sexta-feira, 22 de setembro de 2017

A mesma verdade do povo

O comando do Exército brasileiro esclareceu que não vai punir o general que teria dito, em palestra promovida pela maçonaria, em Brasília, que “seus companheiros do Alto Comando do Exército” entendem que poderia ser adotada intervenção militar, em caso de o Poder Judiciário não solucionasse o problema político do país, que se encontra envolto em verdadeiro mar de lama da corrupção.
O mencionado comandante, em entrevista a um jornalista da TV Globo, já havia minimizado as declarações do general, ao dizer que ele não será punido, sob o argumento de que é necessário contextualizar a fala dele, que se deu em um ambiente fechado, após ter sido provocado, notadamente porque “Ele (o general) não fala pelo Alto Comando. Quem fala pelo Alto Comando e pelo Exército sou eu”.
Na entrevista, o comando Exército disse que “ditadura nunca é melhor” e que “É preciso entender o momento na circunstância em que o fato ocorreu, com guerra fria e polarização ideológica”. Hoje, diz o comandante, “O país tem instituições amadurecidas e um sistema de peso e contrapeso que dispensa a sociedade de ser tutelada.”.
Ainda com relação ao general, o comandante do Exército disse que ele é “um grande soldado, uma figura fantástica, um gauchão.”. E disse que ele inicia a fala, que teria causado essa enorme repercussão, afirmando que segue as diretrizes do comandante, o que vale dizer que o general não lidera a tropa.
O comandante do Exército disse que “E nossa atuação desde o início das crises, do impeachment, era promover a estabilidade, pautar sempre pela legalidade, e preservar a legitimidade que o Exército tem.”, tendo frisado que já conversou com o general, justamente “para colocar as coisas no lugar, mas sem punição.”.
Entrementes, o ministro da Defesa, evidentemente em face da repercussão negativa sobre o que disse o general, convocou o comandante do Exército, para pedir explicações sobre as declarações do general, que teria ficado sabendo que a paz está pacificada no seio do generalato.
Caso houvesse qualquer intenção de punir o general, somente por ter falado a verdade e ainda refletindo a vontade latente de parcela expressiva dos brasileiros, o Comando do Exército estaria na contramão da história moderna, da verdade e do desejo extremo da moralização da administração pública, que, apesar dos clamores das ruas e da população, vem sendo conduzida por homens públicos envolvidos até a raiz com esquemas e organizações criminosas, conforme as delações premiadas e denúncias que emergem a todo instante, mostrando o nível de quem comanda o país e é responsável pelos destinos dos brasileiros.
Seria o cúmulo revolucionário se punir quem age com dignidade e dar exemplo de retidão e responsabilidade cívicas, enquanto os criminosos implicadas  com processos de investigação sob a incumbência do Ministério Público Federal, por suspeitas de envolvimento em graves irregularidades, notadamente em razão do recebimento de propinas oriundas dos cofres públicos, ficam impunes e ainda tramando, fazendo uso do seu poder emanado do povo, para impedir que os homens de bem, honestos e honrados, no pleno usufruto do direito constitucional de se manifestar livremente, não possam expressar seu sentimento e dizer, em português claro, que tudo tem limite e essa pouca-vergonha da corrupção precisa ser tolhida e combatida por meio de duras medidas judiciais cabíveis, na forma do ordenamento jurídico pátrio e com a devida urgência exigida pela gravidade dos fatos.
Na verdade, o Comando do Exército apenas disse o óbvio, no sentido de que não vai haver punição para quem fala a verdade com respaldo no seu direito constitucional de se expressar livremente e de defender o que é mais sagrada para os interesses nacionais, que é a imperiosa necessidade de se impor, com base no primado da Carta Magna, o imediato afastamento do comando da nação dos homens públicos cujos atos demonstraram incompatibilidade com os princípios da ética, moralidade, probidade, honestidade, dignidade, entre outros que não combinam com os conceitos republicanos.
É óbvio que não se pretende transformar o general em herói nacional, somente por ele ter dito a verdade em mala direta para os antipatriotas e dilapidadores do patrimônio público, mas sim de se reconhecer que toda batalha sempre tem causa justa e a dele, que se alia a de multidão de brasileiros, não poderia ter sido tão oportuna, nobre e justíssima, por que em defesa dos interesses nacionais, em momento em que o país passa por graves crises, inclusive de moralidade, conforme mostram os fatos assombrosos, que são somente invisíveis para aqueles que ainda defendem as organizações criminosas ou as integram, tendo, infelizmente, o beneplácito da eterna e crônica morosidade do Poder Judiciário. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 22 de setembro de 2017

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