sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A desigualdade de renda

 O jornal Folha de S. Paulo publicou a seguinte matéria: "A desigualdade de renda no Brasil não caiu entre 2001 e 2015 e permanece em níveis 'chocantes', de acordo com um estudo feito pelo World Wealth and Income Database, instituto de pesquisa codirigido pelo economista Thomas Piketty, conhecido por seus estudos sobre desigualdade com a obra 'O Capital no Século 21'".
Os elementos e os estudos que servem de parâmetros para a avaliação da economia indicam que os mais ricos ficaram ainda mais ricos no governo que se vangloria de ser o "pai dos pobres", ou seja, os 10% mais ricos da população aumentaram sua fatia na renda nacional de 54% para 55%, enquanto os 50% mais pobres ampliaram sua participação de 11% para 12% no período, conforme reportagem de duas jornalistas.
Os estudos mostram que o crescimento econômico do período foi até notável, só que 61% se destinaram a 10% dos mais ricos, restando apenas 18% para a metade mais pobre. Isso se justifica pela elevação dos juros, que sempre beneficiou os mais afortunados, restando aos mais pobres a distribuição de renda, por meio do Bolsa Família, evidentemente em valores menos representativos.
Como era do interesse do governo populista de então, a propaganda oficial aproveito o momento para alardear os fatos, como o que teria sido enorme façanha, em termos de avanço social, ao pôr em destaque a queda da desigualdade social, que era tida por realidade reconhecida até por organismos internacionais, embora sem apresentar quaisquer parâmetros plausíveis de comprovação, apenas a avidez de satisfazer a vaidade do governo com viés extremamente populista, que tinha interesse em mostrar resultados socioeconômicos favoráveis a respaldar a perenidade no poder.
Na época dos fatos, todos aceitaram o anúncio da queda da desigualdade social sem o menor questionamento, em clara evidência da falta de interesse em se perquirir se haveria algum fundamento que isso pudesse ter sido verdade.
Na verdade, era do interesse do governo que a queda da desigualdade fosse propagada aos quatro cantos, como forma de disseminar a proeza dele e a mostrar que algo inédito estava acontecendo, visto que os governos anteriores jamais tinham conseguido tamanha proeza.
Acontece que tudo não passou de verdadeiro engodo, porque os pobres não saíram do estado de miserabilidade e serviram de vítima das políticas segregadoras e geradoras de continuada desigualdade social, porém esse fato serviu para alimentar informações indispensáveis ao continuado aumento do prestígio do ex-presidente, que era enaltecido pelos mais pobres, como até hoje tem sido reverenciado como tal, diante do fato de que a renda deles teria realmente aumentado, mas bem menos do que a dos ricos.
Para governo com viés populista não se sabe o que era pior, se enriquecer os mais ricos ou enganar os mais pobres, mas tudo isso aconteceu na gestão petista, cuja máquina de propaganda e publicidade somente disseminava e enaltecia aquilo que lhe fosse conveniente e a queda da desigualdade social se harmonizava perfeitamente com os projetos políticos de absoluta dominação da classe pobre, que certamente haveria os dividendos para o partido do governante, em forma de votos e em quantidade bastante generosa.
O discurso da igualdade social é um dos mais perversos e perniciosos, se não houver melhoria da renda, do emprego e da produção, porque o pobre não precisa da eterna assistência do Estado, sob a forma de Bolsa Família, na tentativa de acabar com a desigualdade social, mas sim de emprego e oportunidade de trabalhar e produzir, como forma de dignificação do ser humano.
Governo competente e capaz precisa entender que o desenvolvimento integrado do país, por meio do aumento da geração de riqueza, é forma indispensável para erradicar a desigualdade social.
Quando os discursos são propagados à exaustão, em forma de enaltecer qualidades inexistentes e falaciosas, com exploração ao extremo de que as desigualdades sociais tinham se estreitado ao máximo, tudo não passava de fantasia e mentira que pareciam muito mais venda de verdade inexistente.
Chega-se à conclusão que forma de enganar, em especial os pobres, com finalidade visivelmente escusas, é a principal arte de governos medíocres, populistas e corruptos, pena que funciona enquanto ele consegue se tornar isso invisível, conquanto a história ensina que inclusão social eficiente e eficaz se faz com educação fundamental de qualidade, incentivo ao trabalho, pesquisas, empreendedorismo, menos impostos, mais planejamento e políticas públicas de investimentos voltadas para prioridades sociais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 15 de setembro de 2017

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