terça-feira, 5 de setembro de 2017

Sacrifício inútil

Uma senhora aposentada sai às ruas de São Paulo, com barraca montada e megafone na mão, tendo por propósito pegar assinaturas de transeuntes, para a implementação do seu sonho de conseguir o retorno ao Palácio do Planalto da presidente afastada.
O seu esforço tem sido no sentido de obter adesões ao abaixo-assinado que pede ao Supremo Tribunal Federal a anulação do impeachment da ex-presidente petista.
Além dessa senhora, há outras pessoas empenhadas na volta da ex-presidente à Presidência, a exemplo de grupos como o Movimento Nacional pela Anulação do Impeachment, este integrado por aproximadamente 14 mil seguidores no Facebook, que pedem assinaturas “pró-Dilma”.
Por enquanto, já foram contabilizadas apenas 25 mil assinaturas, bem longe de 1,5 milhão necessárias na Câmara dos Deputados, para validar projeto de iniciativa popular nessa Casa, que não encontra paralelo de mecanismo com relação ao Supremo.
A militante petista disse que acredita que a sua atitude "É mais um gesto simbólico, para pressionar os ministros (do Supremo). Mas o número ainda vai crescer. Tem muita gente coletando e mandando.".
Um professor se aproxima dela e lhe entrega um envelope com 350 nomes e ela, como que agradecendo, festeja com pulinhos e diz: "A gente sente que não é uma luta solitária. Não perco o pique. A volta da Dilma é a única forma de reinstalar a democracia.".
A petista disse que "Eu poderia estar viajando o mundo. Mas estou na rua porque acho que a Dilma foi injustiçada.".
A militante disse que só não ousou pedir assinaturas aos vizinhos de seu prédio, que fica em área nobre da capital, "Mas de funcionários consegui.".
Na sua persistência, a ativista política já conseguiu a assinatura do ex-presidente da República petista e de outras lideranças do PT, tendo sido recebida pela própria ex-presidente, que agradeceu pela iniciativa, mas, por "óbvio que não assinou. Ela é muito democrata, né?".
Por vislumbrar pouquíssimas chances de êxito, em termo de peso e influência, numa eventual anulação do impeachment, o próprio PT evitou, até o momento, entrar com empenho na mobilização iniciada pela petista, que já moveu ação ao Supremo, por meio de advogados, com essa finalidade.
Ela explicou que militantes do partido agora defendem outra causa, conforme explica: "Eu gritava 'volta, Dilma' e eles diziam: a pauta é outra. É 'fora, Temer', é 'diretas já'. Tem muito antidilmismo dentro do PT.".
A militante disse que, em que pese ter feito da coleta uma missão, não tem interesse em atrair protagonismo, mas entende que a sua mania de liderança despertou ciumeira no movimento e hoje se declara independente, ou seja, praticamente luta sozinha, evidentemente por causa que nem ela acredita em êxito.
Chega a ser risível a forma como a militante se dedica ao seu trabalho, tendo como objetivo, como ela disse, que “A volta da Dilma é a única forma de reinstalar a democracia.", como se esta somente existisse na gestão petista, em completo despreza, porte dela, à avaliação ao que é de suma importância para a nação, no que se refere à absurda, prejudicial e deletéria forma da administração do país, que foi verdadeiro desastre para os interesses dos brasileiros, que passaram por enormes dificuldades, no embalo das crises social, econômica, política, administrativa e das precariedades do descrédito da governabilidade, que se encaminhava para o completo caos e ainda vem com essa história de reinstalar a democracia?
O esforço da solitária petista é o retrato fiel de que a ex-presidente deixou pouquíssimos simpatizantes desejosos no seu retorno ao cargo que foi ocupado, mesmo com muito esforço, com o extremo da incompetência e da ineficiência, principalmente no que diz respeito aos aspectos da economia, que nunca esteve em mãos tão despreparadas para contornar dificuldades, que se intensificam à medida que se tentavam novas experiências, quando as atrapalhadas se potencializavam, demonstrando pouca habilidade intelectual, limitação e incapacidade para o exercício do principal cargo da República.
Os fatos mostram que os marqueteiros da campanha eleitoral da petista conseguiram vender a imagem de pessoa com competência, mas ela se revelou completamente incompatível com as condições necessárias à condução dos destinos da nação com as potencialidades do Brasil, dando a impressão de que houve realmente manipulação de parcela significativa dos brasileiros, que votou nela com base nas mentiras disseminadas de que a economia se encontrava às mil maravilhas, quando os rombos das contas públicas já eram astronômicos.
No Estado Democrático de Direito, é compreensível que as pessoas, de forma democrática, possam exercer seus direitos políticos e defender seu pensamento ideológico, mas convém que seu esforço não sirva para afetar os interesses nacionais, como no caso em comento, em que a militante luta pelo retorno de ex-presidente que se tornou símbolo maior dos rombos orçamentários, da recessão econômica e de todas as perversidades que isso acarreta, além de nada ter feito para impedir a corrupção monstruosa que tragou a saúde econômico-financeira da Petrobras, tudo em extremo detrimento dos interesses nacionais, dando a entender que, quanto pior, melhor para quem tem pensamento e ideologia políticos que somente enxerga interesses pessoais e partidários, em prejuízo das causas nacionais e do resto dos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 5 de setembro de 2017

Nenhum comentário:

Postar um comentário