O
comando do Exército brasileiro esclareceu que não vai punir o general que teria
dito, em palestra promovida pela maçonaria, em Brasília, que “seus companheiros do Alto Comando do
Exército” entendem que poderia ser adotada intervenção militar, em caso de
o Poder Judiciário não solucionasse o problema político do país, que se
encontra envolto em verdadeiro mar de lama da corrupção.
O
mencionado comandante, em entrevista a um jornalista da TV Globo, já havia minimizado
as declarações do general, ao dizer que ele não será punido, sob o argumento de
que é necessário contextualizar a fala dele, que se deu em um ambiente fechado,
após ter sido provocado, notadamente porque “Ele (o general) não fala pelo
Alto Comando. Quem fala pelo Alto Comando e pelo Exército sou eu”.
Na
entrevista, o comando Exército disse que “ditadura
nunca é melhor” e que “É preciso
entender o momento na circunstância em que o fato ocorreu, com guerra fria e
polarização ideológica”. Hoje, diz o comandante, “O país tem instituições amadurecidas e um sistema de peso e contrapeso
que dispensa a sociedade de ser tutelada.”.
Ainda
com relação ao general, o comandante do Exército disse que ele é “um grande soldado, uma figura fantástica, um
gauchão.”. E disse que ele inicia a fala, que teria causado essa enorme repercussão,
afirmando que segue as diretrizes do comandante, o que vale dizer que o general
não lidera a tropa.
O
comandante do Exército disse que “E nossa
atuação desde o início das crises, do impeachment, era promover a estabilidade,
pautar sempre pela legalidade, e preservar a legitimidade que o Exército tem.”,
tendo frisado que já conversou com o general, justamente “para colocar as coisas no lugar, mas sem punição.”.
Entrementes,
o ministro da Defesa, evidentemente em face da repercussão negativa sobre o que
disse o general, convocou o comandante do Exército, para pedir explicações sobre
as declarações do general, que teria ficado sabendo que a paz está pacificada
no seio do generalato.
Caso
houvesse qualquer intenção de punir o general, somente por ter falado a verdade
e ainda refletindo a vontade latente de parcela expressiva dos brasileiros, o
Comando do Exército estaria na contramão da história moderna, da verdade e do
desejo extremo da moralização da administração pública, que, apesar dos
clamores das ruas e da população, vem sendo conduzida por homens públicos
envolvidos até a raiz com esquemas e organizações criminosas, conforme as
delações premiadas e denúncias que emergem a todo instante, mostrando o nível
de quem comanda o país e é responsável pelos destinos dos brasileiros.
Seria
o cúmulo revolucionário se punir quem age com dignidade e dar exemplo de
retidão e responsabilidade cívicas, enquanto os criminosos implicadas com processos de investigação sob a
incumbência do Ministério Público Federal, por suspeitas de envolvimento em
graves irregularidades, notadamente em razão do recebimento de propinas
oriundas dos cofres públicos, ficam impunes e ainda tramando, fazendo uso do
seu poder emanado do povo, para impedir que os homens de bem, honestos e
honrados, no pleno usufruto do direito constitucional de se manifestar
livremente, não possam expressar seu sentimento e dizer, em português claro,
que tudo tem limite e essa pouca-vergonha da corrupção precisa ser tolhida e
combatida por meio de duras medidas judiciais cabíveis, na forma do ordenamento
jurídico pátrio e com a devida urgência exigida pela gravidade dos fatos.
Na
verdade, o Comando do Exército apenas disse o óbvio, no sentido de que não vai
haver punição para quem fala a verdade com respaldo no seu direito
constitucional de se expressar livremente e de defender o que é mais sagrada
para os interesses nacionais, que é a imperiosa necessidade de se impor, com
base no primado da Carta Magna, o imediato afastamento do comando da nação dos
homens públicos cujos atos demonstraram incompatibilidade com os princípios da
ética, moralidade, probidade, honestidade, dignidade, entre outros que não
combinam com os conceitos republicanos.
É
óbvio que não se pretende transformar o general em herói nacional, somente por
ele ter dito a verdade em mala direta para os antipatriotas e dilapidadores do
patrimônio público, mas sim de se reconhecer que toda batalha sempre tem causa
justa e a dele, que se alia a de multidão de brasileiros, não poderia ter sido
tão oportuna, nobre e justíssima, por que em defesa dos interesses nacionais, em
momento em que o país passa por graves crises, inclusive de moralidade,
conforme mostram os fatos assombrosos, que são somente invisíveis para aqueles
que ainda defendem as organizações criminosas ou as integram, tendo,
infelizmente, o beneplácito da eterna e crônica morosidade do Poder Judiciário.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de setembro de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário