Logo
após ter prestado depoimento ao juiz responsável pela Operação Lava-Jato, o
maior político brasileiro participou de ato público no Centro da cidade de
Curitiba (PR), onde, do alto de caminhão de som, foi aplaudido e ovacionado
pela militância, que encheu a praça reservada para a manifestação política.
Em
discurso, o político repetiu o mesmo e velho script já conhecido e repleto da costumeira retórica, tendo como
mote o surrado argumento de ser inocente e alvo de manobras das “elites” para impedi-lo de ser candidato,
no próximo ano.
Ele
disse, de forma enfática, que “Eu tenho a
vergonha na cara que eles nunca tiveram” e voltou a afirmar que não há
provas que o incriminem, a par de repisar, de forma categórica que jamais “mentiria para o povo brasileiro”, antes preferindo
a morte a isso.
Foi
exatamente nestes termos que ele se manifestou: “Eu jamais mentiria pra vocês. Eu prefiro a morte a passar uma mentira
ao povo brasileiro. Eu não sei quantos processos eu tenho. Mas quem tem a sede
de Justiça que eu tenho, quem não morreu de fome até completar 5 anos de idade
no Nordeste como eu, não tem medo de nada”.
O
político pediu aos admiradores presentes para não se preocuparem com os
interrogatórios feitos pelo juiz da Lava-Jato, porque “Virei a Curitiba prestar quantos depoimentos forem necessários. Eu não
estou acima da lei, eu quero respeitar a Justiça brasileira, a Constituição...
A única coisa que eu peço é que quem está me acusando tenha a dignidade de
provar”.
Em
conclusão, o ex-presidente disse que “Só
quero que a operação Lava-Jato aqui de Curitiba e não o Ministério Público,
porque é uma instituição que eu respeito, tenha a coragem de dizer: ‘nós não
temos provas contra o Lula’.”.
Ao
agradecer o apoio dos presentes, ele declarou que “Um Lula incomoda muita gente, mas um milhão de Lulinhas, como vocês,
incomodam muito mais. Obrigado”.
Na
verdade, a maior e expressiva mentira do homem público é não ter dignidade para
assumir seus erros na vida pública, como no caso da roubalheira perpetrada na
Petrobras, que foi aparelhada por pessoas da pior qualidade, exatamente por
quem comandava o país, para desviar recursos públicos para partidos políticos,
como demonstram as delações e os resultados das investigações, com a clara
indicação que agremiações se beneficiaram do golpe aplicado à estatal, tendo à
frente o PT, PMDB e PP, principais partidos participantes da aliança formada
pela coalizão de governabilidade liderada por quem garante que não mente, mas
não tem humildade para assumir os fatos que ocorreram justamente na sua gestão,
como se não houvesse responsabilidade a ser assumida por quem tinha a
atribuição de nomear os facínoras incumbidos de protagonizar o mais
extraordinário rombo nos cofres da empresa estatal.
A
mais significativa mentira que o homem público pode praticar é exatamente, na
qualidade de responsável constitucionalmente pelo zelo, pela preservação e
integridade do patrimônio público, mesmo que não tenha participado diretamente
do desvio de recursos públicos, mas a omissão é suficiente para acusar a
responsabilidade, exatamente na hora da prestação de contas sobre seus atos na
vida pública.
A
mentira deformada é se alegar que não sabe de nada, não viu nada e não tem
qualquer responsabilidade pelos acontecimentos deletérios e prejudiciais aos
interesses nacionais, quando se sabe que o presidente do país, nos termos do
ordenamento jurídico pátrio, tem o dever supremo de adotar providências no
sentido de apurar e investigar os fatos denunciados inquinados de irregulares,
como forma de defender a integridade patrimonial dos brasileiros.
Ao
contrário disso, o principal político, mesmo ainda no comando do país, nunca
aceitou que houvesse sequer aquele mixuruca escândalo do mensalão, em
comparação ao astronômico rombo deletério do petrolão, e, diante disso, nenhuma
medida foi adotada por ele para apurar os fatos e punir os responsáveis por
tais roubalheiras, mas se sabe que os envolvidos filiados ao partido são
aplaudidos, em atos públicos, como “heróis do povo brasileiro”, salvo, por
óbvio, aqueles que têm vergonha na cara e defendem a moralização na
administração do país.
A
maior mentira pode não ter sido proferida por meio de palavras, mas ela pode se
manifestar perfeitamente por falta de atitudes altruístas e cívicas de agentes
públicos, em demonstração da dignidade ínsita dos homens públicos, diante de
fatos representativos dos interesses nacionais, à vista da insofismável omissão
nos trágicos episódios retratados pelo mensalão e petrolão, cujos envolvidos
teimam em negá-los, quando deveriam ter humildade e dignidade para assumir os
fatos tais como eles realmente aconteceram, mesmo que isso se transforme em
verdadeiro pesadelo político, que certamente é bem melhor e digno do que ficar
tentando fugir da realidade dos fatos e ainda ser obrigado a carregar
monstruosa mentira para o túmulo. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de setembro de 2017
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