sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Deslustre da estrela

O ex-ministro da Fazenda confirmou, em interrogatório ao juiz da Operação Lava-Jato, que o maior político do país tinha conhecimento da compra de terreno para o Instituto Lula e do imóvel vizinho ao apartamento que ele reside, em São Bernardo do Campo (SP).
O advogado do ex-ministro disse que "Ficou absolutamente claro que esse assunto foi deliberadamente debatido com um colegiado de pessoas. (...) O ex-presidente Lula acompanhou cada passo dessa operação, que culminou com a compra desse imóvel".
Na fase anterior, o Ministério Público Federal chegou à conclusão, com base nas investigações realizadas, de que o político sabia perfeitamente da compra do terreno e do imóvel, referidos acima, e que isso seria vantagem indevida patrocinada pela Odebrecht, em troca de favores prestados pelo político, que ainda se encontrava na Presidência da República.
O Ministério Público apresentou denúncia contra o político ao juiz da Lava-Jato, que a aceitou e o tornou réu, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em razão dos recebimentos indevidos da Construtora Norberto Odebrecht do terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula, avaliado no valor de R$ 12.422.000, cujo imóvel não chegou a ser entregue ao político, por desistência dele, e da cobertura vizinha à sua residência, avaliada no valor de R$ 504 mil.
Ocorre que a referida cobertura, de acordo com a força-tarefa da Lava-Jato, foi adquirida no nome de um laranja amigo de um compadre do político, que negocia com imóveis e, nesse caso, ele teve atuação apenas como testa de ferro do político.
Os procuradores da Lava-Jato asseguram que, na tentativa de dissimular a real propriedade do apartamento, a ex-primeira-dama teria assinado contrato fictício de locação com o suposto proprietário do imóvel, cuja operação foi considerada irregular, diante da ausência de comprovação do pagamento do aluguel, até o momento da constatação da ilicitude.
Os fatos pertinentes às transações envolvendo os referidos imóveis ficaram devidamente esclarecidos com o lúcido, firme e contundente depoimento do ex-ministro ao juiz da Lava-Jato, não restando a menor dúvida sobre a absoluta consistência da denúncia do Ministério Público, reforçando a convicção sobre a prática de irregularidades objeto da ação de que se trata.
Diante desse depoimento, reconhecido bastante convincente, em razão de ter partido de amigo e colaborador direto do ex-presidente, fica nítida impressão de que a reiterada cantilena de homem mais honesto do planeta perde plena credibilidade, justamente porque a lucidez dos fatos conspira, de forma robusta, contra tal afirmação, que não tem a mínima base de sustentação, à luz dos categóricos esclarecimentos vindos à lume, no episódio em apreço. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
       Brasília, em 8 de setembro de 2017

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