Aquele
que ainda se considera o maior líder de seu partido, porém com o moral bastante
enfraquecido perante a opinião pública, por força das delações de um de seus
principais aliados, o seu ex-ministro da Fazenda, compareceu à presença do juiz
da Operação Lava-Jato, basicamente para responder perguntas sobre suspeitas de
recebimento de propinas da construtora Odebrecht, mas o seu depoimento serviu também
para criticar a atitude do citado companheiro e o acusar de ser mentiroso.
O
ex-presidente já foi condenado na Lava-Jato por nove anos e seis meses de
prisão, por ter, segundo a sentença, se beneficiado de um tríplex no Guarujá
(São Paulo), ofertado por outra construtora, a OAS, em troca de sua influência para
obter contratos na Petrobras.
O
líder histórico da esquerda brasileira já recorreu, em liberdade, da aludida sentença,
que, se confirmada em segunda instância, o obriga a cumprir a prisão, tendo
como efeito a impugnação da sua candidatura nas próximas eleições.
O
petista atravessa momento de turbulência política, que tem sido afetado por
frequentes acusações sobre práticas de atos irregulares, fato este que ficou
registrado na recente caravana realizada no Nordeste, que é a sua base
eleitoral histórica, mas o fracasso do seu resultado foi registrado por meio de
pífias concentrações, ao contrário do comparecimento em massa que era esperado
por seus organizadores, o que poderia fazê-lo ganhar tutano para enfrentar o
pesado cerco judicial cada vez mais apertado.
No
momento, o petista responde na Justiça, como réu, a cinco denúncias pelos
crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa,
tráfico de influência e tentativa de obstrução da Justiça, que são acusações
incompatíveis com os salutares princípios que devem ser rigorosamente observados
nas atividades públicas, pelo menos nos países sérios, civilizados e evoluídos
político e democraticamente, cujo costume não tem sido muito afeito no país
tupiniquim, onde os homens públicos carregados de processos na Justiça ainda
insistem em candidatura própria e a reclamarem de ser massacrados por ato de
perseguição política, ignorando seus direitos da defesa prévia e do
contraditório, amplamente assegurados na Carta Magna, por meio dos quais os
acusados podem provar a sua inocência, por meio da apresentação de elementos
juridicamente válidos.
Não
obstante, o petista, sem apresentar provas alguma, apenas se declara inocente e
denuncia perseguição política por parte do Ministério Público Federal e da
Justiça Federal, que visa impedir a sua volta ao poder, nas próximas eleições.
A
tênue linha de defesa seguida pelo petista ficou bastante fragilizada e até
fragmentada depois que seu ex-ministro da Fazenda e membro da cúpula do PT
declarou ao juiz da Lava-Jato, em viva voz, que a denúncia em apreço “procede porque os fatos relatados nela são
verdadeiros”, visto que a Odebrecht efetivamente pagou pelo terreno do
Instituto Lula e colocou à disposição de sua família o apartamento em São
Bernardo do Campo, objetos da ação em comento.
O
ex-ministro acrescentou que o petista, às vésperas de passar o poder à sua
herdeira política, fez em 2010, um “pacto
de sangue” entre o PT e a Odebrecht, o que implicava que a construtora
colocaria à disposição do PT 300 milhões de reais.
Tanto
o ex-presidente como o Instituto que difunde seu legado negaram qualquer
irregularidade, mas não foi apresentado qualquer elemento de contestação sobre
as alegações explosivas vindas de seu mais próximo e confidente companheiro.
O
PT apostou, para 2018, todas as suas fichas no ex-presidente, o político com
mais intenções de voto e com um prestígio ainda forte nas regiões que se
beneficiaram de seus programas sociais, onde ainda há bolsões de pobreza e
verdadeiro curral eleitoral, mas ele também figura como o candidato com maior
rejeição entre os possíveis postulantes ao cargo.
O
enfraquecimento da liderança do ex-presidente é notório e dificilmente ele poderá
ser candidato a coisa alguma, diante das graves acusações que pesam sobre seus
ombros, que praticamente são corroboradas pela insipiência das defesas apresentadas,
que não conseguem contestar os fatos denunciados, como os que agora foram revelados
pelo ex-ministro, que são confirmados pelas delações premiadas dos executivos
da Odebrecht, por meio de planilhas e demonstrativos contábeis comprovando os
repasses de propina ao “Italiano” (ex-ministro da Fazenda) e ao “Amigo” (ex-presidente),
cujos fatos são absolutamente incompatíveis com a dignidade e a honorabilidade
ínsitas dos homens públicos, em condições de exercer cargos públicos efetivos
sem o menor questionamento.
Os
brasileiros anseiam por que o ex-presidente consiga comprovar, antes de
qualquer tentativa de candidatura, a sua inculpabilidade com relação aos fatos inquinados
de irregulares, já denunciados na Justiça, principalmente como necessidade de
se mostrar a sua lisura na prática de atos na vida pública, sob pena de não ser
possível qualquer pleito a cargo público eletivo enquanto não houver a devida
expedição, pela Justiça, do nada consta, conquanto esse é o pré-requisito
exigido pelo regramento jurídico aplicável aos pleitos eleitorais, aos quais
somente devem participar aqueles que preencherem os requisitos essenciais
de idoneidade moral e conduta ilibada. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de setembro de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário