Um experiente articulista disse, a propósito dos
últimos acontecimentos envolvendo importantes políticos, que “O Partido dos Trabalhadores está tonto. A
tonteira cresce à medida que aumentam as chances de Lula se tornar um político
ficha-suja, inabilitado para disputar eleições. O PT ameaça adotar uma
estratégia muito parecida com um plano de fuga. O partido discute a sério a
ideia de boicotar as eleições de 2018. Sem Lula, o PT deixaria de lançar
candidatos ao Planalto, à Câmara e ao Senado. E viajaria pelo mundo gritando: ‘É
fraude.’”.
O jornalista aduziu que “O preso José Dirceu, ‘guerreiro do povo brasileiro’, apoia o boicote. A
investigada Gleise Hoffmann, presidente do PT, acha que o debate expõe a
gravidade da hipotética perseguição a Lula. José Américo, deputado estadual do
PT de São Paulo, chega a dizer que, sem Lula na urna eleitoral, o país corre ‘um
risco de guerra civil.’. Dizia-se o
mesmo do impeachment. Mas a única arma que o brasileiro pegou foi o currículo
—13 milhões estão na batalha pelo emprego perdido sob Dilma.”.
Arrematando
as impressões sobre o Partido dos Trabalhadores, o jornalista disse que, “Em 13 anos, o PT produziu dois megaescândalos.
No mensalão, Lula safou-se. No petrolão, até o companheiro Palocci o chama de
corrupto. Os partidos políticos brasileiros têm cabeças demais e miolos de
menos. O PT sofre da mesma escassez de miolos, mas com uma cabeça só. O que o
PT informa agora, com outras palavras, é o seguinte: se o cabeça for preso, a
organização desistirá de se apresentar como partido político para se refundar como
uma piada.”.
As
últimas eleições para prefeito municipal e vereador já mostraram o verdadeiro perfil
do desempenho do PT, quando o eleitor o avaliou e deixou seu recado muito claro
nas urnas, no sentido de que a sua simpatia pelos candidatos do partido tinha
chegado ao limite da tolerância e a consequência disso foi que a capacidade eleitoral
do partido reduziu-se para apenas um terço, em relação ao pleito anterior, o
que demonstra o brusco e expressivo emagrecimento do seu poder de voto,
certamente em reação aos fatos degenerativos dos princípios da administração
pública, atribuídos ao partido.
É
muito provável que isso se explique, principalmente, pelo envolvimento de suas
lideranças em escabrosos casos de corrupção, em que pese todos negarem a
prática de qualquer ilicitude ou ilegalidade, sob a justificativa de que os
recursos recebidos nas campanhas eleitorais foram contabilmente registrados e a
Justiça Eleitoral teria chancelado a sua regularidade, reconhecendo a legitimidade
nas prestações de contas dos recursos recebidos, embora todos de origem
fraudulenta, por terem vindo do desvio de contratos com preços superfaturados,
entre outras irregularidades contrárias aos princípios republicanos.
É
bem possível que, na atualidade, a população tenha mais capacidade para avaliar
o real desempenho dos governos petistas, principalmente sob a égide e a centralização
do populismo, em detrimento das demais políticas essenciais ao desenvolvimento nacional,
que ficaram em planos secundários, acarretando enormes prejuízos para a nação e
os brasileiros em geral, diante da priorização de distribuição de renda para
parcela diminuta do povo, que também padeceu com as dificuldades na prestação
dos serviços públicos de péssima qualidade.
Parece
evidente que as crises contribuíram para o descrédito sobre o partido, em
especial no que se refere à economia, de modo que o julgamento dos governos petistas
precisa envolver os resultados obtidos nos seus quase 14 anos, em que houve
crescimento econômico, no primeiro momento, mas o seu declínio foi visível, na sua
pior fase, quando a presidente foi afastada, no embalo da crise aguda das investigações
sobre fatos suspeitos de irregulares, que continuam pendentes de
esclarecimentos e justificativas por parte de seus principais envolvidos, que
apenas juram que são inocentes, mas não conseguem provar absolutamente nada
nesse sentido.
No
momento, em termos eleitorais, tudo indica que a situação do partido somente
piora, diante do indiscutível e acelerado descolamento do PT, a exemplo da
recente delação do ex-ministro da Fazenda contra o até então seu respeitável
chefe, o entregando como sendo o criminoso que havia faturado fortuna em conluio
com a empreiteira Odebrecht, que soa como mentira para o partido, que somente
aceita delação como válida quando ela trata da inclusão de inimigos, aceitando que
aí que o delator fala verdades e merece credibilidade, mesmo que nem apresentem
provas.
Há
que se compreender que a trágica era PT deixou rastros de muita destruição no
país, notadamente com a economia em frangalhos, por consequência dos rombos nas
contas públicas, que foram acalentados por toda espécie de infortúnios, a
exemplo da recessão econômica, com o enorme peso da desindustrialização; da
inflação em dois dígitos; do endividamento público beirando os quatro trilhões
de reais; do desemprego superando os 13 milhões de pessoas; da redução da arrecadação;
da falta de investimentos públicos; e de todas as mazelas que levaram as
agências de avaliação de risco a baixarem o grau de investimento do Brasil,
diante do descrédito dos investidores, implicando na retirada de capitais do
país, entre tantas precariedades que foram creditadas à incompetência do
governo petista, principalmente da presidente que foi afastada por crime de responsabilidade
fiscal.
Na
realidade, se as informações do jornalista tiverem fundo de verdade, a
estratégia do partido não seria propriamente boicote, na forma clássica, às eleições,
para demonstrar alguma forma de insatisfação com o sistema vigente, mas sim o
reconhecimento de que seus quadros estão desgastados e desmoralizados, à míngua
dos devidos esclarecimentos e justificativas sobre os fatos delituosos, diante
dos acontecimentos que revelam nítida degeneração dos princípios da administração
pública, em absoluta dissonância com os conceitos de decência, moralidade,
transparência, legalidade, dignidade, entre outros que devem imperar nas
atividades político-partidárias, em contribuição à salutar governança de responsabilidade,
correção e harmonia com a consecução do bem comum e do interesse público. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de setembro de 2017
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