segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Situação de degradação

A Venezuela, afundada em terrível crise financeira, conjuminada com o desabastecimento generalizado, está oferecendo gasolina de alta qualidade praticamente de graça a seus cidadãos, na tentativa desesperada de conter as tensões sociais.
O litro da gasolina, sem reajustes há mais de um ano - período em que a inflação superou 750% -, serve como retrato paradoxal do colapso do país, visto que, com o valor equivalendo, pasmem, a US$ 0,01, é possível comprar mais do que um barril do combustível (159 litros), em sua versão mais barata, a que contém chumbo.
Com o valor pago por um cafezinho, um venezuelano pode levar para casa cerca de 3.000 litros do combustível, o suficiente para encher o tanque de um carro de porte médio 60 vezes. Mesmo na versão mais cara (sem chumbo), uma xícara de café é o suficiente para comprar um pouco mais que três barris de gasolina. Até para os padrões venezuelanos, a gasolina nunca teve preços tão baixos.
Um taxista disse que "A inflação é tamanha, e os preços (do combustível) não sobem. Logo não teremos mais como pagar pela gasolina com dinheiro, apenas com cartão" e que ele gasta o equivalente a US$ 0,10 por mês para rodar com seu carro abastecido com gasolina a versão premium (sem chumbo).
O desequilíbrio nos preços é de tal grandeza que qualquer comparação com valores pagos por itens de consumo simples demonstra situação surreal.
Com a crescente escassez de produtos de higiene pessoal, um pacote de fraldas, com 47 unidades, custa o mesmo valor equivalente a 200 mil litros de combustível, com a versão mais barata.
A situação econômica é tão degradante que o salário mínimo naquele país é de cerca de 100 mil bolívares, aos quais são acrescidos outros 130 mil bolívares em uma espécie de tíquete alimentação, cujos valores, transformados pelo câmbio negro, significava pouco menos do que US$ 15 ou o valor aproximado de R$ 50,00.
Um mecânico, ao lavar as mãos (sujas de graxa) com gasolina, disse que "Foi a única coisa boa que nos sobrou (se referindo à crise econômica)".
O mecânico disse que "Um sabonete chinês pequeno, que nada lava, custa quase 3.000 bolívares quando você o encontra. Com esse dinheiro, compramos gasolina para toda a vida aqui.”.
Um economista disse que "Crescemos ouvindo que somos ricos em petróleo, essa cultura da gasolina barata está entranhada, mas nunca chegamos ao estágio em que estamos agora, em que ela é virtualmente gratuita. Ainda assim, se os preços aumentarem, as pessoas vão protestar".
Um ex-diretor da empresa estatal de petróleo da Venezuela disse que "O governo não quer mexer com a gasolina, teme que ela seja o estopim para o fim do seu ciclo como foi para seus opositores. No fim, quem perde somos nós. Só no ano passado a PDVSA usou quase 30% de sua produção e gastou cerca de US$ 5,5 bilhões para dar gasolina quase de graça aos venezuelanos. Isso não faz sentido quando não temos moeda forte para importar remédios ou comida".
O preço irrisório da gasolina na Venezuela mostra completa irresponsabilidade do governo, pela evidência falta de zelo para com o patrimônio do Estado, à vista de ser possível um centavo de dólar, ou seja, aproximadamente R$ 0,35 comprar 159 litros de gasolina, não importando a qualidade dela, porque isso não paga sequer a extração de 1 litro do combustível, ficando claro que o desperdício de esforços e recursos é gritante, que somente ocorre em país sem governo e sem responsabilidade pública.  
Só em pensar que aquele país tinha a admiração e o apoio do governo brasileiro afastado, cujos integrantes do partido a que ele pertencia ainda o simpatizam, conforme manifestação recente da sua presidente, que teve o respaldo da esquerda tupiniquim, a qual defendeu a “democracia” venezuelana, ao afirmar que o seu presidente tem plenas condições de governar aquela nação, pasmem, porque foi eleito democraticamente, como se a eleição de alguém pudesse permitir que o eleito recebesse carta branca do povo para praticar toda forma de barbaridade e insanidade, como vem correndo na Venezuela, que se encontra completamente destroçada sob o comando de tirano cruel, déspota, violento e desumano, conforme mostram os fatos publicados na mídia, além de demonstrar completa incompetência, em termos de administração do país, cuja economia vem sendo gerida de forma absolutamente pueril e irresponsável, a exemplo da gestão do setor petrolífero, em que a gasolina é vendida internamente a preço irrisório e insignificante, para os padrões mundiais.
Causa perplexidade que, em que pese a evidência do caos instalado na Venezuela, os simpatizantes da esquerda brasileira seguirem firmes e entusiasmados com o apoio ao ditador bolivariano, ficando o alerta sobre os terríveis efeitos daquele desgoverno no país tupiniquim, onde, até pouco tempo corria-se sério risco da implantação do trágico regime socialista no Brasil, à vista da execução do único programa executado pelo governo afastado, com predominância para distribuição de renda, por meio de Bolsa Família, como forma de expandir a única mentalidade populista própria daquele regime desgraçado, em detrimento das demais políticas públicas, principalmente das reformas conjuntural e estrutural do Estado, que são essenciais ao desenvolvimento integrado do país.
          Com a crescente exploração e descoberta de novas fontes de energia, inclusive limpas, a Venezuela está fadada, em pouco tempo, a se constituir no país mais pobre do planeta, diante da indiscutível incompetência, ineficiência e irresponsabilidade de seus governantes, que deram as costas para o sistema capitalista, quando abraçou o famigerado sistema socialista, que tem todas as características do atraso, do subdesenvolvimento e da regressão em todos sentidos, com maior destaque para a economia, os direitos humanos e os princípios democráticos.
Convém que os brasileiros, no âmbito do seu dever cívico e patriótico, reajam e fiquem atentos e despertados para não caírem na tentação do discurso demagógico e hipócrita do populista tão bem disseminado por interesseiros e aproveitadores, que não assumem a culpa por suas falhas, exemplo da situação recente, em que se viu a destruição de empresa robusta economicamente como a Petrobras, em nome da defesa da absoluta dominação das classes política e social e da perenidade no poder. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 4 de setembro de 2017

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