terça-feira, 5 de setembro de 2017

A decisão do povo

O maior político brasileiro da atualidade afirmou, em discurso na caravana que percorre o Nordeste, que existe uma "trama", uma "coisa jurídica" para impedir sua candidatura em 2018.
Ele disse que "Não estou reivindicando nada, não temos eleições este ano. Mas tudo que leio, tudo que ouço é que eles estão tentando uma trama qualquer, uma coisa jurídica qualquer para impedir que o Lula volte; senão, não teria sentido ter dado um golpe na Dilma e depois de dois anos voltar".
A declaração do político foi dada no mesmo dia em que o jornal A Folha de S. Paulo teria informado que o trâmite da chegada do recurso da condenação à prisão do juiz da Operação Lava-Jato contra ele teria sido o mais rápido da história dessa operação, fato este que foi negado pelo magistrado.
O político declarou que "Se esses cidadãos que estão me julgando acharem um real roubado na minha conta, eu venho aqui pedir desculpas a vocês".
Na ocasião, o político ainda desafiou que o Judiciário barre sua candidatura, caso ela tenha apoio popular, nestes termos: "Quero que saibam uma coisa: eu já fui presidente, e quero que eles saibam que quem vai decidir (se sou candidato) é o povo brasileiro. Eu conto pra todo mundo: quem nasceu no Nordeste, como eu nasci, e não morri de fome até os cinco anos, não tem que ter preocupação com nada. Quero que o povo seja respeitado".
O político voltou a repetir que, se for realmente candidato, irá "para ganhar. E ganhando eles sabem que só vou cuidar do povo desse país (sic)".
Ele ainda ironizou a falta de apoio popular do presidente do país e o desafiou a ir às ruas, nestes termos: "O Temer está no lugar dessa daqui (se referindo à ex-presidente). Mas eu duvido que ele tenha coragem de fazer um ato como esses daqui, porque só fala com o povo quem gosta do povo (sic)".
Em apoio ao político, a ex-presidente havia comentado o caso antes, dizendo que "Eles farão um enorme esforço que não mude essa situação (de destruição das conquistas petistas). Um desses esforços vai ser usar sempre dois pesos, duas medidas. Eles tentarão impedir que nós ganhemos a eleição outra vez, que nós ganhemos com o presidente Lula. Mas nós temos de resistir".
Não há a menor dúvida de que até pode haver essa trama jurídica suscitada pelo político, mas consistente na incompreensível e secular demora para decidir sobre as ações que precisam ser resolvidas com a maior urgência possível, mas, ao contrário, elas se arrastam de maneira inexplicável e principalmente injustificável, quando estão em jogo interesses do país e da sociedade, diferentemente do que acontece nos países sérios, civilizados e evoluídos, onde as demandas são julgadas de forma prioritária, notadamente quando elas envolvem crimes de corrupção e assemelhados, diante da necessidade, se for o caso, de se colocar os corruptos na cadeia e de se condená-los pelo ressarcimento dos prejuízos causados ao erário.
É muito possível que haja sim, no caso do político, trama jurídica, em razão de a Justiça insistir em condená-lo pelos crimes que são atribuídos à sua autoria, constituindo verdadeiro absurdo, no entendimento dele, por ele se considerar inocente, embora as contestações apresentadas por sua defesa não terem conseguido convencer o juiz da Lava-Jato sobre a sua real inculpabilidade.
Essa trama jurídica a que se refere o ex-presidente é extremamente injusta, indevida e perversa, que precisa ser desmascarada, exclusivamente para o bem da verdade, por meio de medidas de iniciativa do próprio interessado acusador, que precisa provar na Justiça, com elementos juridicamente válidos, sua plena inocência sobre os fatos ruidosamente denunciados, como legítima e definitiva forma de prestação de contas à sociedade acerca das suas atividades na vida pública.
Também é justo, por fazer parte da praxe, que ele promova ações pertinentes contra aqueles que estão tramando, na seara jurídica, contra ele e seus projetos políticos, conquanto  o ordenamento jurídico pátrio dispõe de riquíssimos elementos para o devido enquadramento dos tramadores, nos casos de danos morais, perseguição, injúria, acusações indevidas e outras aleivosias que precisam ter termo, visto que, na modernidade atual não se concebe que hajam tramas sem que os envolvidos não sejam devidamente responsabilizados e punidos, na forma da lei. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 5 de setembro de 2017

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