou distante dos resultados
apresentados no poder, à vista dos rombos das contas públicas, denunciadas pelas
famigeradas pedaladas fiscais, que contribuíram para afastar do Palácio do
Planalto, por incompetência, a antiga moradora do Palácio da Alvorada.
Certamente que os idealizadores desse projeto
maligno de corrupção devem ter se surpreendidos com a estrondosa dimensão que
ele alcançou, tendo abrangência descomunal e se transformado em verdadeiro
monstro, conforme se percebe pelos alarmantes relatos dos delatores da
Odebrecht, que conseguiram estarrecer as pessoas honestas e honradas.
O maior político do país foi considerado, pelo
Ministério Público Federal, o comandante supremo da organização criminosa,
contrariando, de forma radical, suas palavras do passado, quando ele se passava
por defensor da moralidade e paladino contra os corruptos e os malfeitores, inclusive
denunciava a existência de 300 picaretas comandando o Congresso Nacional.
Segundo os depoimentos em referência, há clara evidência
de que “a alma mais honesta que existe”,
como assim ele ainda se autoproclama, teria recebido propinas em dinheiro vivo
e sob a forma de presentes e reformas em imóveis de amigos, mas de seu uso e engendrou
esquemas de desvios de recursos e de corrupção de toda ordem, aproveitando para
espraiar as benesses ilegítimas para a família, como filhos, irmão, sobrinho etc.
Sem o menor pudor, muitos se locupletaram dos
financiamentos por meio do caixa dois em suas campanhas, mesmo sabendo que isso
caracteriza crime, mas o que importava mesmo era a reciprocidade promíscua com
as empreiteiras, com as reiteradas trocas de favores.
Está fortemente evidenciado, conforme mostram as
delações em comento, que, na era petista, houve a institucionalização, a consolidação,
o agigantamento e o aperfeiçoamento de eficientes esquemas de corrupção como
política de Estado, utilizado de forma ambiciosa para a implementação da
absoluta dominação das classes política e social e da perenidade no poder, tudo
movido às custas de recursos públicos desviados da Petrobras.
Os eleitores ingênuos e desinformados, apenas
instruídos o suficiente para saber sobre o assistencialismo das bolsas
populistas, serviam como fiéis eleitores justamente para respaldar no poder os
homens bastante sábios, porém mal-intencionados, ávidos pelo domínio dos
segredos do Tesouro, que abasteceram sem limite a ganância, em profundidade e abrangência.
O aparelhamento estatal foi devidamente amoldado à facilitação
do saque aos cofres da Petrobras, tendo sido institucionalizado o desvio de determinado
percentual dos contratos para rateio entre partidos políticos e outros
integrantes da roubalheira normatizada.
Há forte evidência de que o populismo teve como
saldo o velho e surrado provérbio segundo o qual se rouba, mas se faz algo para
o povo, sob a alegação de se tratar da realização de causas justas, a respaldar
a roubalheira.
A roubalheira disseminada no âmago de ilustres
homens públicos não se torna ainda mais repugnante porque eles seriam
absolutamente incapazes de praticar tamanha indignidade se não fossem os lídimos
representantes do povo, ou seja, sem o apoio do voto popular os contumazes
desviadores de recursos públicos não estariam exercendo cargos públicos
eletivos.
Não há dúvida de que
o povo tem parcela expressiva como participante indireto no desvio de recursos
públicos, para os cofres de partidos políticos e bolsos de políticos
inescrupulosos, tendo em vista que os corruptos que lideram a roubalheira foram
escolhidos pelo povo, mesmo aqueles que não estão exercendo cargos públicos
eletivos, no momento, mas já foram votados no passado e tiveram o apoio do povo
para praticar o cruel crime de se beneficiarem, de forma indevida, de recursos públicos.
É evidente que esse fato não justifica conduta tão
indigna e reprovável, mas ele serve de importante alerta no sentido de que o
brasileiro precisa se preocupar com a escolha de seus representantes na vida
pública, a despeito de que é dever cívico da maior importância e responsabilidade
que eles devam ser apoiados somente depois de rigorosa avaliação sobre a sua
vida pregressa e de seus hábitos de cidadão, para se aquilatar a sua conduta de
homem público e o seu caráter como pessoa, depois de assegurado que se trata
realmente de pessoa absolutamente idônea e qualificada para representá-lo, à
vista da certeza de que a pessoa escolhida é realmente capaz de defender os
interesses da população e de priorizar as causas nacionais, com total desprezo aos
projetos pessoais e partidários.
Por
seu turno, não se pode olvidar que as revelações constantes das delações dos
executivos da Odebrecht têm o condão não somente de contribuir para um marco
divisório da esculhambação reinante nos governos petistas e o despertar para a
necessidade de revolução na mentalidade dos brasileiros, que precisam se
esforçar para eliminar da vida pública os maus políticos que já demonstraram
sua índole perversa e cruel, em termos da falta de zelo com a coisa pública,
mas também para servir de lição de como os homens públicos devem atuar
contrariamente àqueles que tiveram a indignidade de compartilhar com os
esquemas criminosos que desviaram recursos da Petrobras e se tornaram os
maiores vilões da história republicana, sendo indignos de representar o povo.
A verdade é que o Brasil não merecia ter sido
tratado com tanta desonestidade, brutalidade e descomunais indiferença e
desconsideração, em termos de roubalheira do dinheiro público, uma vez que o patriota
de verdade seria incapaz de praticar tamanha truculência e indecência contra os
saudáveis princípios da ética, moralidade, honestidade, dignidade e demais
condutas inerentes aos homens públicos cônscios da sua responsabilidade cívica
e patriótica. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 1 de maio de 2017
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