O
ex-ministro da Fazenda confirmou, em interrogatório ao juiz da Operação
Lava-Jato, que o maior político do país tinha conhecimento da compra de terreno
para o Instituto Lula e do imóvel vizinho ao apartamento que ele reside, em São
Bernardo do Campo (SP).
O
advogado do ex-ministro disse que "Ficou
absolutamente claro que esse assunto foi deliberadamente debatido com um
colegiado de pessoas. (...) O
ex-presidente Lula acompanhou cada passo dessa operação, que culminou com a
compra desse imóvel".
Na
fase anterior, o Ministério Público Federal chegou à conclusão, com base nas
investigações realizadas, de que o político sabia perfeitamente da compra do terreno
e do imóvel, referidos acima, e que isso seria vantagem indevida patrocinada
pela Odebrecht, em troca de favores prestados pelo político, que ainda se
encontrava na Presidência da República.
O
Ministério Público apresentou denúncia contra o político ao juiz da Lava-Jato,
que a aceitou e o tornou réu, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, em razão dos recebimentos indevidos da Construtora Norberto Odebrecht
do terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula, avaliado no
valor de R$ 12.422.000, cujo imóvel não chegou a ser entregue ao político, por
desistência dele, e da cobertura vizinha à sua residência, avaliada no valor de
R$ 504 mil.
Ocorre
que a referida cobertura, de acordo com a força-tarefa da Lava-Jato, foi
adquirida no nome de um laranja amigo de um compadre do político, que negocia
com imóveis e, nesse caso, ele teve atuação apenas como testa de ferro do
político.
Os
procuradores da Lava-Jato asseguram que, na tentativa de dissimular a real
propriedade do apartamento, a ex-primeira-dama teria assinado contrato fictício
de locação com o suposto proprietário do imóvel, cuja operação foi considerada
irregular, diante da ausência de comprovação do pagamento do aluguel, até o
momento da constatação da ilicitude.
Os fatos pertinentes às transações envolvendo os
referidos imóveis ficaram devidamente esclarecidos com o lúcido, firme e contundente
depoimento do ex-ministro ao juiz da Lava-Jato, não restando a menor dúvida
sobre a absoluta consistência da denúncia do Ministério Público, reforçando a
convicção sobre a prática de irregularidades objeto da ação de que se trata.
Diante desse depoimento, reconhecido bastante convincente, em razão de ter partido de amigo e colaborador direto do ex-presidente, fica
nítida impressão de que a reiterada cantilena de homem mais honesto do planeta perde
plena credibilidade, justamente porque a lucidez dos fatos conspira, de forma
robusta, contra tal afirmação, que não tem a mínima base de sustentação, à luz dos categóricos esclarecimentos vindos à lume, no episódio em apreço. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 8 de setembro de 2017
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