Diante
das repercussões negativas causadas pela manifestação de um general da ativa, o
ministro da Defesa pediu explicações ao comandante do Exército acerca do
episódio.
Na
declaração do oficial general, consta exaltação à possibilidade de intervenção
militar diante da crise enfrentada pelo país, caso a situação não seja
resolvida pelas próprias instituições da República.
Ao
que se sabe, o Exército procura contornar a situação na base da conversa de
alto nível com o general, que tem forte liderança na corporação e goza dos
melhores respeito e prestígio por parte da tropa.
Por
meio de nota, o ministro da Defesa afirmou que também orientou o comandante do
Exército, sem mencionar as medidas, “quanto
às providências a serem tomadas” com relação ao caso.
Ao
tomar conhecimento das colocações do general, o ministro da Defesa relatou o
fato ao presidente do país e avisou que deixou que o comandante do Exército conduzisse
o caso da melhor maneira possível.
Na
maior tranquilidade, o comandante do Exército garantiu ter ouvido as
explicações do general e assegurou que a questão já estava “superada”.
Nos
termos do Regulamento Disciplinar do Exército, o general pode ser punido por
dar declarações de cunho político, sem autorização de seu superior hierárquico,
mas a atitude do comandante do Exército foi interpretada como tentativa de pôr
panos quentes no caso, cuja solução pode não ter sido do agrado do ministro da
Defesa, que certamente esperava manifestação no sentido de que essa forma de
declaração não pode ser tolerada.
É
até possível que, diante da visível pressão política, o general possa ser afastado
da sua função, como medida paliativa, para que seu gesto não sirva de “incentivo” a outras manifestações
semelhantes.
À
toda evidência, o caso é bastante delicado, a exigir exame mais acurado e prudente,
uma vez que há interpretação mais inteligente segundo a qual qualquer punição
ao general poderia implicar o sentimento de solidariedade muito comum nas
Forças Armadas, o que poderia se criar indesejado clima político considerado “desnecessário”, nas circunstâncias. As
informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
O
que o general falou nada mais foi do que transmitir o sentimento dele e de
muitos brasileiros honrados e dignos, civis e militares, que estão
insatisfeitos com os rumos tomados por aqueles que são responsáveis pela
administração suprema da nação, como se ela fosse uma ilha completamente
cercada e dominada por gatunos da pior espécie, que ainda tramam para que seus
crimes fiquem impunes e as chagas da corrupção permaneçam no total
esquecimento, mas sem antes destilarem o sabor amargo da vingança e da
retaliação com medidas ameaçadoras e punitivas àqueles que trabalham nas
investigações e no julgamento dos casos considerados irregulares, em
demonstração de que aqueles que ousaram aplicar, com a devida correção, o
ordenamento jurídico contra a poderosa casta do colarinho branco precisam
aprender que, no país tupiniquim, o crime compensa e eles precisam aprender que
o poder da corrupção é absoluto e inatingível.
É
até possível que o general tenha se precipitado em antecipar o sentimento daqueles
que aspiram a moralização do país, que certamente contam com o apoio de parcela
expressiva da população, que não suporta mais ver prevalecer a disseminação da
vontade maligna de muitos políticos que roubaram, não assumiram seus erros e
ainda pretendem se passar por homens públicos honestos e perseguidos pelos
agentes públicos incumbidos de investigar e julgar os casos inquinados de
irregulares, como se eles fossem os reais culpados pela situação de degeneração
e precariedade impingida à nação com a pujança como o Brasil.
Pode
ter havido assim precipitação por parte do general, que se impacientou com a
morosidade como a Justiça age contra as organizações criminosas que, além de
dilapidarem os cofres públicos, ainda se mantêm tramando no poder ou na sua
periferia, com a finalidade de reconquistá-lo, como forma de continuar se
beneficiando das maravilhosas oportunidades de satisfação de seus projetos
políticos de absoluta dominação das classes política e social e de perenidade
no poder, com a certeza de que as lideranças e seus apoiadores e defensores hão
de merecer as devidas recompensas, por meio de cargos públicos e outras
benesses próprias do patrimonialismo que tem sido generoso em sustentar
quadrilhas organizadas, no dizer do Ministério Público Federal, em sacrifício
dos contribuintes, já lesados pela imposição de pesada carga tributária, que é
considerada uma das maiores do mundo, tendo como contrapartida a prestação de
sofríveis e precários serviços públicos, completamente incompatíveis com as
condições normais a que fazem jus os brasileiros.
Ao
invés de pensar em punição para o general, que disse o que pensa, tanto ele
como parcela significativa dos brasileiros, em absoluta harmonia com o Estado
Democrático de Direito existente em país ainda sem censura e livre para a
manifestação de expressão e pensamento, as autoridades incumbidos da defesa
nacional precisam se preocupar, antes de tudo e de forma efetiva, com o que se
deixou de ser feito para o país se encontrar mergulhado nesse mar pútrido de corrupção
e de impunidade, devendo agir, isto sim, com os maiores esforço e celeridade
possíveis, para que as ideias monstruosas de intimidação às forças que
trabalham pela moralização da administração pública sejam tolhidas na sua origem
e os culpados e envolvidos com a corrupção possam, o quanto antes, ser
condenados por deus crimes e pagar por seus gravíssimos erros, sem a menor
necessidade da intervenção preconizada para o saneamento de questões
extremamente graves e prejudiciais aos interesses nacionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de setembro de 2017
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