O maior político brasileiro da atualidade afirmou,
em discurso na caravana que percorre o Nordeste, que existe uma "trama", uma "coisa jurídica" para impedir sua
candidatura em 2018.
Ele disse que "Não estou reivindicando nada, não temos eleições este ano. Mas tudo que
leio, tudo que ouço é que eles estão tentando uma trama qualquer, uma coisa
jurídica qualquer para impedir que o Lula volte; senão, não teria sentido ter
dado um golpe na Dilma e depois de dois anos voltar".
A declaração do político foi dada no mesmo dia em
que o jornal A Folha de S. Paulo
teria informado que o trâmite da chegada do recurso da condenação à prisão do
juiz da Operação Lava-Jato contra ele teria sido o mais rápido da história
dessa operação, fato este que foi negado pelo magistrado.
O político declarou que "Se esses cidadãos que estão me julgando acharem um real roubado na
minha conta, eu venho aqui pedir desculpas a vocês".
Na ocasião, o político ainda desafiou que o
Judiciário barre sua candidatura, caso ela tenha apoio popular, nestes termos:
"Quero que saibam uma coisa: eu já
fui presidente, e quero que eles saibam que quem vai decidir (se sou
candidato) é o povo brasileiro. Eu conto
pra todo mundo: quem nasceu no Nordeste, como eu nasci, e não morri de fome até
os cinco anos, não tem que ter preocupação com nada. Quero que o povo seja
respeitado".
O político voltou a repetir que, se for realmente
candidato, irá "para ganhar. E
ganhando eles sabem que só vou cuidar do povo desse país (sic)".
Ele ainda ironizou a falta de apoio popular do
presidente do país e o desafiou a ir às ruas, nestes termos: "O Temer está no lugar dessa daqui (se
referindo à ex-presidente). Mas eu duvido
que ele tenha coragem de fazer um ato como esses daqui, porque só fala com o
povo quem gosta do povo (sic)".
Em apoio ao político, a ex-presidente havia
comentado o caso antes, dizendo que "Eles
farão um enorme esforço que não mude essa situação (de destruição das
conquistas petistas). Um desses esforços
vai ser usar sempre dois pesos, duas medidas. Eles tentarão impedir que nós
ganhemos a eleição outra vez, que nós ganhemos com o presidente Lula. Mas nós
temos de resistir".
Não
há a menor dúvida de que até pode haver essa trama jurídica suscitada pelo
político, mas consistente na incompreensível e secular demora para decidir
sobre as ações que precisam ser resolvidas com a maior urgência possível, mas,
ao contrário, elas se arrastam de maneira inexplicável e principalmente
injustificável, quando estão em jogo interesses do país e da sociedade,
diferentemente do que acontece nos países sérios, civilizados e evoluídos, onde
as demandas são julgadas de forma prioritária, notadamente quando elas envolvem
crimes de corrupção e assemelhados, diante da necessidade, se for o caso, de se
colocar os corruptos na cadeia e de se condená-los pelo ressarcimento dos
prejuízos causados ao erário.
É
muito possível que haja sim, no caso do político, trama jurídica, em razão de a
Justiça insistir em condená-lo pelos crimes que são atribuídos à sua autoria,
constituindo verdadeiro absurdo, no entendimento dele, por ele se considerar
inocente, embora as contestações apresentadas por sua defesa não terem conseguido
convencer o juiz da Lava-Jato sobre a sua real inculpabilidade.
Essa trama jurídica a que se refere o ex-presidente
é extremamente injusta, indevida e perversa, que precisa ser desmascarada, exclusivamente
para o bem da verdade, por meio de medidas de iniciativa do próprio interessado
acusador, que precisa provar na Justiça, com elementos juridicamente válidos,
sua plena inocência sobre os fatos ruidosamente denunciados, como legítima e
definitiva forma de prestação de contas à sociedade acerca das suas atividades
na vida pública.
Também é justo, por fazer parte da praxe, que ele
promova ações pertinentes contra aqueles que estão tramando, na seara jurídica,
contra ele e seus projetos políticos, conquanto
o ordenamento jurídico pátrio dispõe de riquíssimos elementos para o
devido enquadramento dos tramadores, nos casos de danos morais, perseguição,
injúria, acusações indevidas e outras aleivosias que precisam ter termo, visto
que, na modernidade atual não se concebe que hajam tramas sem que os envolvidos
não sejam devidamente responsabilizados e punidos, na forma da lei. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 5 de setembro de 2017
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