segunda-feira, 1 de maio de 2017

Recrimináveis esquemas criminosos

      À luz das delações dos executivos da Odebrecht e das investigações da Operação da Lava-Jato, muitas das quais se tornaram públicas, a podridão da República petista veio à tona com a força de explosão megatônica, capaz de causar imensurável assombro.
  A referida república era composta por legião de inescrupulosos homens públicos, ex-presidentes do país, governadores, senadores, deputados, ministros, executivos e outros corruptos assemelhados, que não se envergonharam de se beneficiar de dinheiros de propina, muitos dos quais empregados ilicitamente em campanhas eleitorais, dando continuidade à sua sanha política do mal.
O crime arquitetado e comandado pelo petismo foi capaz de funcionar com a eficiência que ficou distante dos resultados apresentados no poder, à vista dos rombos das contas públicas, denunciadas pelas famigeradas pedaladas fiscais, que contribuíram para afastar do Palácio do Planalto, por incompetência, a antiga moradora do Palácio da Alvorada.
Certamente que os idealizadores desse projeto maligno de corrupção devem ter se surpreendidos com a estrondosa dimensão que ele alcançou, tendo abrangência descomunal e se transformado em verdadeiro monstro, conforme se percebe pelos alarmantes relatos dos delatores da Odebrecht, que conseguiram estarrecer as pessoas honestas e honradas.
O maior político do país foi considerado, pelo Ministério Público Federal, o comandante supremo da organização criminosa, contrariando, de forma radical, suas palavras do passado, quando ele se passava por defensor da moralidade e paladino contra os corruptos e os malfeitores, inclusive denunciava a existência de 300 picaretas comandando o Congresso Nacional.
Segundo os depoimentos em referência, há clara evidência de que “a alma mais honesta que existe”, como assim ele ainda se autoproclama, teria recebido propinas em dinheiro vivo e sob a forma de presentes e reformas em imóveis de amigos, mas de seu uso e engendrou esquemas de desvios de recursos e de corrupção de toda ordem, aproveitando para espraiar as benesses ilegítimas para a família, como filhos, irmão, sobrinho etc.
Sem o menor pudor, muitos se locupletaram dos financiamentos por meio do caixa dois em suas campanhas, mesmo sabendo que isso caracteriza crime, mas o que importava mesmo era a reciprocidade promíscua com as empreiteiras, com as reiteradas trocas de favores.
Está fortemente evidenciado, conforme mostram as delações em comento, que, na era petista, houve a institucionalização, a consolidação, o agigantamento e o aperfeiçoamento de eficientes esquemas de corrupção como política de Estado, utilizado de forma ambiciosa para a implementação da absoluta dominação das classes política e social e da perenidade no poder, tudo movido às custas de recursos públicos desviados da Petrobras.
Os eleitores ingênuos e desinformados, apenas instruídos o suficiente para saber sobre o assistencialismo das bolsas populistas, serviam como fiéis eleitores justamente para respaldar no poder os homens bastante sábios, porém mal-intencionados, ávidos pelo domínio dos segredos do Tesouro, que abasteceram sem limite a ganância, em profundidade e abrangência.
O aparelhamento estatal foi devidamente amoldado à facilitação do saque aos cofres da Petrobras, tendo sido institucionalizado o desvio de determinado percentual dos contratos para rateio entre partidos políticos e outros integrantes da roubalheira normatizada.
Há forte evidência de que o populismo teve como saldo o velho e surrado provérbio segundo o qual se rouba, mas se faz algo para o povo, sob a alegação de se tratar da realização de causas justas, a respaldar a roubalheira.
A roubalheira disseminada no âmago de ilustres homens públicos não se torna ainda mais repugnante porque eles seriam absolutamente incapazes de praticar tamanha indignidade se não fossem os lídimos representantes do povo, ou seja, sem o apoio do voto popular os contumazes desviadores de recursos públicos não estariam exercendo cargos públicos eletivos.
Não há dúvida de que o povo tem parcela expressiva como participante indireto no desvio de recursos públicos, para os cofres de partidos políticos e bolsos de políticos inescrupulosos, tendo em vista que os corruptos que lideram a roubalheira foram escolhidos pelo povo, mesmo aqueles que não estão exercendo cargos públicos eletivos, no momento, mas já foram votados no passado e tiveram o apoio do povo para praticar o cruel crime de se beneficiarem, de forma indevida, de recursos públicos.
É evidente que esse fato não justifica conduta tão indigna e reprovável, mas ele serve de importante alerta no sentido de que o brasileiro precisa se preocupar com a escolha de seus representantes na vida pública, a despeito de que é dever cívico da maior importância e responsabilidade que eles devam ser apoiados somente depois de rigorosa avaliação sobre a sua vida pregressa e de seus hábitos de cidadão, para se aquilatar a sua conduta de homem público e o seu caráter como pessoa, depois de assegurado que se trata realmente de pessoa absolutamente idônea e qualificada para representá-lo, à vista da certeza de que a pessoa escolhida é realmente capaz de defender os interesses da população e de priorizar as causas nacionais, com total desprezo aos projetos pessoais e partidários.
          Por seu turno, não se pode olvidar que as revelações constantes das delações dos executivos da Odebrecht têm o condão não somente de contribuir para um marco divisório da esculhambação reinante nos governos petistas e o despertar para a necessidade de revolução na mentalidade dos brasileiros, que precisam se esforçar para eliminar da vida pública os maus políticos que já demonstraram sua índole perversa e cruel, em termos da falta de zelo com a coisa pública, mas também para servir de lição de como os homens públicos devem atuar contrariamente àqueles que tiveram a indignidade de compartilhar com os esquemas criminosos que desviaram recursos da Petrobras e se tornaram os maiores vilões da história republicana, sendo indignos de representar o povo.
A verdade é que o Brasil não merecia ter sido tratado com tanta desonestidade, brutalidade e descomunais indiferença e desconsideração, em termos de roubalheira do dinheiro público, uma vez que o patriota de verdade seria incapaz de praticar tamanha truculência e indecência contra os saudáveis princípios da ética, moralidade, honestidade, dignidade e demais condutas inerentes aos homens públicos cônscios da sua responsabilidade cívica e patriótica. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
          Brasília, em 1 de maio de 2017

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