Uma pesquisa promovida por Ipsos sobre a percepção
dos brasileiros, envolvendo 27 figuras públicas proeminentes, revela que quatro
dos principais caciques do PSDB – o senador mineiro, um senador paulista, o
ex-presidente da República tucano e o governador de São Paulo - têm a imagem
mais desgastada que a do ex-presidente da República petista, que, ao contrário
daqueles, é réu em cinco processos e já foi condenado à prisão em um outro.
Enquanto isso, o prefeito tucano de São Paulo está
em situação mais confortável, porque é o político que aparece mais bem colocado
entre os avaliados pela pesquisa, mas, mesmo assim, a sua taxa de desaprovação chega
a 53%, bem maior que a de aprovação, que é de apenas 19%.
Condenado à prisão em um processo e réu em outras
cinco ações relacionadas também à Operação Lava-Jato, o ex-presidente da
República petista é desaprovado por dois terços da população, enquanto a
desaprovação aos caciques tucanos varia entre 73% e 91%, ou seja, o ódio mudou
de lado, nesse caso.
O senador mineiro, que teve 48,4% dos votos na última
eleição presidencial, tem o maior desgaste, cujo desempenho atinge à desaprovação
de nove em cada dez brasileiros - resultado que o coloca em situação de empate
técnico com o presidente do país, que já atingiu 93%, e o ex-deputado e
ex-presidente da Câmara dos Deputados, que chegou aos 91%.
Logo a seguir vem a figura do senador paulista, que
foi ministro de Relações Exteriores, com a má avaliação de 82% da população, enquanto
o ex-presidente tucano e o governador de São Paulo foram desaprovados por 79% e
73%, respectivamente.
A pesquisa não desce a detalhe sobre os motivos da
rejeição aos políticos, mas, no caso do senador mineiro, a desaprovação teve
salto expressivo a partir da acusação, pela Procuradoria Geral da República, do
recebimento de recursos ilícitos do grupo JBS.
Já o senador e o governador paulistas tiveram desaprovação
motivada pelo envolvimento de seus nomes com as delações na Operação Lava-Jato,
onde eles estão sendo investigados por suspeita do recebimento de propina, embora
eles aleguem que suas campanhas sempre foram realizadas em consonância com a
lei, estando dentro da regularidade.
Essa rejeição à classe política precisa refletir
nas urnas, onde os homens públicos devem ser devidamente avaliados, para o fim
da necessária aprovação ou reprovação sobre suas atividades na vida pública,
principalmente no que diz respeito ao quesito pertinente ao atendimento à
satisfação do interesse público, sem mais nem menos, porque convém que os
políticos sejam sempre avaliados, não somente quanto aos aspectos da ética e da
moralidade, mas também com relação ao seu desempenho funcional, com vistas ao
crivo da aprovação ou rejeição à classe política.
A pesquisa em comento revela o quanto o quadro
político ainda está longe de ser definido, por dizer que muitos homens em plena
atividade estão cheios de rejeição sobre o seu desempenho na vida pública e
muitos dos quais respondem a processo ou até mesmo sendo condenado à prisão, o
que demonstra o tanto de incertezas sobre o futuro da política, devido ao
notório desgaste de lideranças de diversos partidos, fato este que possibilita
o surgimento de novos atores no cenário político-eleitoral.
Por seu turno, a pesquisa mostra que o efeito
Operação Lava-Jato contribuiu para revelar o comprometimento dos homens
públicos com relação ao grau da moralidade de seus atos na vida pública e isso é
importante sobre a avaliação do nível de aceitação ou rejeição sobre o seu
desempenho político-administrativo, com abrangência de atuação em todos os
partidos.
Não há dúvida de que o desgaste revelado de alguns
importantes políticos aponta para a necessidade de renovação e reconstrução da
geração de homens públicos, que se ofereçam com a voluntariedade de contribuir
para a construção de ”política nova”, com o propósito de lutar em benefício do
bem comum, exclusivamente em prol do interesse público.
Para
que seja possível a implementação de nova mentalidade na política, conviria que
os partidos sejam extintos e haja a criação de outros poucos, com a obrigação
de serem concentradas neles novas regras de reconstrução diferentemente de tudo
de ruim que já acontece na atualidade, inclusiva de passar a ser dever a fiel
observância aos princípios ideológicos do partido, coisa que nunca aconteceu no
Brasil, onde se escrevem as regras básicas, mas elas são descumpridas, a
exemplo da que diz que os corruptos serão desfiliados ou expulsos, mas não se
tem notícia de nenhum caso concreto, embora os corruptos lotem os partidos.
A pesquisa mostra que os brasileiros estão ávidos
por mudanças e por eliminação da vida pública dos caciques que se
profissionalizaram na política e tiraram enormes proveitos nas funções
exercidas na vida pública, sendo que muitos dos quais sempre acharam que o
patrimônio da nação pertence a eles, em total inversão dos valores e isso
precisa ser passado a limpo, o mais urgentemente possível, para que possa
prevalecer o verdadeiro sentido das atividades político-administrativas, que é
a satisfação do interesse público e do bem comum, como fazem normalmente as
nações sérias, civilizadas e evoluídas político e democraticamente. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 2 de setembro de 2017
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