Diante da riqueza de detalhes como o “Italiano”
discorreu no seu depoimento, com a revelação de fatos com poder destruidor de
qualquer fortaleza política, militantes e lideranças do PT se convenceram de que
os termos expostos pelo ex-grande amigo do todo-poderoso certamente terão o
condão de devastar, em definitivo, o projeto político do ex-presidente da
República petista de retornar ao Palácio do Planalto.
Embora imbuídos com o propósito de tentar desqualificar
o ex-ministro, em termos pessoais, como não poderia ser diferente, a cúpula petista
chegou a se expressar usando os termos "pá de cal" ou "dureza"
para classificar o momento político do partido, após o depoimento em
referência, tamanho o ferimento causado na consciência daqueles que insistem na
honestidade dos governos petistas.
Em que pesem os transtornos causados diante do forte
e grave conteúdo das declarações em apreço, petistas se ainda armam com
argumentos para tentar desprezar o que eles qualificam de instituto da delação
premiada, sob a alegação de que os delatores estando naquele momento, sob forte
pressão e ainda submetidos ao desgaste da prisão, passam a prestar depoimentos sem
a indispensável consciência de quem se encontra livre e isento de qualquer
constrangimento.
Pelo visto, não é bem assim que funciona o
pensamento do ser humano, levando-se em conta os casos do ex-tesoureiro do
partido, que se encontra preso, e do ex-ministro da Casa Civil, que ficou muito
tempo preso, ambos condenados à prisão, que não se dignaram a denunciar o
ex-presidente nem o seu partido, para se beneficiar da situação de delator, o
que demonstra que cada caso precisa ser considerado de forma isolada e conforme
a consciência de cada um, como na situação peculiar do ex-ministro da Fazenda,
que resolveu simplesmente contar a verdade, esta sim é que deve ser levada em
conta, doa a quem doer.
Em nota, o PT "rechaça as informações" prestadas pelo ex-ministro, afirmando
que "O depoimento se soma a outras
tentativas da Força Tarefa da Lava Jato de tentar incriminar o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, sem apresentação de provas, baseadas apenas em
delações sem valor legal. Fica cada vez mais claro o caráter de perseguição
política movida por setores da Justiça contra o PT".
O PT também alega que o ex-minstro já havia prestado
depoimento e negado todas as acusações, "repetindo a estratégia de outros acusadores como Delcídio do Amaral e
Léo Pinheiro, que voltaram atrás em seus depoimentos buscando a diminuição de
suas penas, depois de permanecerem presos por um longo tempo. Mais uma vez, chama a atenção que essas
acusações sejam feitas às vésperas de um novo depoimento de Lula ao juízo da
13ª Vara Federal de Curitiba".
O partido conclui afirmando que "O PT se solidariza com o ex-presidente Lula,
que nos últimos anos teve sua vida devassada sem que houvesse sido encontrado
qualquer vestígio de enriquecimento pessoal que manchasse sua biografia. O
cerco a Lula se dá em um momento em que ele lidera todas as pesquisas de
opinião para as eleições de 2018 e após o êxito de sua caravana pelo Nordeste".
A
gravidade das denúncias vindas à lume é que elas foram feitas justamente por
quem gozava da intimidade das confidências do petista e era seu autêntico
capataz para a execução das tarefas mais importantes, inclusive com a responsabilidade
de manejar os recursos para a serventia de seus objetivos pessoais e políticos,
conforme descritos por ele.
Agora,
causa perplexidade que o político jurava ser a alma mais honesta do planeta foi
contraditado pela sinceridade e dignidade por quem pode ter dito pouco que tem
conhecimento sobre as monstruosidades perpetradas por ambos, cujos detalhes não
permitem qualquer lacuna de dúvidas sobre os terríveis acontecimentos por eles
protagonizados, que são realmente assustadores e precisam apenas ser apurados e
confirmados pela competente força-tarefa da Lava-Jato, se é que ela já não os
tenha sob o seu poder, ante as investigações já realizadas no submundo dos
governos petistas, se julgarem pelos depoimentos em referência.
Não
se trata de acusação provenientes dos "meninos" do Ministério Público
nem do juiz da Lava-Jato e muito menos da oposição nem da imprensa ou das
elites, todos considerados perseguidores que lutam contra os projetos políticos
do homem público que se acha mais honesto dos mortais, mas, sendo acusação
vinda de dentro de casa, esse argumento pode ter o condão de provocar não
somente simples ruído, mas a completa destruição de quem é considerado o chefe
da organização criminosa que foi capaz de causar um dos maiores rombos nos
cofres públicos, conforme palavras do Ministério Público, que oficiou
recentemente nesse sentido.
Enfim,
até então “eles” estavam sempre conspirando contra o túmulo da honestidade,
mas, agora, a acusação vem de dentro da cozinha do político, partindo de um de entre
“nós”, que logo será objeto de pedido de exame de insanidade, por ter tido a
loucura de dizer a verdade sobre fatos que tiveram a participação direta dele
também, ou seja, o ex-ministro simplesmente enlouqueceu, endoidou, no dizer dos
petistas.
Agora,
não se pode esquecer que, até pouco tempo, o próprio político elogiava o
ex-ministro, ressaltando as suas qualidades como fiel companheiro, inclusive o tratando
como herói, decerto por ele ainda ter se mantido calado, mas, agora, depois que
bateu os dentes, com revelações bombásticas e devassadoras, certamente que ele será
elevado ao patamar dos piores carrascos do homem imaculado e do próprio partido.
Muitos ainda resistem, por não acreditarem em delações sem provas, como
consolo daqueles que acreditam piamente nas afirmações de honestidade, ditas
pelo mais imaculado homem do mundo, também sem apresentar qualquer prova, por minimamente
que seja, mostrando com isso o absurdo do contraditório ideológico, quando os
fatos são, por si sós, simplesmente antagônicos, em termos de validação, no
momento que o juízo de valor passa a prevalecer ou ser aproveitado apenas o
princípio que melhor atenda à conveniência, à mera ideologia pessoal e partidária.
Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de setembro de 2017
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