segunda-feira, 1 de maio de 2017

Exploração da ingenuidade?

Aproveitando a divulgação de pesquisa Datafolha, versando sobre as intenções de voto com vistas à corrida ao Palácio do Planalto, ainda em 2018, o Partido dos Trabalhadores logo imaginou bela estratégia para consolidar a candidatura de seu líder-mor, por ter sido o nome mais apontado pelos entrevistados, na pesquisa espontânea, por 16% dos eleitores de 172 cidades.
Ao mesmo tempo, o partido pretende explorar a baixa popularidade do presidente da República para mostrar a conveniência da volta de seu cacique à Presidência.
Também em outra pesquisa foi apontado que o desempenho do presidente do país é considerado ruim ou péssimo por 61% dos eleitores, tendo a taxa de aprovação de apenas 9%, que é menor que a avaliação da ex-presidente, por ocasião do seu impeachment, que atingiu 13%.
O partido também quer explorar outro importante índice da pesquisa, que diz respeito ao apoio dos entrevistados a novas eleições diretas, dando conta de que, segundo a Datafolha, 85% de 2.781 pessoas ouvidas são favoráveis à realização de novos pleitos eleitorais.
De acordo com a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, o PT também deve concentrar esforços com vistas à antecipação de eleição, como forma de aproveitar o momento que a popularidade de seu líder se mantém pouco afetada, a despeito das delações dos executivos da Odebrecht e das investigações da Operação Lava-Jato, ao contrário do que ocorre com a imagem de importantes opositores dele, que se esfarelaram, depois das denúncias.
É muito curiosa a forma de desfaçatez como o partido ignora e não quer perceber a tragédia que os fatos pertinentes às denúncias sobre roubalheiras, principalmente na Petrobras, que são objeto de múltiplas investigações, representam de malignidade, perniciosidade e malefício para os interesses do país, à vista das mais graves crises que desaguaram como complicador no desempenho da economia e na credibilidade da nação, com terrível reflexo no processo produtivo, no emprego e nos investimentos público e privado, a despeito do surpreendente apoio de 16% de brasileiros entrevistados, que se dizem favoráveis à vota de quem contribuiu efetivamente, como personagem principal, segundo os investigadores, para esse estado de absoluta desgraça.
Ao invés de tentar explorar o momento, segundo a agremiação, favorável ao líder-mor, com a sinalização de apoio por parte de alguns fiéis militantes, que ainda não se deram conta da gravidade dos fatos malignos impregnados na alarmante corrupção, e a baixa popularidade do presidente da República, os estrategistas do partido que arrasou e destroçou o país poderiam se empolgar e mostrar, com provas juridicamente válidas, que as enxurradas de acusações sobre as práticas de atos irregulares são inverídicas e que os envolvidos não tiveram nenhuma participação nesse mar pútrido que envergonha toda nação, do lado digno e honrado.
Não tem o menor cabimento que o tsunami de acusações e denúncias sobre desvios de dinheiro da Petrobras, objeto de investigações pela Operação Lava-Jato, não mereça os devidos esclarecimentos à população sobre toda imundície consistente no desvio de recursos públicos para fins absolutamente irregulares e prejudiciais aos interesses dos brasileiros.
Onde estão esses espíritos de moralidade e dignidade, por se pretender aproveitar o momento especial para explorar a ingenuidade, a incredulidade, a imbecilidade de alguns brasileiros, que ainda votariam, na preferência de 16%, em quem não consegue se dispor a dizer à nação que não vai mais tratar de fazer política enquanto não tiver o seu nome, a sua honra, a sua dignidade completamente recuperados, mediante a comprovação, onde for necessário, da sua inculpabilidade sobre a avalanche de acusações sobre a prática de atos irregulares na vida pública?
A comprovação da verdade sobre os fatos nada mais é do que a devida prestação de contas aos 84% dos brasileiros indignados, que não votariam no político alvo de investigações e estão esperando que os fatos imundos e vexaminosos denunciados sejam devidamente justificados e esclarecidos, para o bem não somente dele, mas, principalmente, dos destinos de uma nação enxovalhada pela montanha de fatos indignos e absolutamente contrários aos princípios da administração pública, notadamente no que se referem à ética, moralidade, legalidade, dignidade, probidade, transparência, entre tantos que devem ser fielmente observados, em se tratando de gestão pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 1º de maio de 2017

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